O programa Semear Digital nasceu no Brasil, mas viajou até Portugal para ajudar os pequenos e médios agricultores e dotá-los de ferramentas para tornar a profissão mais rentável. O INESC TEC, a Embrapa, a Associação Mobilizar com Valores (MCV) e a Casa Escola Agrícola Campo Verde (CEACV) são as quatro instituições que participaram no seminário “Semear Digital no Contexto do Agro Luso-Brasileiro”, que aconteceu, em setembro, na Póvoa de Varzim.
As oportunidades e os desafios da adoção de tecnologias avançadas nas pequenas e médias explorações agrícolas, como é o caso da inteligência artificial, da robótica ou da Internet das Coisas (IoT), foram os temas centrais do seminário, que procurou, igualmente, promover a articulação de atividades conjuntas entre Portugal e o Brasil.
Os dois países, ainda que com realidades diferentes, têm algumas semelhanças ao nível das características do terreno e do contexto social específico, que se traduz em cada vez menos jovens a quererem trabalhar na agricultura. Assim, apesar da distância física, Portugal e Brasil podem e devem trabalhar em colaboração para a transformação digital do setor.
“O INESC TEC está empenhado em contribuir com o seu conhecimento em inteligência artificial, robótica e IoT para transformar a agricultura de pequena e média escala, e aumentar a produtividade”, explica o colaborador do INESC TEC, André Sá. Dessa forma, está a ser desenvolvida uma parceria estratégica entre o INESC TEC e a Embrapa (entidade que coordena a iniciativa Semear Digital), através de um Memorando de Entendimento. Esta parceria estratégica visa potenciar a troca de conhecimento e acelerar a implementação de soluções tecnológicas no setor agrícola de ambos os países.
No seminário, os investigadores do INESC TEC, Filipe Neves dos Santos e Adriana Arrais destacaram a relevância das tecnologias emergentes para o setor agrícola.
A robótica e a o IoT são soluções que permitem aumentar os níveis de inteligência, rentabilidade, precisão e automação em contexto agrícola. Filipe Neves dos Santos reforça que “o INESC TEC tem desenvolvido, nos últimos anos, protótipos de soluções robóticas, que tornarão as práticas agronómicas mais sustentáveis e rentáveis para os produtores. Estas soluções poderão realizar pulverização de precisão, monitorização, manutenção do coberto vegetal, fertilização do solo, bem como em tarefas de poda seletiva, colheita seletiva e logística”.
Adriana Arrais falou sobre a monitorização dos trabalhadores agrícolas através de wearables, uma nova linha de investigação que o INESC TEC tem vindo a desenvolver que permite monitorizar a atividade e estado de saúde do trabalhador. Este sistema inovador, já patenteado, permite não só acompanhar a saúde ocupacional do trabalhador como também estimar métricas da atividade agrícola. É, assim, possível digitalizar o trabalhador, e, num futuro próximo, tentar ajudar na melhor gestão agrícola e na previsão e redução do risco na saúde, tais como as lesões músculo-esqueléticas.
O projeto Semear Digital foi criado com o objetivo de promover a sustentabilidade da agricultura brasileira, tanto a nível económico como ambiental e social, e visa assegurar que pequenos e médios produtores rurais participem ativamente na transformação digital do setor.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.