Quantas estórias cabem em 40 anos de história? INESC TEC reúne Comunidade para celebrar aniversário

Em 1985, o INESC chegou à cidade do Porto com a missão de melhorar as condições laboratoriais, procurar financiamentos adequados, promover a transferência de conhecimento da universidade para a sociedade e, com isso, alavancar o desenvolvimento do país. Quarenta anos depois, com uma Comunidade superior a mil pessoas e uma atividade de 34 milhões de euros, afirma-se pelo seu papel transformador na sociedade e pelo seu compromisso com a produção de ciência com impacto.

Para contarmos a história do INESC, no Porto, temos de recuar a 1980, quando José Tribolet e João Lourenço Fernandes, docentes no Instituto Superior Técnico, criaram, em Lisboa, o INESC. Passados uns anos, desafiaram um grupo de académicos da Universidade do Porto, a abrir uma delegação do INESC, na cidade do Porto, que arrancaria com base no financiamento de um grande projeto de telecomunicações de interesse para doutorados, recentemente regressados a Portugal, depois de realizarem os seus doutoramentos fora do país. O financiamento seria assegurado pelos operadores de telecomunicações, na altura CTT, TLP, e CPRM, e ainda a secretaria de estado das Comunicações. Tratava-se do projeto SIFO – um projeto que visava o desenvolvimento de um protótipo de uma rede de serviços integrados em fibra ótica. Nessa altura, a Universidade do Porto adere ao INESC, que passa a ter âmbito nacional, e a atividade do INESC, no Porto, arranca envolvendo docentes das Faculdades de Engenharia e de Ciências, com instalações na Rua José Falcão – situadas por cima da então Livraria de Estado.

Foi recordando o passado e os locais da cidade do Porto que acolheram o INESC TEC ao longo da sua existência, que se celebrou os 40 anos do Instituto. A Comunidade reuniu-se e as pessoas foram levadas numa viagem às últimas quatro décadas. “Da Rua José Falcão ao Campus da Asprela: quanto caminho percorremos nas últimas quatro décadas?” foi a pergunta que guiou uma conversa com a participação de Artur Pimenta Alves e João Peças Lopes, diretores do INESC TEC, Pedro Guedes de Oliveira e José Manuel Mendonça, antigos presidentes do Conselho de Administração, e João Claro, atual presidente; e moderação de Clara Gouveia, administradora.

Os desafios da indústria, a formação e a incubação de empresas

Esta viagem começou na Rua José Falcão, com o projeto SIFO e os desafios encontrados na altura, desde logo, na construção e formação de uma equipa multidisciplinar, mas seguiu por outros momentos da história do Instituto – uma história que a baixa da cidade do Porto tão bem conhece, já que os primeiros anos se fizeram entre José Falcão, o Largo Mompilher e a Praça da República. À memória foram-se buscar estórias e episódios que marcaram a vida do INESC TEC e o moldaram naquilo que hoje é.

Entre alguns desses momentos, além do SIFO e em dia de celebração, recordou-se, por exemplo, o financiamento do Centro de Transferência de Tecnologia em Automação e Controlo para PMEs, através do PEDIP, que levou o INESC a ter novas instalações na rua José Falcão, pela necessidade de ter um laboratório com uma linha de computing integrated manufacturing, e que, pela primeira vez, colocou, lado a lado, um centro de investigação e um centro de transferência de tecnologia.

Também a colaboração com gigantes tecnológicos multinacionais, tais como a BBC e a NEC Japão, a investigação aplicada à administração pública e a setores como os da cortiça, calçado ou metalomecânica, com as solicitações vindas das empresas a somarem-se, na década de 1990, foram aspetos realçados. Com destaque para projetos de automação com a informatização do controlo de qualidade das rolhas de cortiça; de gestão de energia em empresas grandes consumidoras de energia; ou de controlo de qualidade automático numa metalomecânica, a Sanofi, num processo de injeção de alumínio. É também nesta altura que surge um desafio da EFACEC, no qual os investigadores viram uma oportunidade: começar a desenvolver ferramentas de simulação computacional semelhantes às que existam para as redes de transmissão, mas orientadas para as redes de distribuição.

Além da colaboração com a indústria, este regresso ao passado também levou a Comunidade aos tempos do FUNDETEC e da formação profissional, já que o instituto teve desde sempre um papel significativo na formação de jovens e de quadros técnicos a nível intermédio, assim como a uma outra atividade importante para a organização: a incubação de empresas tecnológicas, através da incubadora AITEC, que, com um polo na cidade do Porto, ajudou a lançar empresas como a Nova Base, a Medidata ou a CFA.

A autonomização, a expansão e o INESC TEC

Recordou-se ainda o momento em que, em 1998, o INESC, no Porto, se autonomiza e surge o INESC Porto, e quando, já no novo milénio, o Instituto conquista o estatuto de Laboratório Associado com a classificação de Excelente, se estabelece num novo edifício, no Campus da Asprela – que é hoje a sede do Instituto – e se abre o caminho à profissionalização da ciência, com a constituição de equipas de apoio, em áreas técnicas e de gestão.

Já nas atuais instalações, passa a integrar, entre os seus associados, o Politécnico do Porto e expande-se à Universidade do Minho e à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, passando a designar-se INESC TEC. O crescimento a nível internacional foi igualmente relembrado não só através da significativa participação nos programas europeus, do papel ativo do INESC TEC nas parcerias nacionais com as universidades americanas e na criação do INESC P&D Brasil.

Certo é que o rápido desenvolvimento da instituição levou a que, 40 anos depois de um desafio lançado pelos operadores do setor das telecomunicações, o INESC TEC se tenha transformado numa instituição com mais de mil pessoas, com uma atividade de 34 milhões de euros, localizações na cidade do Porto, Braga, Vila Real e Madeira, e uma representação em Bruxelas, sendo, atualmente, reconhecida nacional e internacionalmente pelo seu papel transformador na sociedade e pelo seu compromisso com a produção de ciência com impacto.

Do passado para o futuro, a celebração do 40º aniversário do INESC TEC foi igualmente um momento de reflexão sobre o presente, com um olhar sobre os resultados da atividade de 2024, e de partilha sobre aquilo que a próxima década poderá representar para a organização, do plano estratégico em vigor até 2030 ao exercício de prospetiva atualmente em preparação para o período seguinte. Sempre fiéis ao impulso inicial de transformar através da ciência e inovação sem fronteiras.

E, depois de uma viagem conjunta, não faltou o habitual “cantar os parabéns”, este ano com uma particularidade, não havia um, mas sim, 40 bolos – um por cada ano de história.

Recorde-se que, no âmbito das comemorações dos 40 anos do INESC TEC, já decorreram três iniciativas: o INESC Brussels HUB Winter Meeting, que juntou mais de 200 pessoas para debater sobre as infraestruturas de investigação e tecnologia; a iniciativa “40 anos, 40 árvores”, promovida pela Comissão Técnica para a Responsabilidade Social do INESC TEC, numa ação conjunta com a Câmara Municipal do Porto; e o evento “Camões, o Mar, a tecnologia e a ciência Portuguesas”, que, tomando como ponto de partida as celebrações dos 500 anos do nascimento de Camões, olhou aos avanços científicos e tecnológicos relacionados com o mar, nomeadamente na área da robótica oceânica. Ao longo do ano, o INESC TEC tem previsto um conjunto de outras atividades comemorativas, desde logo, a décima edição do Fórum do Outono, que terá lugar em novembro e que, este ano, apresentará um conjunto de novidades – que em breve serão desvendadas.

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