Desenvolver um novo sistema de previsão da produtividade vitivinícola que considera a dimensão espácio temporal da produção, e a usabilidade multi-ator, para apoio ao planeamento das atividades das pequenas e médias empresas (PMEs) e das instituições regionais, nacionais e internacionais de regulação do setor vitivinícola. É este o principal objetivo do projeto Wine4cast, um projeto com colaboração do INESC TEC a arrancar com financiamento no âmbito das Bolsas de Iniciativas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) “Recuperar Portugal”.
Os sistemas de previsão que têm vindo a ser utilizados na vitivinicultura em Portugal, e noutros países, têm limitações a nível de amostragem, a transferibilidade espácio-temporal é reduzida, a implementação tem custos elevados e os seus resultados são pouco rigorosos e/ou obtidos muito próximo da colheita, o que lhes retira utilidade. Estes são alguns dos fatores que limitam a plena implementação das atuais abordagens de previsão da produtividade a nível nacional e internacional. O projeto Wine4cast – Previsão espácio-temporal da produtividade vitivinícola para usabilidade multi-ator: integração de sensores ótico-fotónicos remotos, inteligência artificial e cenários climáticos, pretende recolher dados de diversas fontes, nomeadamente sensores incorporados em diferentes plataformas, tais como satélites, (micro)drones ou smartphones, e tomografias de órgãos da planta, associando a estes dados sobre cenários climáticos e elementos biofísicos sobre a vinha. O objetivo é ser capaz de conjugar toda a informação e utilizar técnicas de inteligência artificial para obter modelos da previsão da produtividade mais precisos e eficientes, para serem utilizados no planeamento das atividades dos produtores vitivinícolas, no mercado dos produtos vínicos e nos organismos reguladores do setor do vinho e da vinha.
De acordo com Mário Cunha, professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) do INESC TEC, “o setor vitivinícola é um ativo importante para a economia nacional, com crescente prestígio internacional. Apesar dos avanços tecnológicos do setor, a produtividade vitivinícola continua muito dependente do clima, o que origina fortes oscilações interanuais”. Defende o responsável pelo projeto que “a previsão de produtividade é um instrumento útil para minimizar os riscos causados pela variabilidade da produtividade, abordando aspetos económicos, políticos, socioculturais, tecnológicos ambientais e legais relevantes para a gestão estratégica do setor”.
A FCUP, em colaboração com o INESC TEC, tem três anos e um total de cerca de 940 000 euros para desenvolver tecnologias inovadoras que permitam testar a previsão de produtividade e colocá-la à disposição dos utilizadores finais, que poderão ser produtores vitivinícolas, prestadores de serviços agrotecnológicos, companhias de seguros, organismos regionais, nacionais e internacionais responsáveis pela regulação do setor, entre outros.
As entidades parceiras do Wine4cast assinaram o contrato de financiamento PRR no dia 12 de outubro, à margem da edição de 2022 da Cimeira Nacional de Agroinovação, um evento que decorreu em Santarém e teve como principal objetivo promover o conhecimento e a inovação no setor e nos territórios rurais, dando a conhecer resultados de projetos de inovação ligados ao agronegócio.
Este projeto de investigação está incluído na iniciativa “Agricultura 4.0 e Territórios Sustentáveis”, da Agenda de Inovação para a Agricultura 2030 do PRR, um programa de aplicação nacional, com um período de execução até 2026, que vai implementar um conjunto de reformas e investimentos europeus destinados a ajudar Portugal a repor o crescimento económico sustentado após a pandemia.
Além da FCUP e do INESC TEC, este projeto conta com a participação de mais cinco parceiros, juntamente com um parceiro internacional (Itália) e seis PMEs.
O investigador do INESC TEC mencionado na notícia tem vínculo à UP-FCUP.