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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - ANAFRE, pela voz de Joaquim Cândido Leite Moreira.

Fora de Série

"Mas o sucesso não é assim tão evidente para todos os indicadores. Por exemplo, não é fácil publicar artigos em revistas sobre soluções aparentemente simples, que parecem não fazer avançar o estado da arte. Essa era uma conversa que dava pano para mangas!" Ângelo Martins

A Vós a Razão

"Acabadinho de aterrar no planeta INESC Porto, eis que surge o convite para escrever algo sobre as minhas primeiras impressões em relação a este planeta. Tarefa difícil? (...)" André Sá

Asneira Livre

"Aposta que yá bos apercebistes, mas tengo ua maneira meio stranha de screbir. Podeis star a pensar que nun sei escrebir Portués dreito (...) mas la berbade yê que bos stou a screbir an Mirandés (...)". José Luís Meirinhos

Galeria do Insólito

"Chegou à Direção do INESC Porto (DIP) uma anormalidade que faria o próprio Max Webber dar voltas no caixão e amaldiçoar o belo dia em que se lembrou da “Teoria da Burocracia”. Não é que recebemos uma nota de pagamento relativa ao processo de uma patente no valor de… 0,00€?! Não há engano, é ZERO mesmo"...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

Desafio é evoluir sem perder o DNA original

Crescimento da instituição e adesão de novos grupos ditam mudança no INESC Porto LA

1. “Três necessidades, três virtudes e quatro vias” pautam o projeto de crescimento sustentado do INESC Porto LA (Laboratório Associado) em 2011. Em que consiste esta visão, e de que forma vai contribuir para a conquista dos objetivos do INESC Porto LA ao longo deste ano?

Esta frase poderá parecer o título de uma parábola nascida da sabedoria oriental, mas o propósito é arrumar de forma percetível os elementos que irão determinar a nossa evolução em 2011. Ao escolher esta organização para a explicitação desses elementos, pretendemos a um tempo partilhar a nossa visão com todos os stakeholders do INESC Porto LA e ainda comprometermo-nos com uma atuação coerente com uma estratégia clara. Os detalhes estão todos no Plano e Orçamento para 2011, disponível na intranet, documento que não se limita a propor, atividades, projetos e metas em termos científicos, dos recursos humanos e na vertente económico-financeira. O Plano é um instrumento que explicita a estratégia, define objetivos e suporta a gestão e o controlo, sendo portanto fundamental para a condução da instituição.

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2. Qual destas linhas de orientação irá colocar mais desafios ao INESC Porto LA?

Apesar das fortes condicionantes externas – crise económica, novo modelo fundacional da UP, regras do QREN, renovação do contrato de LA, etc. – na minha opinião o grande desafio é do foro interno: repensar a estrutura e redefinir o modelo de gestão, sem esquecer diversas medidas de “melhoria contínua”, e abrir caminho para a emergência dos futuros responsáveis e líderes da instituição.

O modelo de organização e gestão do INESC Porto resultou de um aperfeiçoamento contextualizado do modelo INESC dos anos 80 e 90 e é um dos suportes do sucesso da instituição. O (enorme) desafio agora é fazê-lo evoluir, mantendo o DNA original e consolidando os seus fatores diferenciadores, para poder responder aos desafios colocados: pelo crescimento da instituição, pelo novo modelo do LA e adesão de novos grupos, pela internacionalização, pelos programas de parceria internacional com o MIT, CMU e UTAustin, etc..

O encontro do Luso e a discussão nele promovida em torno de cinco temas da maior importância para a instituição permitiram envolver os colaboradores do INESC Porto numa reflexão estratégica cujo desfecho nos irá certamente ajudar neste desafio. Numa outra perspetiva, o Scientific Advisory Board, com a sua visão externa, internacional, independente e avaliadora, trará certamente uma outra contribuição de enorme relevo. Finalmente, a perspetiva e o empenhamento dos associados, para os quais o INESC Porto é instrumento estratégico de atuação, completa o leque de contributos de que dispomos para enfrentar este desafio maior.

