Como podem as instituições de I&D europeias desenvolver as suas capacidades? – Presidente do INESC TEC na conferência anual da EARTO

O papel das instituições de I&D no apoio à autonomia estratégica aberta da União Europeia – foi este o tema da conferência anual da EARTO – a Associação Europeia das Organizações de Investigação e Tecnologia -, que este ano decorreu em Varsóvia, na Polónia. João Claro, presidente do conselho de administração e CEO do INESC TEC, foi um dos oradores.

Três painéis: o primeiro sobre o papel dos RTOs (research and technology organisations ou, em português, organizações de investigação e tecnologia) europeus na reindustrialização da Europa, o segundo sobre definição de políticas de investigação, desenvolvimento e inovação através de infraestruturas tecnológicas e o terceiro, e último, sobre difusão de excelência e desenvolvimento de capacidades dos RTOs em toda a Europa. Foi neste último que João Claro interveio.

A intervenção do presidente do INESC TEC incidiu sobre o programa de alargamento (Widening) europeu, considerado um dos instrumentos chave para o fortalecimento dos ecossistemas de inovação nacionais, capaz de promover parcerias de excelência ao nível internacional e de contribuir para o fortalecimento do Espaço Europeu de Investigação. Dados de 2023 revelavam que Portugal já tinha captado 179,6M€ neste programa para apoiar a investigação e a inovação em Portugal e que, desde 2014, as instituições portuguesas já tinham conseguido participar em mais de 200 projetos, dos quais 172 coordenados.

Foram precisamente alguns desses números que foram também apresentados neste terceiro painel. O INESC TEC, só no programa Widening, conseguiu a coordenação de dois projetos de financiamento Twinning, no valor de quase 2M€, e a participação num ERA Hub Pilot, enquanto participante, com uma contribuição para a instituição de 1,4M€. Já no programa de financiamento Horizonte Europa, das sete submissões feitas à data uma já foi aprovada e três aguardam publicação de resultados.

De acordo com João Claro, as condições base para estimular a excelência e o desenvolvimento de capacidades dos RTOs a nível europeu, principalmente nas regiões de convergência na Europa, incluem um reforço das capacidades de todos os stakeholders – desde infraestruturas, a educação e formação, para partilha de conhecimento -, um desenvolvimento do ecossistema – assente em redes diversificadas de stakeholders que são promovidas através de políticas de clusters -, e um financiamento de base estável – algo crítico para os RTOs para melhor identificarem e apoiarem as necessidades do setor industrial europeu.

Aceder aos resultados dos projetos europeus, promovendo, assim, uma fertilização cruzada e uma maior exploração desses resultados e a participação em projetos e iniciativas financiadas pela União Europeia, utilizando os fundos estruturais, nomeadamente em programas cofinanciados, são, de acordo com o presidente do INESC TEC, também uma forma de alimentar e impulsionar os sistemas regionais, acelerando, assim, a convergência para uma maior excelência.

Mas as condições políticas têm também aqui um papel de destaque. “Termos uma administração pública capacitada no entendimento dos ciclos, ecossistemas e fluxos de inovação e políticas, programas e instrumentos adequados, a nível europeu, nacional e regional são de extrema importância se queremos debater a melhor forma de capacitarmos os RTOs europeus”, explica o presidente do conselho de administração do INESC TEC.

2025 será o ano em que, não só Portugal comemora os 40 anos de assinatura do tratado que lhe permitiu fazer parte da atual União Europeia, mas também o INESC TEC comemora 40 anos da sua existência. “Nascemos na Europa, e a integração do nosso instituto, da nossa região e do nosso país no ecossistema europeu de investigação e inovação tornou-se parte do nosso ADN. O nosso desejo para o futuro é continuar a estimular a partilha de experiência e a defesa, em conjunto, de um futuro ainda mais promissor para o programa Widening”, afirma João Claro.

Para além do presidente do INESC TEC, fizeram parte deste terceiro painel Boštjan Zalar, diretor no Jožef Stefan Institute (JSI) – o maior instituto de investigação público da Eslovénia -, Gregor Anderluh, diretor do National Institute of Chemistry (NIC) também da Eslovénia, e Sigitas Rimkevičius, diretor do Instituto de Energia da Lituânia (LEI).

A Conferência Anual da EARTO foi, este ano, acolhida pela Rede de Investigação Łukasiewicz, que, tal como o INESC TEC, é membro da EARTO, e realizou-se nos dias 15 e 16 de maio de 2024 em Varsóvia, Polónia.

 

O investigador mencionado nesta notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.

 

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