A WavEC Offshore Renewables é uma empresa de consultoria baseada em I&D, fundada em 2003, dedicada a promover o desenvolvimento das energias renováveis marinhas e da aquacultura offshore como um novo sector de atividade económica, apoiado no conhecimento e na inovação.
Estivemos à conversa com António Sarmento, Fundador e Conselheiro Sénior do Conselho de Administração, sobre a colaboração com o INESC TEC.
Juntamente com o INESC TEC, o WavEC é detentor da Companhia da Energia Oceânica (CEO). Quais os principais objetivos da CEO? De que infraestruturas dispõe?
O WavEC, com cerca de 38% das ações, e o INESC TEC, com cerca de 57% das ações, são os principais acionistas da Companhia de Energia Oceânica (CEO). Os restantes 5% estão na posse da EDP, anterior acionista maioritário. O principal objetivo da CEO é dotar o país de um centro de testes em mar real, para tenologias oceânicas, nomeadamente, as de energia renovável offshore e as tecnologias de apoio ou complementares. Em concreto, a CEO dispõe de uma subestação elétrica na praia da Aguçadoura com uma capacidade de injeção de 4 MW (15/6,6 KV), equipada com um sistema SCADA e um banco de baterias (retificadores), além de um espaço de escritório. A instalação dispõe ainda de um cabo elétrico offshore com uma potência de 2,8 MW, que é utilizado pela CEO no âmbito de um contrato de utilização em vigor. A CEO dispõe, ainda, de um outro cabo elétrico offshore em fim de vida, que é utilizado para fins de investigação. A zona offshore da Aguçadoura está indicada no Plano de Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo (PSOEM) como reservada para o teste de tecnologias oceânicas renováveis, dando o enquadramento adequado à utilização da infraestrutura da CEO. Para melhor desempenhar a sua missão, a CEO está empenhada em criar uma Zona Livre Tecnológica na Aguçadoura.
Em concreto, qual o potencial destes centros de testes de energias renováveis?
As tecnologias oceânicas, nomeadamente, as de energia renovável (vento, ondas e solar fotovoltaico) estão ainda em desenvolvimento, prevendo-se uma corrida a centros de teste no mar para validação e demonstração dessas tecnologias, passo essencial para reduzir riscos, atrair investimento e entrar no mercado. Por isso mesmo, a Comissão Europeia tem encorajado o desenvolvimento de redes de centros de teste no mar e, mais recentemente, um grupo de centros de teste, onde a CEO está integrada, está a preparar um consórcio para que se venham a criar centros de teste de alta potência de ligação à rede, que essenciais para apoiar o desenvolvimento de turbinas eólicas flutuantes de 15 MW, ou mais, de potência. A nível nacional, estes centros de teste são muito relevantes, pois permitem antecipar a participação da indústria nacional no desenvolvimento tecnológico e, com isso, aumentar as oportunidades de se colocarem como fornecedores privilegiados a nível nacional e internacional, bem como oferecer oportunidade a entidades de I&D de participarem neste tipo de projetos.
Na sua opinião, como vê o futuro do domínio da energia eólica offshore?
A energia eólica assente no fundo do mar é já uma realidade bem firmada com mais de 8500 turbinas instaladas em todo o mundo, perfazendo um total de 65 GW instalados. A energia eólica flutuante está a dar os primeiros passos na penetração do mercado e ainda a consolidar a tecnologia das plataformas que suportam as turbinas, antevendo-se uma meta de instalação de 15 a 30 GW até 2050, só na Europa. A energia das ondas e a energia das correntes marítimas, esta sem grande potencial em Portugal, estão numa fase avançada de desenvolvimento tecnológico, mas ainda sem conseguirem concretizar a instalação de parques de demonstração. A energia solar fotovoltaica flutuante está já bastante desenvolvida a nível de aplicações em barragens e lagos, mas a dar os primeiros passos na instalação no mar. Seguramente que nos próximos anos iremos assistir à instalação massiva de energia eólica flutuante e à instalação dos primeiros parques de demonstração de energia das ondas, das correntes de maré e de solar fotovoltaico flutuante no mar, a que se seguirá o desenvolvimento de parques de dimensão industrial.
O que valoriza na colaboração com o INESC TEC?
A colaboração do INESC TEC na dinamização e gestão da CEO, e do centro de testes da Aguçadoura, tem sido absolutamente fundamental, pela credibilidade que associa a este projeto, pela disponibilidade para contribuir para a sua afirmação, pela contribuição técnica e de gestão que tem assegurado, pela proximidade ao local, pelo aporte de outras tecnologias de apoio às de energia renovável offshore, nomeadamente, a robótica submarina e pela atração de projetos de I&D, que de alguma forma apoiam e sustentam a operação do centro de testes da Aguçadoura e, dessa forma, da própria CEO.
O que podemos esperar da WavEC nos próximos anos?
O WavEC é um Centro de Tecnologia e Interface (CTI) totalmente dedicado às energias renováveis marinhas (eólico flutuante, ondas e solar fotovoltaico flutuante) e tecnologias afins ou complementares. Tem um enorme historial de prestações de serviços e de projetos de I&D, sobretudo europeus, nas áreas referidas. Tendo em atenção o anúncio dos leilões para a energia eólica offshore em Portugal, o WavEC tem vindo a afirmar-se como um prestador de serviços no enquadramento referido, nomeadamente, em três áreas principais: na monitorização e avaliação de impactos ambientais, na economia e desenvolvimento de negócio dos parques eólicos a instalar e na engenharia e logística offshore de suporte à operação e manutenção desses parques. Para além disso, sendo um CTI, o WavEC acompanha e promove desenvolvimento tecnológico na área das ondas, do solar fotovoltaico flutuante e da energia eólica flutuante, quer através do apoio a empresas tecnológicas que operam nestas áreas, quer desenvolvendo inovação e capacidades internas adicionais nas áreas da monitorização ambiental, da construção de gémeos digitais ou do processamento de sinal.