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3. Um dos objetivos enunciados neste Plano para 2011 passa por diversificar as fontes de rendimento e de financiamento, nomeadamente através do reforço da vertente de serviços diretos de I&D e da diversificação de mercados. A Direção do INESC Porto (DIP) vê nesta diversificação um caminho para assegurar a sustentabilidade económica e financeira do INESC Porto?              

O INESC Porto desenvolve, organizadas em projetos, as diferentes atividades de uma cadeia de valor: investigação, desenvolvimento de tecnologia e transferência e valorização de conhecimento/tecnologia. A montante nesta cadeia de valor produz-se ciência e formam-se recursos humanos altamente qualificados, bens relevantes de interesse público, e por isso o financiamento dessas atividades é suportado sobretudo através de investimento público. A jusante há um forte interesse das empresas para se apropriar, de forma exclusiva ou não, do novo conhecimento e da tecnologia que, para elas, poderá significar diferenciação de produtos, processos ou serviços e competitividade acrescida no mercado.

Dependendo da maturidade da tecnologia ou do conhecimento transferidos e da exclusividade da apropriação, o financiamento dessas atividades – projetos de I&D cooperativa, I&D por contracto, consultoria especializada ou simples licenciamento – é feito por fundos públicos e privados ou exclusivamente através de fundos privados.

No modelo de financiamento do INESC Porto aparecem, pois, a montante a FCT, financiando projetos de I&D de cariz mais fundamental, e a jusante as empresas, contratando trabalho de I&D aplicado, em exclusivo e numa fase pré-competitiva. Os projetos em consórcio financiados pelo QREN ou pelo 7.º PQ da EU, nos quais os fundos públicos partilham o risco do investimento das empresas no desenvolvimento de tecnologia, permitem ganhar massa crítica, desenvolver e testar tecnologia, internacionalizar e progressivamente demonstrar a relevância das linhas de investigação, contribuindo para ultrapassar o denominado “vale da morte”, o fosso inicial entre ciência fundamental e aplicação tecnológica relevante.

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Como só a produção científica de qualidade permite gerar potencial de valorização, um modelo de financiamento globalmente equilibrado é condição imperativa para o posicionamento singular do INESC Porto - fazer I&D socialmente relevante e com potencial impacto económico.

Este equilíbrio não é fácil, sobretudo tendo em conta a instabilidade decorrente dos ciclos políticos e económicos, que determinam os instrumentos de financiamento público nacionais e europeus e a disponibilidade/necessidade das empresas para investir em I&D. Mas, não sendo fácil, este é um equilíbrio imprescindível para a sustentabilidade da instituição e para a eficiência e eficácia na utilização dos recursos que consegue obter para cumprir a sua missão.

Na atual fase de crescimento da instituição INESC Porto e do Laboratório Associado, crescimento esse em contraciclo desde 2008, é imperioso manter o equilíbrio económico-financeiro e, se possível, diminuir a dependência dos financiamentos nacionais através do aumento das receitas obtidas através de contratos diretos com empresas e do reforço das fontes de financiamento internacionais: projetos europeus e, sobretudo, contratos de I&D e consultoria com empresas internacionais. Para além do equilíbrio financeiro, isso significará uma (ainda maior) relevância empresarial do nosso trabalho e, a par com o reconhecimento internacional em muitas áreas científicas, a demonstração que, em diversas áreas, somos também capazes de exportar know-how e tecnologia no mercado internacional.

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4. Em 2010 o Orçamento atingiu a marca dos 10 milhões de Euros. Vamos voltar a bater um record em 2011 e contrariar as estatísticas? Quais são as previsões e qual a sua avaliação do Orçamento para 2011? E um Orçamento de 12,5 milhões de Euros, em ano de crise, não é um risco excessivo?

