Cidades Inteligentes

INESC TEC Science Bits – Episódio 2

PODCAST INESC TEC Science Bits (Duração: 23:35 — 32MB)

Oradores Convidados:

David Rua, Centro de Sistemas de Energia

Fábio Coelho, Laboratório de Software Confiável

Palavras-chave: Cidades Inteligentes | Redes Inteligentes | Gestão de Energia | Produção de Energia Renovável | Eficiência Energética | Mobilidade Elétrica | Digitalização | Interoperabilidade | IoT | Big Data | Privacidade de Dados | Cibersegurança

RESUMO

– “Cidades inteligentes”: um conceito amplo

Atualmente, a forma como percecionamos as cidades inteligentes baseia-se no uso de plataformas digitais e ferramentas TIC para responder a diversas necessidades de interconexão. Ao recorrer a diferentes Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), dispositivos e sistemas, é possível implementar nas cidades diferentes esquemas de deteção e plataformas de controlo – nomeadamente, em infraestruturas já existentes.

– Futuro vs. Passado: a digitalização das cidades não deve interferir na arquitetura dos edifícios históricos

O Centro Histórico de Évora é considerado Património Mundial pela UNESCO; nesse sentido, existem várias restrições à integração de certas soluções utilizadas em outras cidades – por exemplo, a instalação de painéis fotovoltaicos ou de soluções de isolamento em edifícios, com vista à sua eficiência energética. Tais restrições levantam vários desafios, pelo que devemos pensar em novas maneiras de introduzir essas soluções e, acima de tudo, procurar abordagens que melhor se adaptem a este tipo de locais. Neste sentido, se conseguirmos alcançar os nossos objetivos em contextos tão exigentes como o Centro Histórico de Évora, torna-se mais fácil fazê-lo em outras cidades.

– “Big Data”, “Blockchain”, “Cloud”: conceitos que visam promover usuários mais inteligentes e configurações de IoT

Ao mencionar conceitos como “Big Data”, “Blockchain” e “Cloud”, estamos, na verdade, a referir-nos a sistemas distribuídos, o principal elemento do trabalho que estamos a desenvolver. No que diz respeito às cidades inteligentes, focamo-nos principalmente no facto de, hoje em dia, existir um conjunto significativo de dispositivos de controlo doméstico, que recolhem dados e realizam ações. Todos eles fazem parte da rede de distribuição elétrica, mas também de uma rede de TIC. Neste sentido, as configurações de IoT apresentam uma grande variedade de casos de uso e outros fatores que pretendemos melhorar, no âmbito das cidades inteligentes.

– Interoperabilidade: um recurso essencial para melhorar a qualidade de vida das pessoas

A interoperabilidade é um dos principais que recursos que estamos a desenvolver, nomeadamente como componente transversal nos sistemas de TIC. A conectividade interoperável entre dispositivos, sistemas e usuários finais, no contexto de cidades inteligentes, é crucial para alcançar diferentes objetivos. O mais importante desses objetivos é melhorar a qualidade de vida das pessoas; é essencial sensibilizar a população para os benefícios da digitalização, especialmente nos dias que correm, uma vez que a maioria de nós está em teletrabalho, recorrendo a tecnologias que nos apoiam e ajudam a melhorar o nosso modo de vida. Além disso, procuramos uma maneira mais eficiente de consumir energia, dado que esse consumo tem vindo a aumentar gradualmente; portanto, é necessário trabalhar ainda mais para encontrar soluções inteligentes que nos ajudem a lidar com esse problema, tornando-nos mais eficientes. É neste sentido que todas estas soluções e avanços ganham particular relevância.

– Proteção de dados e cibersegurança: o preço que estamos dispostos a pagar quando falamos sobre plataformas de TIC e redes sociais

É crucial que todas as pessoas saibam de que forma os seus dados estão a ser utilizados. No nosso caso, e apesar de o nosso trabalho incidir em projetos desenvolvidos para acelerar o uso de dados nas plataformas de TIC, um dos nossos objetivos é garantir que os usuários estão cientes desse processo. Temos vindo a trabalhar nesse sentido, de forma a garantir que as pessoas têm total capacidade para controlar a utilização dos seus dados, capacitando-as para tomar as melhores decisões. Estes elementos são particularmente importantes em projetos transversais, mas também em todo o trabalho desenvolvido nesta área – nomeadamente, no que diz respeito às redes, infraestruturas consideradas vitais. Nesse sentido, e tendo em conta que se tratam de infraestruturas importantes, essa questão torna-se ainda mais premente

– Eficiência energética através das TIC

Desenvolvemos várias soluções relacionadas com o uso de fontes de energia renovável, aumentando a eficiência energética em geral, tanto em termos de redes, como de edifícios – mais especificamente, no âmbito das cidades inteligentes e da integração de edifícios inteligentes. A título de exemplo, os inversores bidirecionais inteligentes i.e. sistemas capazes de acomodar painéis fotovoltaicos para a produção local de energia renovável – aliando essa mesma produção ao armazenamento local -, e que se adaptam a diferentes edifícios e condições operacionais da rede. Por outras palavras, o mesmo sistema recolhe a energia dos painéis fotovoltaicos instalados nos telhados, e armazena-a em baterias ou outros dispositivos de armazenamento de energia (e.g. armazenamento térmico). Além disso, o nosso trabalho foca-se também em outros aspetos importantes, como a integração e utilização de sistemas de gestão de energia doméstica – hardware e software que facilitam esse processo de digitalização (por exemplo, aplicações que ajudam o consumidor final a gerir, de forma mais eficiente, o consumo de energia em sua casa).

– Soluções inteligentes para desafios globais

Mesmo nas circunstâncias atuais, as cidades inteligentes continuam a disponibilizar plataformas que utilizamos quase diariamente, como as aplicações para videoconferência ou outros aplicativos móveis para executar diferentes tarefas. O poder para realizar tarefas comuns e recorrentes, como pagamentos eletrónicos, está, literalmente, nas nossas mãos. Muitas pessoas já recorriam a essas plataformas anteriormente, mas devido à situação atual, onde estamos muito mais limitados e restritos, torna-se ainda mais importante valorizar essas ferramentas, pois elas permitem-nos “deslocar” entre diferentes locais e ter acesso a serviços descentralizados.