Será que o frigorífico é realmente o equipamento que mais energia consome em casa? Estará a minha habitação preparada para as diferenças de temperatura no inverno e no verão? Que medidas de eficiência energética posso tomar? Como posso monitorizar o meu consumo energético doméstico? Estas e outras questões foram abordadas nos primeiros workshops do projeto Ecovale, destinados a toda a população de Barcelos e Vila Nova de Famalicão, e que reuniram dezenas de munícipes dos dois concelhos.
Até agosto de 2024 serão realizadas várias ações de sensibilização e informação junto dos consumidores residenciais acerca das melhores práticas de consumo de energia elétrica e de uso de equipamentos, através destes workshops.
“Segundo estimativas avançadas pela Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050, entre 1,2 e 2,3 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética moderada e entre 660 e 740 mil pessoas encontram-se numa situação de pobreza energética extrema. Isto é algo que tem de ser mudado. Existem já várias políticas públicas e legislação a nível nacional e europeu neste âmbito e, no projeto Ecovale, queremos trabalhar a mudança de paradigma localmente e promover mais proximidade com os consumidores em situação de pobreza energética. Vamos falar com as pessoas, dotá-las de informação útil e de ferramentas que as possam ajudar a mudar a forma como encaram as questões energéticas”, explica Filipe Joel Soares, investigador do INESC TEC.
Monitorizar o consumo de energia a nível doméstico é um passo essencial para a melhoria da eficiência energética. Dessa forma, nestas ações de formação serão dadas a conhecer diferentes ferramentas digitais para gestão dos consumos, mas também abordados alguns conceitos que permitam compreender a cadeia de valor no setor energético.
Além de Filipe Joel Soares, a equipa do INESC TEC, envolvida na promoção das sessões, conta também com Alexandre Lucas, que defende que “a literacia energética é essencial para tomar as decisões mais acertadas”. O investigador do INESC TEC dá exemplos: “É muito importante perceber o custo total de operação do equipamento elétrico doméstico e que tanto o tempo de utilização e adequação da potência dos equipamentos à utilização são duas medidas importantes para melhorar a eficiência energética. Por exemplo, ao comprar um frigorifico, se optar por um equipamento maior que esteja apenas meio cheio este irá consumir do que um frigorífico pequeno mesmo que, por unidade de volume, consumisse menos eletricidade. A análise do consumo energético mensal e a seleção da melhor tarifa de eletricidade para a habitação são outros conceitos que poderão ajudar as pessoas em contexto doméstico”.
O feedback dos participantes tem sido positivo e, espera-se que as medidas apresentadas possam ter repercussões a longo prazo – das ações mais simples, como o isolamento térmico de paredes ou teto e o uso de janelas de vidro duplo, até às medidas mais efetivas como a troca de lâmpadas, utilização de dispositivos de controle de energia ou instalação de painéis solares.
O projeto Ecovale é promovido pela CEVE – Cooperativa Eléctrica do Vale d’Este, com o apoio científico do INESC TEC, e financiado pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos no âmbito do Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.