O INESC Porto praticamente duplicou de dimensão nos últimos cinco anos, mas não deve, não pode haver qualquer obsessão por records. O crescimento resulta da estratégia seguida e claramente explicitada e é facilmente explicável e justificável: aumento de atividade em diversas áreas em que as nossas competências se afirmaram claramente; atração de investigadores e grupos de I&D de qualidade pela nossa missão, pelo nosso posicionamento e pelo nosso modelo de organização da investigação; market-pull muito significativo em diversas áreas; etc..

O que é importante e crítico é que este crescimento seja sustentável e corresponda a um alinhamento estratégico de atividades, consolidando massas críticas que permitam responder melhor aos múltiplos desafios que se nos colocaram: participação nos diferentes Programas de Parceria Internacional com o MIT, a CMU e a UTAustin; fortíssimo envolvimento nos Pólos e Clusters de Competitividade e Tecnologia; lançamento do INESC P&D no Brasil em parceria com universidades brasileiras de referência; lançamento de 10 empresas spin-off valorizando conhecimento e tecnologia que desenvolvemos em projetos de I&D; etc.

Sabendo que o aumento de dimensão levaria, inevitavelmente a um aumento dos riscos nas vertentes económica e financeira, de produção científica, de controlo dos projetos, de gestão de equipas, etc., foram afinados os mecanismos de informação e gestão e melhorados os procedimentos de orçamentação e controlo. É preciso ter presente que o INESC Porto tem a dimensão de uma média empresa e que os “acionistas” dessa empresa, os nossos associados, têm o direito de exigir uma gestão exemplar e “sem desculpas”.

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Por tudo isto - e ainda preventivamente num ano de incerteza acrescida - o orçamento de 2011 foi elaborado com (ainda) maior rigor e (ainda) mais cuidada avaliação do risco, sendo que cerca de 90% dos proveitos previstos estão contratualmente garantidos desde o início do ano.

5. O grupo ROBIS, que integrou o INESC Porto em 2009, cresce para se tornar uma Unidade, a qual vai ser composta por investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Qual o balanço que faz da integração do ROBIS no INESC Porto?

A integração do ROBIS foi um notável caso de sucesso, em diversas vertentes: projetos, produção científica, contratos com empresas, etc. Os méritos são devidos a pessoas de um lado (grupo acolhido) e de outro (instituição de acolhimento) que foram capazes, rápidos e seguros na construção de projetos muitíssimo interessantes e no estabelecimento de pontes de cooperação entre o ROBIS e outras unidades e grupos do LA, alinhando estratégias e colocando sempre à frente os interesses conjuntos e o espírito de equipa. É de realçar, porém, que tal não teria sido possível se não existisse desde início uma elevada confiança pessoal entre os responsáveis de um e outro lado, confiança esta desenvolvida na FEUP em tarefas docentes, ao longo de muitos anos.

O reconhecido sucesso e a confiança adquirida encorajam-nos agora a fazer crescer o ROBIS através da fusão com o grupo do Laboratório de Sistemas Autónomos (LAS) do ISEP, com o qual existe uma muito grande afinidade, quer em termos de áreas científicas quer em competências de engenharia, transformando-se o ROBIS numa Unidade do INESC Porto. O nascimento desta Unidade tem sido apadrinhado no ISEP ao mais alto nível. Promissor é o facto de, mesmo sem necessidade de formalização desta ligação, haver já projetos comuns em curso, nomeadamente no Brasil. Estando este processo ainda no início certamente vai haver dificuldades a vencer, mas a confiança é elevada. Estes processos têm de ser acompanhados e geridos, trazendo vantagens e benefícios para os investigadores e para as instituições, neste caso e para além do INESC Porto, a FEUP e o ISEP.

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6. Está também prevista para 2011 a entrada de um novo grupo para o Laboratório Associado, o CISTER, que atualmente está integrado no ISEP. Como surgiu esta oportunidade e quais as mais-valias que pode trazer para o INESC Porto?

