Potenciar a transição energética, a inovação digital e criar valor acrescentado por via do setor vitivinícola português é o principal objetivo da Agenda Vine & Wine Portugal, apoiada pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR). O desenvolvimento ou a apresentação de tecnologias consideradas maduras será um elemento-chave do projeto, já que através delas será possível promover uma produção mais sustentável e amiga do ambiente – temáticas especialmente relevantes num setor que tem sentido como poucos a força das alterações climáticas.
No foco do projeto, que conta com o envolvimento de 46 entidades, entre as quais o INESC TEC, está o desenvolvimento de tecnologias robóticas, Internet of Things (IoT) e inteligência artificial, que permitam aumentar a rentabilidade, desde a vinha ao consumidor, nomeadamente na redução de custos e aumento da eficiência no processo de produção. Por outro lado, há ainda a perspetiva de desenvolvimento de soluções inovadoras de tratamento e fertilização que reduzam a pegada ecológica associada à produção de vinhos.
“A expectativa é que a introdução das novas tecnologias promovam uma maior competitividade e resiliência do setor vitivinícola, o que funcionará simultaneamente como causa e consequência da atração de novos consumidores, tanto nacionais como internacionais”, afirma Filipe Neves dos Santos, investigador do INESC TEC, acrescentando que, em concreto, o projeto Vine & Wine visa contribuir com novas soluções que resolvam os problemas da escassez de mão de obra, impactos ambientais dos tratamentos das vinhas e os custos da produção de vinho.
Ainda de acordo com Filipe Neves dos Santos, “serão disponibilizadas ferramentas aos produtores para que se aventurem no desenvolvimento de novos produtos com valor acrescentado assentes em práticas ainda mais sustentáveis”. Este caminho permitirá aos produtores a obtenção de certificações importantes para o seu reconhecimento e afirmação nos mercados. Os ganhos serão ainda estendíveis ao território, onde outros players poderão beneficiar de uma marca nacional e internacionalmente reconhecida em termos ambientais.
Com as soluções apresentadas, pretende-se dar resposta à escassez de recursos humanos no setor, assim como à necessidade de reduzir os custos da implementação de técnicas mais ecológicas. O custo da irrigação é outro problema que se espera mitigar, considerando as reais necessidades da videira e os custos espontâneos da energia.
O INESC TEC integra o consórcio da Agenda Vine & Wine juntamente com empresas, universidades e associações. Neste âmbito, o seu papel será liderar o desenvolvimento de tecnologia robótica para o processo de monitorização, fertilização, a realização de testes de conceitos de vindima automática e a exploração de soluções para a otimização do consumo energético no setor vitivinícola.
Para além de Filipe Neves dos Santos, coordenador do TEC4AGRO-FOOD, Iniciativa do INESC TEC para o Agro-Alimentar e Floresta, o INESC TEC está representado por Tatiana Pinho e Luís Santos, investigadores do Centro de Robótica Industrial e Sistemas Inteligentes (CRIIS) e por Conceição Rocha, investigadora do Centro de Sistemas de Energia (CPES).
Os 46 membros que compõem o consórcio reuniram-se, em abril, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para uma atualização do estado de cada sub-projeto, mas também para a partilha de sinergias entre os diferentes produtos e serviços.
Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.