O INESC TEC na ciência para a diplomacia e na diplomacia para a ciência

Este ano, as Parcerias Internacionais com Universidades norte-americanas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) assinalam 15 anos de um percurso que tem vindo a unir investigadores e empresários em Portugal com os seus homólogos do outro lado do Atlântico. Uma viagem arriscada, mas com magníficos e duradouros frutos.

Parte integrante desde o seu começo, o INESC TEC esteve ao leme de algumas destas Parcerias: primeiro, em 2007, com a liderança da University-Technology-Enterprise-Network (UTEN), o braço de empreendedorismo e comercialização de tecnologia da parceria estabelecida entre a FCT e a Universidade do Texas em Austin (UT Austin). Posteriormente, a partir de 2012, o INESC TEC, lado a lado com a Carnegie Mellon University (CMU), passou a coordenar a participação de organizações e atores portugueses na parceria CMU Portugal. Desde 2018, o INESC TEC partilha o leme do Programa UT Austin Portugal com a Cockrell School of Engineering da UT Austin. Os dois parceiros têm conseguido mobilizar uma comunidade transatlântica cada vez maior para dar resposta a alguns dos desafios societais mais prementes, e para os quais a cooperação científica internacional é manifestamente crítica.

Esta incursão muito breve pela nossa participação nas parcerias internacionais da FCT com universidades norte-americanas oferece-nos, todavia, uma excelente oportunidade para refletirmos sobre a capacidade do INESC TEC de reunir pessoas de diversas origens e além-fronteiras, através da excelência científica, da sua proficiência em gestão de ciência e, não menos importante, da sua consciência e visão interculturais. Esta capacidade beneficiou não só os stakeholders diretos do INESC TEC mas também o próprio país ao longo dos anos, alavancado fundos complementares para a ciência, a tecnologia e a inovação.

Nos dias que correm, em que muitos dos problemas que as comunidades e as organizações enfrentam a nível local reclamam por soluções orquestradas globalmente (basta pensarmos nas mudanças climáticas, por exemplo: são completamente alheias a fronteiras territoriais), a ciência promovida para benefício da diplomacia tem vindo a ganhar fulgor, talvez numa dimensão totalmente nova.

Por diversos motivos, haverá os que argumentam que a diplomacia científica serve, acima de tudo, ideais expansionistas e egocêntricos ao invés de intenções genuinamente altruístas. Ao mesmo tempo, seria ingénuo pensar que a diplomacia científica poderia ser sustentável se completamente desvinculada de interesses próprios (ou nacionais). No entanto, se pensarmos “a ciência como um processo de procura de respostas” e a “diplomacia” como um “processo de diálogo e de cooperação entre países e cidadãos, integrando ambos, torna-se possível enfrentar desafios e tirar o máximo proveito de oportunidades que promovam o progresso da humanidade”. [1]

Por outras palavras, se ambas as partes envolvidas numa parceria encontrarem um objetivo comum – que inclua esforços em nome do progresso social e económico através do conhecimento de base científica -, então a ciência para a diplomacia torna-se numa ferramenta efetivamente importante para o bem-estar e relações amistosas entre nações. E os cientistas terão, certamente, muito a ganhar com um ambiente pacífico e mais colaborativo entre países e regiões.

Ao longo do um percurso de três décadas, o INESC TEC tem contribuído, à sua maneira, para ajudar Portugal a estabelecer relações fortes e duradouras com outros países, tomando a ciência como um caminho possível para a prosperidade mútua.

Esta contribuição não deverá, certamente, afigurar-se como uma surpresa para nós – afinal, a missão da instituição é produzir conhecimento de base científica com impacto societal. Devemos, porém, sentir-nos orgulhosos pelo facto de a nossa missão não ser apenas uma combinação de palavras que soa bem ao ouvido. Ela carrega em si o espírito que fez e faz do INESC TEC uma instituição aberta ao mundo, e de muitos dos nossos investigadores e líderes verdadeiros diplomatas de e para a ciência (ainda que talvez sem jamais terem tido consciência de que o foram e o são).

(o texto foi originalmente redigido em inglês)

[1] Fonte: https://www.aaas.org/programs/center-science-diplomacy/introduction

Andreia Passos, Responsável de Serviço

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