Responsabilidade Social em tempos de pandemia

Por Sara Brandão, Técnica Especialista Sénior

A Responsabilidade Social numa organização é um ato voluntário, através do qual as empresas colocam em prática posturas, comportamentos e ações que promovem o bem-estar dos seus próprios colaboradores, e contribuem também para uma sociedade mais justa e um ambiente mais limpo e saudável.

De acordo com o seus estatutos, o objeto do INESC TEC é “potenciar a intervenção das instituições suas associadas no desenvolvimento do tecido económico e social, contribuindo para melhorar o desempenho, aumentar a competitividade e alargar o nível de internacionalização das empresas e instituições, através da realização de atividades de investigação cientifica, de desenvolvimento tecnológico, de transferência e valorização de conhecimento, de qualificação de recursos humanos e de consultoria especializada.” Tal como qualquer negócio, existimos e operamos com base num contrato social implícito com a nossa comunidade. Deste modo, o carater de “utilidade pública” é intrínseco ao próprio DNA do INESC TEC, sendo per si uma forma de Responsabilidade Social.

Pela primeira vez em 2020, o INESC TEC assume formalmente a sua preocupação com as questões da Responsabilidade Social Corporativa, tendo desenvolvido um plano estratégico de ações, que visam ajudar a incorporar a Responsabilidade Social na cultura organizacional da instituição.

Com a chegada da pandemia da COVID-19, todas as organizações foram obrigadas a desviar a sua atenção para questões mais primárias de sobrevivência. Este surto apanhou todos de surpresa. Para enfrentar a pandemia e minimizar as suas consequências, foi necessário reunir muitos recursos e unir todos os esforços possíveis. A maior parte das organizações fizeram um esforço colossal para lidar rapidamente com a segurança e bem-estar das suas pessoas, que se depararam com o encerramento forçado dos seus locais de trabalho. O INESC TEC não foi exceção, demonstrou uma extraordinária resiliência nesta pandemia, reajustando-se rapidamente a esta nova realidade, sem grandes perturbações no normal funcionamento do seu dia a dia. Criou uma linha de apoio ao bem-estar e disponibilizou uma equipa de suporte ao Coronavírus, disponível 24 horas por dia, desenvolveu guiões de apoio ao teletrabalho e ao bem-estar. Na investigação, coordenou e colaborou em diversas iniciativas no contexto do combate à pandemia de COVID-19. Muitos parabéns a todos os colaboradores do INESC TEC pelo esforço em “fazer funcionar, em qualquer lugar”.

O mundo tal como o conhecemos mudou e esta mudança certamente, deixará a sua marca, na forma como pensamos, socializamos e vivemos as nossas vidas, quer pessoal, quer profissionalmente, sendo fundamental refletirmos e repensarmos em novas formas de desenvolver ações orientadas para a Responsabilidade Social. Estas mudanças farão parte de um legado que viverá por muito tempo nas nossas memórias e nas das gerações futuras, preparando-as para os novos desafios que possam surgir.

Como noticiado recentemente, este ano de 2020 ficará marcado pela luta com a COVID-19. O Fundo Monetário Internacional prevê que o mundo possa sofrer a pior recessão desde a década de 1930 este ano, com a economia global a contrair-se em 3% enquanto que as economias avançadas diminuem 6,1%. A Organização Mundial do Comércio espera que o comércio mundial diminua até 32% em 2020. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico relata que a desigualdade nas economias mais desenvolvidas do mundo está ao seu mais alto nível em 50 anos. A Organização Meteorológica Mundial advertiu recentemente que nos próximos cinco anos, as temperaturas globais anuais poderão potencialmente subir mais de 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, levando a alterações climáticas catastróficas.

Mas será precisamente um contexto de grande crise mundial que propiciará uma boa reflexão sobre as melhores formas de as organizações planearem e praticarem a sua Responsabilidade Social. Num artigo do Financial Times de maio deste ano, vários especialistas responderam à questão do impacto do coronavírus na sustentabilidade empresarial. Poderão ainda as empresas dar-se ao luxo de se preocuparem com a sustentabilidade? Segundo os especialistas, de certa forma, o encerramento provocado pela COVID-19, tornou-nos mais sustentáveis – o ar é mais limpo do que tem sido nos últimos anos e várias empresas são agora forçadas a considerar como podem ser um melhor empregador num contexto de redução recorde de postos de trabalho. Mas quando voltarmos a emergir, será que as empresas voltarão aos seus velhos hábitos? Poderemos nós retomar o nosso dia a dia como antigamente ou estará na altura de repensar o nosso verdadeiro propósito?

Neste momento as organizações têm uma grande oportunidade para compreender melhor de que forma podem utilizar as práticas de Responsabilidade Social nestes tempos de crise. As desigualdades no emprego, nos cuidados de saúde e na educação foram largamente enfatizadas e expostas por esta pandemia. A COVID-19 tem devastado o bem-estar das pessoas e suas comunidades, trazendo uma atenção renovada para as injustiças.

É urgente mudar para uma Responsabilidade Social Corporativa mais genuína e autêntica, e contribuir efetivamente para enfrentar os urgentes desafios sociais e ambientais globais.  Procurar formas mais humanas e comunitárias, estimular e revigorar a sociedade de forma significativa. Os esforços verificados em 2020 para preservar os empregos e reinventar uma nova normalidade são, por si só, uma forma de Responsabilidade Social implementada com êxito. A recuperação e criação de uma nova economia resiliente exigirá uma maior aposta nestas medidas. Este é o momento de reconstruir melhor!

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
EnglishPortugal