Investigadores de Portugal, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos da América uniram-se para desenvolver e testar um novo método de análise do som cardíaco que vai permitir identificar de forma rápida e não invasiva a presença de hipertensão pulmonar. Os resultados deste trabalho de investigação, recentemente publicados na revista IEEE Access, mostram que está aberto o caminho para um diagnóstico mais ágil desta doença.
“A hipertensão pulmonar é uma doença grave, mas que, diagnosticada de forma rápida, pode ser facilmente controlada com fármacos”, começa por explicar Francesco Renna, investigador do INESC TEC. Mas será possível tornar o diagnóstico mais rápido? Foi a partir deste desafio que um grupo de investigadores, no qual se inclui o INESC TEC, desenvolveu um novo método de análise do som cardíaco, que se foca na identificação e separação das componentes do som produzidas pela válvula aórtica e pela válvula pulmonar. “Esta separação pode ser muito útil para identificar de forma rápida e não invasiva a hipertensão pulmonar”.
De que forma? O investigador explica: “O método que propomos consiste numa etapa de pré-processamento do sinal, que serve para isolar as componentes aórtica e pulmonar do segundo som cardíaco e foi testado usando um conjunto de gravações obtidas no âmbito da colaboração com o Real Hospital Português em Recife, no Brasil”. A equipa utilizou um algoritmo de Inteligência Artificial (kernel ridge regression classifier), aplicando-o a características do segundo som cardíaco e usando a separação de componentes obtida com o método de pré-processamento.
O resultado? “O algoritmo conseguiu detetar a presença de hipertensão pulmonar num conjunto de 43 pacientes – 11 com hipertensão pulmonar e 32 sem hipertensão pulmonar – com uma fiabilidade quantificada em termos de area under the ROC curve igual a 0.72. Isto significa que conseguimos demonstrar que o nosso método permite identificar a presença de hipertensão pulmonar com uma boa eficácia, com recurso a um algoritmo simples e sem usar um elevado número de exemplos de treino”.
A partir destes resultados, recentemente publicados na revista IEEE Access, a equipa, que pretende avançar com o desenvolvimento de soluções focadas na deteção não-invasiva da hipertensão pulmonar, está a trabalhar na criação de métodos mais sofisticados e na recolha de mais dados de forma a validar o potencial das soluções. “A ideia é que, no futuro, estas soluções possam ser usadas em unidades de saúde, permitindo um rastreio de baixo custo da hipertensão pulmonar e evitando o recurso a exames complementares, que são, muitas vezes, mais dispendiosos”, conclui o investigador.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FCUP