Será que o vinho do Douro que temos à mesa é mesmo do Douro? O INESC TEC tem tecnologia para termos a certeza

O vinho de Portugal, o mel de Espanha, o azeite da Grécia, a carne da Alemanha, os lacticínios e pescado nórdicos: o que têm em comum? Estão todos ligados pelo WATSON, o projeto que traz para cima desta mesa tecnologias blockchain, inteligência artificial, visão computacional, sensores e sistemas de geolocalização para aumentar a rastreabilidade de produtos alimentares e contribuir para aumentar a informação, prevenção e combate à fraude.

No final de abril, o INESC TEC acolheu, no Porto, a reunião do consórcio, composto por 44 parceiros de 19 países, que está a testar tecnologia para melhorar a segurança das cadeias de valor e, consequentemente, aumentar a confiança do consumidor. Trata-se de investigar e desenvolver tecnologias acessíveis e fiáveis que pode ser facilmente adotadas em diferentes cadeias de valor.

“Na última reunião de consórcio, foi feito um ponto de situação do desenvolvimento das diferentes tecnologias, e foi dado especial ênfase à integração destas nos diferente pilotos que iniciaram formalmente em abril. O INESC TEC apresentou o protótipo de aplicação para análise de vinho para apoio a utilizadores com deficiência visual, assim como sensores a serem utilizados na vinha”, explica Pedro Miguel Carvalho, investigador do INESC TEC.

As tecnologias desenvolvidas pelo projeto estão presentes em vários pontos da cadeia de valor dos alimentos estudados. No contexto do use case português, o foco está na rastreabilidade do produto, desde a vinha até à produção de vinho. Uma das principais preocupações passa pela entrada de uvas externas as regiões de Denominação de Origem Controlada. Com um custo muito baixo, provenientes de outras regiões, estas uvas acabam por prejudicar produtores locais.

Para os proteger e para consciencializar os consumidores, promovendo a sua confiança quanto ao que pretendem comprar, o consórcio está a desenvolver tecnologias para rastrear a origem das uvas e a estimar as quantidades colhidas graças a sensores, o armazenamento desta informação numa infraestrutura Blockchain, e mecanismos para consulta e apresentação da informação relevante sob a forma de um “passaporte digital”.

O objetivo é monitorizar o percurso da uva e as condições em que tal ocorre. O camião de transporte fez um desvio na rota? Parou por demasiado tempo? Ocorreram condições ambientais anormais?

Na última semana de abril, o consórcio visitou a Quinta do Seixo, da Sogrape, um dos parceiros do projeto, onde está a ser instalado e demonstrado o piloto português. “Foi possível perceber o processo associado à produção, os problemas subjacentes e ver as tecnologias que vão ser testadas. Nos próximos meses, o piloto irá continuar, com as tecnologias a serem testadas e melhoradas, culminando com a vindima e produção de vinho”, adianta o investigador.

O projeto WATSONA holistic frameWork with Anticounterfeit and inTelligence-based technologieS that will assist food chain stakehOlders in rapidly identifying and preveNting the spread of fraudulent practices – arrancou em março de 2023 e é financiado pelo programa Horizonte Europa da Comissão Europeia, tem um orçamento superior a 11 milhões de euros, e ficará concluído em 2026.

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
EnglishPortugal