Ao longo de cinco dias, a cidade do Porto foi a capital mundial da sensorização ótica

O principal fórum mundial dedicado a sensores fotónicos baseados em fibra ótica trouxe, pela primeira vez, à cidade do Porto especialistas de todo mundo para discutir os mais recentes avanços científicos e tecnológicos na área.

A 29.ª Conferência Internacional sobre Sensores de Fibra Ótica (OFS29) reuniu mais de 600 pessoas de 40 países e teve organização do INESC TEC. Ao longo de cinco dias, três áreas emergiram com especial dinamismo.

Em primeiro lugar, surgem os sensores óticos de natureza quântica. José Luís Santos, investigador do INESC TEC e General Chair do evento, explica que apresentam “desempenhos potenciais muito acima do que se consegue atualmente” e garante que “muito antes de existirem computadores quânticos teremos sensorização quântica que, de facto, é necessária para se chegar à computação quântica”.

A OFS29 destacou, por outro lado, o avanço dos sensores óticos para a deteção de grandezas bioquímicas, tanto em organismos vivos como em contextos de monitorização ambiental remota, evidenciando o seu potencial para aplicações em saúde e sustentabilidade.

Ainda assim, uma das áreas em maior destaque do evento foi a sensorização distribuída, que tem vindo a atingir um nível de maturidade tecnológica impressionante. “Considere-se uma estrutura enorme, por exemplo a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto”, avança José Luís Santos, “fibras óticas com revestimento especial são inseridas nas paredes de todas as salas aquando da sua construção (em teoria basta uma única fibra, pois pode ter dezenas de quilómetros de extensão). Quando alguém fala numa sala, ondas acústicas são emitidas e detetadas pela fibra, que percorre as paredes da sala”. Trata-se de um efeito extremamente subtil, mas atualmente detetável graças aos avanços recentes nesta área. Com esta tecnologia, seria possível a alguém da equipa de segurança, por exemplo, ouvir com nitidez o que se passa numa sala distante. “Incrível, mas também assustador”, acredita o investigador.

Palestras, apresentações orais e em formato poster, workshops e uma exposição técnica fizeram da 29ª edição da conferência um ponto de encontro para investigadores, empresas e instituições que trabalham na vanguarda da sensorização ótica, promovendo a partilha de conhecimento, o debate científico e a demonstração das mais recentes inovações tecnológicas na área.

José Luís Santos não tem dúvidas de que um evento desta envergadura é, não só, reconhecimento do prestígio científico do país nesta área, mas também da confiança na instituição que assume a responsabilidade da sua organização, o INESC TEC, e na equipa científica da instituição que está envolvida na organização do evento. “O facto de a conferência se realizar em Portugal, no Porto, com a organização do INESC TEC, é já fator de enorme prestígio para o país e para a região”, conclui.

Tradicionalmente, a conferência alterna entre diferentes regiões do mundo, como Ásia, Europa e América do Norte, onde deverá realizar-se no próximo ano.

O investigador referido na notícia tem vínculo ao INSC TEC e à FCUP -UP.

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