Tecnologia e Psicologia

INESC TEC Science Bits – Episódio 9

PODCAST INESC TEC Science Bits

 

Oradores convidados:

Duarte Dias, Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER)

Susana Rodrigues, Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER)

 

Palavras-chave: tecnologia | psicologia | teletrabalho | stress | saúde

 

Duarte Dias e Susana Rodrigues

Teletrabalho significa literalmente trabalho remoto, trabalho à distância, realizado fora da empresa através das tecnologias de informação. Essa situação delicada, que invadiu Portugal em março de 2020, traz inevitavelmente novos desafios, uma vez que as fronteiras entre a vida profissional e a pessoal podem se confundir e criar um conjunto de dificuldades psicológicas para os indivíduos.

A necessidade de combater o stress e ajudar os trabalhadores com sua motivação torna-se essencial, e a tecnologia pode contribuir para apoiar essa nova realidade condicionada, mais ainda se combinada com a área da psicologia.

Gestão de stress em situações stressantes

Uma das principais linhas de pesquisa do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) designa-se de quantified occupational health (saúde ocupacional quantificada), onde o objetivo consiste em utilizar plataformas e dispositivos wearable que permitem monitorizar de forma objetiva a saúde ocupacional, e entender de forma mais clara e quantificada processos como o stress e a fadiga dos profissionais. Esta linha de investigação começou com o projeto VR2Market, alargando o seu âmbito através de outros projetos como o NanoSTIMA e o PERFECT.

Nestes projetos, o resultado passou por desenvolver um sistema tecnológico de saúde ocupacional quantificada, que, através de um dispositivo vestível, como um adesivo que se pode colar na pele, recolhe dados fisiológicos do indivíduo e envia para uma aplicação móvel, que os agrega e armazena num servidor central, também desenvolvido no INESC TEC. Esse servidor permite ter um painel para visualizar e processar todos os dados, com vista a calcular e quantificar indicadores de saúde que estão relacionados principalmente com o stress.

Um dos protótipos desenvolvidos acabou numa metodologia, nova e patenteada, de extração do traçado de ECG, produzida no âmbito do projeto WeSENSS. Esta tecnologia consiste num sistema que monitoriza sinais vitais através de um sensor fisiológico colado na pele. Desta forma, seria possível adaptar o sistema de forma a poder acompanhar pessoas em teletrabalho, por exemplo, alertando para situação de elevado stress ou fadiga que pudesse não ser detetada de imediato.

Self monitoring ou auto-monitorização

Um facto é que o teletrabalho está a causar um stress adicional em muitos trabalhadores, pelos mais variados motivos, e a tecnologia, alicerçada, à Psicologia, pode fornecer ferramentas para ajudar essas pessoas.

Em tempos de pandemia, torna-se fundamental investirmos em nós próprios, estarmos atentos aos sinais, para podermos rapidamente investir quando algo não está bem. No entanto, esta falta de awareness pode tornar essa tarefa mais difícil e a procura do tratamento adequado também.

É aqui que surge a importância da utilização dos dispositivos vestíveis de saúde, cada vez mais acessíveis e fáceis de usar, como um smartwatch, um fitbit ou outro semelhante. Estes wearables podem não ser inteiramente confiáveis para fins clínicos, mas são precisos o suficiente para dar uma ideia ao indivíduo do seu estado de saúde e fazer o seu acompanhamento.

A tecnologia na saúde mental

Um grande desafio na área da psicologia é a correta interpretação dos dados subjetivos que são recolhidas através de questionários e de autorrelatos, sendo esta informação muitas vezes influenciada por distorções mnésicas e pelas emoções do próprio naquele momento. Por exemplo, na área do stress, a tecnologia, em particular o uso de dispositivos vestíveis de saúde, pode fornecer informações quantitativas e objetivas, mais confiáveis e em tempo real, dos níveis de stress de uma pessoa.

Além disso, a utilização de aplicações móveis pode servir para partilhar informação com profissionais cujo papel é dar suporte à distância e em tempo real, uma espécie de “virtual coach”, que fornece aos utilizadores técnicas simples de relaxamento e alívio do stress com base nos dados recolhidos, incluindo, por exemplo, técnicas de mindfulness. Numa fase mais complicada como a atual, o objetivo é capacitar os indivíduos com ferramentas que lhes permitem lidar com o stress de forma autónoma e consequentemente aumentar o seu bem-estar.

 

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