Experiência em estágio(s): uma história de Mariana Miranda

Por Mariana Miranda, Assistente de Investigação no Laboratório de Software Confiável (HASLab)

Participar num estágio é uma experiência enriquecedora que nos ajuda a desenvolver novas competências quer ao nível profissional, como pessoal. Este ano, tive a oportunidade de participar em dois estágios, um online e outro físico, que se traduziram em experiências únicas, e que me permitem ter uma visão privilegiada sobre estas duas realidades.

Durante este verão, “viajei” até à minha secretária, onde estagiei virtualmente no National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST), no Japão. Já de outubro a dezembro, desloquei-me para o outro lado do Atlântico e participei num estágio no Texas Advanced Computing Center (TACC), em Austin.

Ambos os estágios decorreram em centros de computação avançada e, dado que o meu doutoramento se foca em melhorar as soluções de armazenamento destes centros, estas oportunidades foram uma mais-valia. Acima de tudo porque trabalhei com especialistas da área, o que me permitiu aprofundar os meus conhecimentos e trazer novas competências debaixo da minha alçada.  No entanto, apesar das similaridades, posso afirmar em primeira mão que foram duas vivências completamente diferentes. Isto, claro, acredito que se deve em grande parte às diferenças culturais e à dualidade da experiência online vs. física.

Vamos primeiro analisar o estágio online. Embora remoto, tinha reuniões semanais com o investigador Jason Haga, do AIST, onde discutíamos os avanços e problemas que foram surgindo ao longo da semana. Além disso, para compensar o facto do estágio ser online, todas as semanas tínhamos o “trabalho de casa” de pesquisar sobre um novo tópico da cultura japonesa e apresentar o que aprendemos durante estas reuniões. Posso dizer que, apesar do trabalho extra semanal, desfrutei bastante de aprender sobre o Japão e senti que experienciei, dentro do que as limitações geográficas permitiam, um pouco da sua cultura.

Quanto ao estágio físico, a realidade foi bastante diferente. Deslocar-me até Austin, no Texas, permitiu-me completamente imergir na cultura texana e experienciar um pouco de tudo do que tem para oferecer. Apesar de partilhar diferentes opiniões quanto à temperatura a que se deve manter o ar condicionado e à quantidade de picante na comida, trago da minha estadia em Austin uma opinião maioritariamente positiva. A nível profissional, experienciei trabalhar fisicamente no TACC e conhecer profissionais que trabalham na minha área. Contudo, com esta nova realidade pós-COVID, deparei-me que a maioria dos investigadores trabalhavam em regime de teletrabalho e lamento não ter conhecido mais pessoas.

Mariana Miranda – Austin, Texas

Dado estas duas experiências, posso afirmar com confiança que ambas as realidades têm as suas vantagens e desvantagens. Um estágio online tem a flexibilidade de se poder realizar em qualquer canto do mundo, sem muita entropia ou encargos financeiros. Críticas comuns a este tipo de estágio centram-se na falta de estrutura e apoio, no entanto, sinto que não experienciei tal e que tive um apoio bastante adequado. Na realidade, o único ponto menos positivo que consigo apontar à minha experiência é de não ter tido a oportunidade de absorver totalmente a cultura japonesa. Ao que de positivo e negativo um estágio online implica, o inverso se aplica a um estágio físico. Apesar de ter vivido durante alguns meses noutro país, e isto ter sido uma experiência única, acredito que seja algo que não se enquadre a todos. Ter o privilégio de se poder mudar para outro continente implica elevados custos a nível familiar, profissional e financeiro. Portanto, não posso afirmar que uma experiência seja melhor que a outra, apenas que são diferentes.

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