Em resultado da política do MCTES de combater a fragmentação dos grupos e unidades de I&D e de estimular a excelência científica através da criação de massas críticas em áreas do saber de elevada importância para o país, emergiu e foi-se consolidando durante a década 2000-2010 uma nova realidade: a rede dos Laboratórios Associados (LAs).

As vantagens oferecidas pelo modelo dos LAs aos investigadores, às instituições do ensino superior que os acolhem e à FCT e ao MCTES foram-se tornando óbvias, sendo natural que fossem surgindo pedidos de adesão a LAs por parte de investigadores individuais e Unidades de I&D reconhecidas e avaliadas pela FCT. As adesões do LIAAD, CRACS e UGEI enquadram-se nesta perspetiva e é também nessa perspetiva que se enquadram as adesões do CISTER (Unidade de I&D reconhecida pela FCT e avaliada com a classificação de Excelente) e do HASLab, grupo da Universidade do Minho cujo estatuto será no imediato, pelo facto de não ser uma Unidade de I&D avaliada pela FCT, o de um parceria privilegiada.

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7. Com o crescimento do ROBIS e com a entrada do CISTER, o INESC Porto LA vai passar a integrar mais de 500 investigadores, um número que ultrapassa o de muitas Universidades. Um número tão expressivo deixa-o orgulhoso ou, pelo contrário, receia que este crescimento exponencial dite uma inevitável perda de qualidade?

Em primeiro lugar, repito que não há nenhuma obsessão com o crescimento do INESC Porto e do LA. E o orgulho será apenas a satisfação pelo dever cumprido. É o mesmo orgulho que devem sentir todos os colaboradores do INESC Porto e do LA, porque significa que há muitos investigadores, bolseiros, etc. que partilham os nossos ideais, que acham relevantes a missão e o posicionamento da instituição, que se sentem confortáveis com o seu modelo de governação, que se identificam com o que cá se faz e que contribuem no dia a dia com o seu empenho, a sua criatividade, o seu talento e a sua capacidade pessoal para o sucesso dos projetos, dos grupos e unidades.

Manter elevados níveis de qualidade enquanto se cresce rapidamente é um enorme desafio, para ser muito sincero. É mais fácil manter um pequeno grupo excelente: basta apertar os critérios de acesso. Mas uma elite muito diminuta e totalmente homogénea dificilmente é capaz de produzir resultados com impacto, pelo menos segundo o nosso conceito: fazer investigação socialmente relevante e com potencial de valorização económica. Para criar a massa crítica suficiente é necessário crescer, reforçando competências críticas em áreas científicas nucleares mas também associando à investigação capacidades de desenvolvimento de tecnologia e de engenharia. Crescer para o dobro numa dada área, procurando relevância e impacto, não é ter o dobro dos investigadores dedicados a essa área científica. É consolidar um grupo de investigadores doutorados, mas formando equipa com pessoal contratado com funções de engenharia, gestão de projeto, etc., e com bolseiros em formação através de atividades de investigação.

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8. Gostaríamos de o convidar a deixar uma mensagem de Ano Novo a todos os inesquianos, nomeadamente sobre os desafios que 2011 nos irá colocar e as expectativas que a instituição tem para os seus colaboradores.

Com o empenhamento de todos, e só com o empenhamento de todos, será possível ultrapassar as dificuldades que vão aparecer pelo caminho e dar passos claros para alcançar os objetivos a que nos propusemos: construir uma instituição sustentável, baseada num modelo inovador de organização das atividades de I&D e de valorização do conhecimento, que seja capaz de dar um contributo efetivo para a transformação do tecido económico e social do país e para alavancar os seus recursos e competências, questão definitivamente fundamental nos tempos que correm.

Se conseguirmos isso, aí sim, haverá razões para nos sentirmos orgulhosos, pois fomos capazes de devolver à sociedade, com juros acrescidos, tudo aquilo que ela investiu em nós.