Estivemos à conversa com a E-REDES – a principal operadora da rede de distribuição de energia elétrica em Portugal Continental das redes de alta, média e baixa tensão – para conhecer o trabalho colaborativo que tem vindo a realizar com o INESC TEC.
Qual é a ligação da E-REDES ao INESC TEC?
A E-REDES e o INESC TEC têm tido uma ligação de forte colaboração ao longo de vários anos. Em alguns temas específicos, é uma ligação de continuidade e muito focada em projetos concretos onde o INESC TEC possa acrescentar valor, dos quais destacamos um conjunto de projetos e estudos que temos vindo a desenvolver que pretendem promover o nexus entre o capital de conhecimento da E-REDES e a investigação científica e inovadora do INESC TEC, quer em áreas das ciências fundamentais quer aplicadas. Com esta ligação pretende-se criar um ecossistema construtivo, capaz de desenvolver ferramentas que deem resposta aos desafios específicos e atuais, mas, também, estimular um ambiente de co-criação de inovação e desenvolvimento produtivos.
Ao longo dos anos a ligação entre o INESC TEC e a E-Redes foi crescente e desenvolveram-se fundamentalmente projetos na área dos sistemas de energia através do desenvolvimento de projetos de parceria e de contratualização de serviços particularmente na área dos sistemas elétricos e gestão de ativos; desenvolvimento de modelizações de ativos e modelos de planeamento; desenvolvimento de aplicações a utilizar no planeamento das redes.
A nível europeu colaboramos em dois projetos que terminaram muito recentemente, um liderado pela E-REDES (EUniversal), outro pelo INESC TEC (Interconnect). A estes acrescem vários outros projetos no passado.
Quais são os principais resultados desta colaboração?
Foram realizados vários trabalhos/estudos com valor para a atividade da distribuição de energia elétrica, assim como a participação conjunta em alguns consórcios, nomeadamente no âmbito de projetos europeus.
Para uma empresa com a dimensão e as caraterísticas da E-REDES, é importante o envolvimento da comunidade científica, não só pelo seu conhecimento específico como também dar a conhecer os nossos desafios, em particular, nesta fase acelerada da transição energética e da Globalização das Redes Inteligentes
Nos últimos anos a E-REDES tem lançado um conjunto de desafios ao INESC TEC que, de uma forma global, têm um resultado frutífero, uma vez que permitiram identificar um conjunto de oportunidades de investigação conjunta. Foram produzidos relatórios, especificações conjuntas de ferramentas, entre outras, relativos a temas como flexibilidade, planeamento e gestão da rede, interação como os clientes. A utilização das aplicações e modelos tiveram e têm um impacto positivo na melhoria do desenho da rede e na gestão da mesma. De referir ainda a maior facilidade de acesso a informação e desenvolvimentos efetuados noutras unidades de investigação e desenvolvimento (O INESC TEC tem acesso a outras unidades de ID) que permite desenvolvimentos mais ajustados às necessidades futuras.
Como tem sido a experiência com o INESC TEC?
A experiência tem sido bastante positiva aliando a atividade de negócio da distribuição com o conhecimento desenvolvido e acumulado pela academia. O INESC TEC tem conseguido trazer para os projetos desenvolvidos a visão académica e as melhores práticas dos outros parceiros. Por outro lado, tratando-se de uma entidade com prestígio internacional, tem sido um agente ativo na clarificação de alguns preconceitos, em particular, dos impactos na Rede Elétrica da Geração Distribuída.
O reconhecido conhecimento científico, designadamente relacionado com o setor da energia elétrica, tem demonstrado uma capacidade de eficiência e eficácia na resposta aos desafios colocados pela E-REDES.
O que valoriza nesta colaboração?
O conhecimento científico do INESC TEC na área da energia, que é muito relevante, assim como a sua visão dos desafios próprios do sistema elétrico e, naturalmente, da distribuição de energia elétrica no contexto da transição energética. Além do trabalho desenvolvido, competência técnica, capacidade de realização e conhecimento sobre as temáticas da distribuição de eletricidade, acresce a vertente de investigação e desenvolvimento e a possibilidade de aproximar a academia às necessidades de um ORD. Destacamos ainda a possibilidade de envolver alunos em trabalhos concretos e com aplicação prática, que potencia uma aproximação dos estudantes à empresa e à atividade do setor.
Paralelamente, a possibilidade de os colaboradores da E-REDES acompanharem e participarem de forma muito ativa/próxima com o INESC TEC nos desenvolvimentos efetuados para a E-REDES é uma forma muito eficaz de integrar conhecimento e criar uma redes de contatos.
O que podemos esperar nos próximos anos da E-REDES?
Um empenho redobrado na construção das redes de distribuição do futuro e a procura de parcerias certas para garantir essa construção, onde o INESC TEC continuará certamente a ter um papel a desempenhar.
A fase enriquecedora que o setor elétrico está a atravessar (descarbonização da economia; comunidades de energia; mobilidade elétrica; armazenamento) vai trazer novos desafios e novas necessidades de conhecimento que devem ser catalisados pelo papel e conhecimento da Comunidade Científica.
A continuação do estímulo para desenvolver a co-criação de inovação e desenvolvimento produtivos, bem como a criação de ecossistema de pensamento construtivos para o tão designado New WoW. Devemos continuar a desafiar o INESC TEC com novos projetos de desenvolvimento, assegurando a consolidação da relação com o INESC TEC enquanto a relação for positiva para ambas as entidades.