Gonçalo Figueira (CEGI)

“A coordenação do CEGI propõe o Gonçalo Figueira para “Fora de série” pelo trabalho e papel extraordinários desempenhados na preparação em simultâneo de duas propostas de projetos europeus: o TRUST e o SHIFT.
A pecar, esta nomeação peca por tardia, pois devia ter sido feita antes de se conhecerem quaisquer resultados dessas candidaturas. Entretanto, tivemos a boa notícia de que o projeto TRUST foi aprovado. É o primeiro projeto europeu liderado pelo CEGI. Este projeto tem como objetivo desenvolver uma ferramenta de inteligência artificial transparente, fiável e não enviesada a ser aplicada em diversos casos de uso. O orçamento global do projeto é de 4M€ (dos quais 900k são para o INESC TEC). Ao Gonçalo, agora publicamente, os nossos parabéns”.

– A coordenação do Centro de Engenharia e Gestão Industrial (CEGI)

Descreva sucintamente a sua participação na preparação das duas candidaturas?

Tudo começou quando, na sequência de uma sessão que o SAAF preparou para o CEGI, decidi explorar as calls H2020 que estavam abertas, e encontrei duas que pareciam procurar muito do que eu tenho para oferecer. A partir daí, foi mergulhar em artigos, relatórios e documentos que tocassem nas temáticas das calls e perceber como nos poderíamos posicionar. Contactei dezenas de potenciais parceiros (focando, no entanto, apenas nos perfis que nos interessavam) e tive a sorte de os melhores dizerem que sim. Claro que a escrita das propostas teve de ficar do nosso lado, e, aqui, a Cristiane Ferreira foi uma grande ajuda. O Pedro Amorim foi também essencial desde o início, e houve uma contribuição substancial da Catarina Pinto e do Luís Guimarães na segunda candidatura.

Quais os principais desafios na elaboração das propostas? Como os superou?

Foram muitos. Um dos principais foi o estar a preparar uma proposta H2020 pela primeira vez e de ter de descobrir tudo, dos pequenos aos grandes detalhes. E aqui não posso deixar de agradecer o apoio do Ricardo Bessa, que generosamente e de forma desinteressada me deu dicas preciosas e me passou uma das suas propostas vencedoras. Não começámos por isso do zero. Começámos aliás de um patamar elevado.

Ainda assim, tivemos de, num prazo de dois meses para cada candidatura, montar os consórcios e liderar as propostas. E aí, sim, começámos do zero. Encontrar os perfis certos, contactá-los, convencê-los de que tínhamos uma boa proposta, e coordená-los requereu muito tempo. Só isto já parecia um ‘full time job’. Houve dias em que não fiz mais nada se não isto. E chegar a um mês do deadline sem uma linha da proposta escrita (e sabendo que teríamos de ser nós a escrever quase tudo) foi um pouco intimidante. Mas lá conseguimos. Com uns fins de semana mais sobrecarregados e umas noites menos bem dormidas, o trabalho fez-se.

Uma vez aprovado, qual o papel do Gonçalo no decorrer do projeto TRUST?

O TRUST é um projeto FET, ou seja, orientado a investigação fundamental, no sentido de desenvolver e explorar um novo paradigma tecnológico. Neste caso, o objetivo é conceber um dos paradigmas da próxima geração de inteligência artificial explicável. O projeto tem um orçamento de 4M€, para uma duração de 4 anos, e envolve 7 parceiros de 6 nacionalidades. Destes 7 parceiros, 4 são instituições de I&D, que irão desenvolver o novo paradigma de IA, e os outros 3 são startups que trabalham com IA em diferentes domínios, e que irão dinamizar este novo paradigma no mercado.

Sendo o primeiro projeto desta natureza liderado pelo CEGI será com certeza um enorme desafio. Acredito por isso que será um trabalho de equipa do qual farei parte. Conto liderar muitas das ações, mas conto também com pessoas que foram essenciais na proposta e serão ainda mais no projeto, como o Pedro Amorim, a Cristiane Ferreira, o Luís Guimarães e o Bernardo Almada Lobo.

Como comenta esta nomeação?

Fico muito contente, como é óbvio. Mas acho que este é um reconhecimento não só do meu trabalho, mas também de quem me lidera e de quem é liderado por mim (e não raramente os papéis se inverteram…). A ambos, o meu obrigado.