Da previsão da produção de energia de base renovável à otimização da geração, distribuição e consumo desta mesma energia, são muitas as aplicações que a Inteligência Artificial (IA) encontra no setor energético. Mas este é apenas um dos caminhos rumo ao futuro do setor elétrico e que esteve em discussão no evento “The Shape of Energy to come”, organizado pelo INESC TEC.
Sala cheia para explorar o futuro da eletrificação e dos sistemas energéticos; no auditório da FEUP juntaram-se mais de 200 especialistas nacionais e internacionais para trocar ideias e conhecer o trabalho que o INESC TEC já faz na construção desse futuro que ser quer sustentável e alinhado com as prioridades da Comissão Europeia. Como? Através de uma visão holística da descarbonização do sistema elétrico e do pensamento criativo na investigação como vantagem competitiva na resolução de problemas complexos neste setor. O sucesso do evento foi resumido pelo presidente do Conselho de Administração do INESC TEC, João Claro, ao mostrar “na perfeição o compromisso do INESC TEC com a sua dupla missão de ciência e inovação, fazendo a ponte entre a melhor compreensão do sistema elétrico que a investigação está a criar e as suas aplicações práticas”.
O pontapé de saída foi dado pelo keynote speaker Mladen Kezunovic, professor catedrático na Texas A&M University e Fellow do IEEE, que trouxe para o debate os riscos da futura eletrificação em grande escala. Um tema acerca do qual o INESC TEC tem muito a dizer, sobretudo quando se fala da necessidade de encontrar soluções que garantam que a rede elétrica apresente níveis de fiabilidade e resiliência que só podem ser alcançados através de abordagens rigorosas. “Um dos principais eixos de trabalho do INESC TEC tem sido o desenvolvimento de soluções de avaliação da segurança de abastecimento, nomeadamente com o aumento da produção de energia renovável”, explica Ricardo Bessa, e dinamizador do evento.
No primeiro painel, Clara Gouveia, João Peças Lopes, José Villar e Zenaida Mourão – investigadores do INESC TEC – moderados por Bernardo Silva (também ele do INESC TEC), partilharam as suas visões sobre temas como a resiliência do sistema elétrico, redes elétricas inteligentes e a gestão da procura de energia. Falou-se sobre a utilização de gémeos digitais ou a necessidade de desenvolver novas ferramentas computacionais para avaliação e controlo da estabilidade do sistema; discutiu-se os avanços nas tecnologias de redes inteligentes; explorou-se o papel dos mercados de eletricidade e dos cidadãos na resposta aos futuros desafios energéticos. O objetivo? Combinar competências para criar soluções diferenciadores (e industrializáveis!) para o sistema elétrico do futuro a nível nacional e europeu.
O segundo painel explorou o papel do pensamento criativo na investigação com Francisco Fernandes, Carla Gonçalves, Carlos Silva e Abdelrahman Elhawash – igualmente investigadores do INESC TEC – a serem liderados por Ricardo Bessa numa conversa sobre a operação de sistemas de energia em tempo real ou os sistemas de incentivo para a mobilidade elétrica verde. Muitas destas soluções resultam da combinação de diferentes áreas de conhecimento, algumas das quais tradicionalmente mais distantes da ciência e da tecnologia.
Ficou no ar a questão: o INESC TEC tem condições privilegiadas, num mundo onde as tarefas do conhecimento são cada vez mais automatizadas, para desenvolver soluções únicas e competitivas? João Claro respondeu, em jeito de resumo, refletindo acerca da forma como “as nossas contribuições para a rede elétrica fiável e resiliente do futuro, a nossa capacidade de desenvolver soluções de descarbonização holísticas e escaláveis em toda a Europa, e no nosso foco em promover e fomentar a criatividade na investigação estão, de facto, a moldar o futuro da energia”.
Pode assistir ao vídeo completo do evento aqui.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.