Arrancou o maior projeto europeu liderado por uma entidade portuguesa

Arrancou o projeto europeu InterConnect, o maior alguma vez liderado por uma entidade portuguesa. A liderança deste projeto de 36M€, que conta com 51 instituições parceiras de 11 países europeus e que tem como objetivo a digitalização do sistema elétrico, é do INESC TEC.

O InterConnect vai desenvolver soluções para uma digitalização do sistema elétrico baseada em arquiteturas para a internet das coisas (IoT) que, através de diversas plataformas digitais, e utilizando uma ontologia universal chamada SAREF, garanta a interoperabilidade entre equipamentos e sistemas, ao mesmo tempo que assegura a privacidade e a cibersegurança dos dados dos diferentes utilizadores.

Com uma duração de quatro anos, o projeto divide-se em oito grandes áreas de atuação: rede elétrica, big data, cibersegurança, estandardização, ontologia, plataformas digitais, IoT e cloud.

“No final do projeto é esperado que surjam arquiteturas de referência nos domínios interoperáveis de IoT, componentes funcionais interoperáveis para edifícios residenciais e não residenciais, uma gestão melhorada da energia do consumidor, um Marketplace digital e um conjunto de ferramentas de interoperabilidade, uma interface interoperável e replicável para usufruto dos distribuidores de energia, novos modelos de negócio para novos serviços de energia e sem ser de energia e recomendações normativas”, explica David Rua, investigador sénior do Centro de Sistemas de Energia (CPES) e investigador principal do InterConnect.

São três os centros do INESC TEC que fazem parte do InterConnect: Centro de Sistemas de Energia (CPES), Laboratório de Software Confiável (HASLab) e Centro de Telecomunicações e Multimédia (CTM).

A reunião de kick-off

Foi nos dias 15 e 16 de outubro que cerca de 130 pessoas se reuniram no Estádio do Dragão para o arranque oficial do projeto InterConnect.

Ao longo de dois dias, as instituições responsáveis por cada um dos grupos de trabalho do projeto tiveram oportunidade de apresentar os objetivos, as metas a atingir e o que é esperado de cada uma das instituições participantes.

O projeto está dividido em 11 grupos de trabalho. O INESC TEC, coordenador do projeto e, por isso, responsável pelo work package da gestão, tem também a liderança dos grupos de trabalho relativos demonstração de larga escala e integração das soluções e à comunicação, disseminação e exploração de resultados do projeto. A instituição de I&D holandesa TNO, coordenadora técnica e de inovação do InterConnect, é também responsável por um grupo de trabalho chamado “Interoperabilidade em casas inteligentes e arquitetura de referência da rede”.

O primeiro grupo de trabalho, liderado pela EEBUS, diz respeito aos estudos de caso, modelos de negócio e serviços; o terceiro, liderado pela VITO, chama-se “componentes, aplicações e dispositivos para casas inteligentes e edifícios semanticamente interoperáveis”; o quarto work package, cuja instituição líder é a EDP Distribuição relaciona-se com a framework das redes inteligentes para um sistema elétrico interoperável. O quinto grupo de trabalho, liderado pela VizLore, mas que conta com uma grande participação do INESC TEC através do seu Laboratório de Software Confiável (HASLab), intitula-se “Plataformas Digitais e Marketplace”, o sexto work package, liderado pela Th!nk-e, diz respeito à preparação, coordenação e monitorização dos sete pilotos do projeto.

Os dois últimos grupos de trabalho, liderados respetivamente pela FundingBox e a Wings, estão relacionados com o fomento da inovação através de aberturas de open calls para execução de protótipos ou demonstração de pequena escala e com a sustentabilidade do projeto, nomeadamente com questões relacionadas com a comunidade InterConnect, o impacto societal, entre outros.

O primeiro dia de trabalho foi dedicado à apresentação de todos os grupos de trabalho quer em sessão plenária quer em discussão mais específica em sessões paralelas, à exceção dos grupos relacionados com os pilotos e com a sustentabilidade do projeto.

São sete as demonstrações de larga escala que o projeto InterConnect vai desenvolver a partir do segundo ano, em Portugal, Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, Grécia e França.

Também no segundo dia da reunião, a Assembleia Geral do projeto nomeou o Comité Técnico do InterConnect, liderado pelo INESC TEC enquanto líder e composto pelos líderes dos work packages. Foi na reunião de comité técnico, que serviu de encerramento dos trabalhos, que, por sua vez, foi nomeado o Comité de Inovação Técnico, coordenado pela TNO.

Os resultados que o projeto InterConnect pretende atingir no final de 2023 serão possíveis devido ao esforço conjunto de 51 parceiros que se dividem em seis tipologias diferentes: I&D e consultoria, fabricantes e associações, fornecedores de serviços de IoT e/ou ICT, operadores de sistemas distribuídos de energia (DSOs), retalhistas e utilizadores finais.

Das instituições de I&D do projeto fazem parte o coordenador, INESC TEC (PT), e o coordenador de inovação, a TNO (NL), mas também IMEC (BE), VITO (BE), Athens University of Economics and Business (GR), Vrije Universidade de Bruxelas (BE), Fraunhofer IEEE (DE), Yncréa (FR), Politécnico de Milão (IT), RSE SpA – Research on Energy System (IT), Universidade de Kassel (DE), Vrije Universidade de Amesterdão (NL), German Research Center for Artificial Intelligence – DFKI (DE) e University of Applied Sciences and Arts, Studieren in Dortmund – UASD (DE). No grupo das consultoras parceiras do projeto estão: 3E (BE), Th!nk-E (BE), Gfi (BE), Trialog (FR) e FundingBox (PL). Ao grupo dos fabricantes pertencem: Schneider Electric (PT), ABB (BE), Whirpool (IT), Bosch Siemens (DE), Bosch Termoteknik (DE), Wirelane (DE), Vaillant (DE), OpenMotics (BE), Daikin (BE), Miele (DE) e ThermoVault (BE). As associações que fazem parte do consórcio são: KNX (BE), EEBUS (DE) e EDSO for Smart Grids (BE). Os parceiros do InterConnect pertencentes à tipologia fornecedores de serviços IoT e/ou ICT são: WINGS ICT Solutions (GR), cyberGRID (AT), Sensinov (FR), GridNet (GR), VizLore (SRB), Cosmote (GR), KEO (DE), DuCoop (BE) e Domótica SGTA (PT). Os DSOs que fazem parte do projeto são: EDP Distribuição (PT), Elektro Ljubljana (SL) e ENEDIS (FR). São três os parceiros que pertencem à categoria retalhista: SONAE (PT), HERON (GR) e ENGIE (FR). Na categoria utilizadores finais inserem-se quatro parceiros, sendo que a portuguesa SONAE se insere também nesta tipologia e não apenas na de retalhista, são eles: PlanetIdea (IT), iCity (NL) e Cordium (BE)

Este projeto recebeu financiamento do programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia ao abrigo do acordo número 857237.

 

O investigador referido na notícia tem vínculo ao INESC TEC.

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