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"Se tivesse mais 20 anos, o título deste texto poderia facilmente ser 'A voz da razão'...”, Manuel Eduardo Correia

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"Agora chegou o momento de continuar a minha jornada e aceitar novos desafios, mas não poderia fazê-lo sem agradecer a todos os meus colegas e amigos", Lília Araújo

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SABEDORIA E TERRA QUEIMADA

Estamos perante o perigo da terra queimada. Não o menosprezemos.

Os portugueses, mas não serão os únicos, sofrem do inevitável tropismo pela solução miraculosa: creem no apó mēchanēs theós, a intervenção mágica e mirabolante que resolve o drama.

Mas o deus ex machina não tem memória, nem pode ter: de outra forma, hesitaria, aproveitaria a experiência, ponderaria os efeitos, aproveitaria o conselho e proporia intervenções incrementais. Ora o que o desejo fundo do instinto lhe sugere é o contrário disto: salvador providencial, solução miraculosa e terra queimada no restante.

A motivação encontra duas razões poderosas e não opostas necessariamente: o interesse e a ignorância. Das duas, é a última a mais nefasta e perigosa. Pois com o interesse, uma vez detetado, se pode negociar e chegar a compromisso – mas com a ignorância não.

Com o INESC Porto e agora o INESC TEC, levámos décadas a demonstrar a importância de uma política de gestão, para que a ciência em Portugal frutificasse. A nossa experiência é evidenciada pelos nossos resultados – mas temos que ser prudentes no exibir dos argumentos.

Atribui-se a Aristóteles o epigrama laudare se vani, vituperare stulti, e não queremos cair em nenhum dos vícios: nem no vão autoelogio nem na estulta autodepreciação. Mas pensamos ter legitimidade para afirmar que Portugal continua a necessitar, mais do que excelência na ciência, de excelência na gestão da ciência.

Por isso, temos o dever patriótico de contrariar a ideia de que se podem dispensar as instituições e o seu poder regulador e de mobilização estratégica.

Acreditar que basta dar dinheiro aos cientistas, aos indivíduos, para que o sistema científico se organize, se estruture, é terra queimada sobre um lento acumular de sabedoria que se consolidou a duras penas.

Alguns periféricos, dos que não conseguiam o que pretendiam quando tinham que prestar contas a alguma organização, esperam agora poder contar com algum amigo para que recebam o que antes não conseguiam. Por isso, vocalizam o seu desejo de "nova política", quando o que pretendem é política nenhuma, e anunciam a solução mágica – pessoas e não organizações – porque contam que a magia lhes pagará portagem.

Quando se desorganiza um sistema, há sempre quem beneficie na confusão dos despojos e não pelas melhores razões.

  

P.S.

Quosque tandem abutere, QREN, patientia nostra?

Delenda est buroQREN.

 

[Qvosque tandem abvtere, Catilina, patientia nostra? (Cícero, Oração I contra Catilina: Até quando abusarás, Catilina, da nossa paciência?)

Delenda est Cartagho (Catão o Velho, no fim de cada discurso: Cartago deve ser destruída)]

 

Créditos da Foto - Flickr (DR)