É possível tornar visível o invisível através de uma demonstração? Com o INESC TEC sim, através de realidade mista

O INESC TEC esteve em destaque num dos maiores encontros de especialistas que trabalham na área do 5G, IoT e 6G. Na EuCNC & 6G Summit 2025, que este ano se realizou em Poznan, na Polónia, o Instituto tornou visível o invisível através de uma demonstração com realidade mista.

Mas, vamos por partes. O que é realidade mista? É a conjugação de tecnologias de Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR). E o que é que o INESC TEC conseguiu demonstrar? Através de uma demonstração inovadora de realidade mista, os visitantes da Exposição EuCNC & 6G Summit 2025 conseguiram “ver” os sinais de rádio 5G e 6G – que são, normalmente, invisíveis -, no espaço envolvente.

E como é que a equipa de investigação do INESC TEC que esteve na Polónia conseguiu este feito? A demonstração levada a cabo pelo Instituto foi feita no âmbito do projeto CONVERGE – coordenado pelo INESC TEC – e integrou gémeos digitais (digital twins, na sigla anglo saxónica), em tempo real, de dois laboratórios distribuídos pela Europa – no Porto, Portugal, e em Oulu, na Finlândia. Assim, foi possível criar uma experiência interativa única, onde os participantes puderam controlar remotamente, através de interfaces XR (plataformas flexíveis em que é possível projetar experiências imersivas), equipamentos como braços robóticos, unidades rádio, cortinas bloqueadoras de sinais RF (sinais eletromagnéticos sem fios que são usados como formas de comunicação) e superfícies inteligentes reconfiguráveis (RIS).

“Através de tecnologias AR e VR, os participantes interagiram com réplicas 3D dos ambientes laboratoriais reais, visualizando em tempo real o comportamento dos sinais sem fios, os principais indicadores de desempenho da rede (KPIs) e até métricas de valor (KVIs), tudo apresentado através de interfaces gamificadas e intuitivas”, explica Luís Pessoa, investigador do INESC TEC e coordenador do projeto europeu CONVERGE.

O objetivo da demonstração foi mostrar como a convergência entre XR, gémeos digitais e comunicações avançadas pode transformar a forma como interagimos com infraestruturas técnicas e ambientes de rede — especialmente em cenários industriais, de investigação e de controlo remoto.

A demonstração resultou de uma colaboração entre o projeto CONVERGE (financiado pelo programa Horizonte Europa) e a 6G Flagship da Finlândia, com o apoio do projeto 6G-Sandbox. Juntos, os três stands no evento mostraram diferentes vertentes da mesma visão: infraestruturas inteligentes (6G Flagship), aplicações experimentais imersivas (CONVERGE), e gémeos digitais continentais com navegação entre locais (6G-Sandbox).

“Com esta presença conjunta, ficou demonstrado o potencial de interação transfronteiriça em tempo real com ambientes laboratoriais, utilizando tecnologias imersivas para facilitar a experimentação, monitorização e controlo remoto de redes e dispositivos”, acrescenta o investigador do INESC TEC Filipe B. Teixeira.

A demonstração pode ser vista aqui.

Não só de demonstrações se fez sentir a presença do INESC TEC – dois workshops sobre Hardware 6G e cooperação transatlântica marcaram também a participação do INESC TEC na EuCNC & 6G Summit 2025

Além da demonstração imersiva do projeto CONVERGE, o INESC TEC teve um papel de destaque na organização científica da EuCNC & 6G Summit 2025, através da coorganização de dois workshops de elevada relevância para o futuro das redes móveis, e na participação noutros dois.

Hardware Components Evolution Towards 6G” foi o nome de um dos workshops coorganizados pelo INESC TEC, que reuniu dez projetos do programa europeu SNS (Smart Networks and Services Joint Undertaking), incluindo o TERRAMETA, também ele coordenado pelo INESC TEC. O workshop – cuja coorganização esteve a cargo de Luís Pessoa – focou-se na evolução dos componentes de hardware críticos para redes 6G — como circuitos integrados mmWave/sub-THz, fotónica integrada, antenas em guia de onda e integração híbrida RF-SOI —, destacando as ligações estratégicas com o programa europeu Chips JU, que visa reforçar a soberania da Europa na área da microeletrónica.

O workshop terminou com um painel de discussão moderado por Bernard Barani (6G-IA), que incluiu representantes dos projetos X-TREME 6G (projeto lighthouse na área da microeletrónica do SNS-JU), PROTEUS6G e INSTICT/6G-SENSES. “Neste painel abordaram-se os novos desafios que a evolução para o 6G impõe às capacidades da microeletrónica, incluindo a necessidade de tecnologias mais eficientes, integráveis e operáveis em frequências elevadas. Foram também discutidas as prioridades do programa SNS-JU para a microeletrónica nos próximos concursos europeus, bem como a importância estratégica das linhas-piloto do programa Chips JU, enquanto facilitadores do desenvolvimento e validação de soluções europeias para componentes fundamentais das futuras redes 6G”, explica o investigador Luís Pessoa.

Também da coresponsabilidade do mesmo investigador foi o workshop “EU–US Cooperation on Advanced Research Platforms: Driving Innovation Across the Full Research Lifecycle”, que promoveu o diálogo transatlântico entre seis projetos de investigação da Europa e dos Estados Unidos, incluindo o projeto CONVERGE.

Com a participação de entidades como a NSF (National Science Foundation) e a SNS JU, este workshop discutiu o papel das plataformas experimentais no avanço das redes 6G, destacando temas como a interoperabilidade, os dados abertos, a reprodutibilidade científica e a escalabilidade das infraestruturas de teste.

“Foram apresentadas abordagens práticas por projetos como SLICES-RI, 6G-SANDBOX e CONVERGE, sublinhando o valor da cooperação internacional para acelerar a inovação e garantir que os novos paradigmas de rede sejam testados de forma aberta, confiável e colaborativa”, explica Luís Pessoa.

O workshop incluiu painel de discussão moderado por Odysseas Pyrovolakis (SNS-JU) com representantes de plataformas de investigação da União Europeia e dos Estados Unidos, onde se promoveu uma discussão ativa sobre o futuro das infraestruturas experimentais, a sua evolução tecnológica esperada e os caminhos para uma colaboração global eficaz. Entre os tópicos debatidos destacaram-se a partilha de testbeds entre continentes, os elementos ainda em falta para garantir capacidades técnicas adequadas ao 6G, os desafios e barreiras no contexto de plataformas como o FABRIC, a definição de indicadores de desempenho de longo prazo (KPIs), o papel das soluções open-source, e a partilha de dados abertos como pilar da investigação reprodutível e escalável.

“Com estas duas iniciativas, o INESC TEC reforçou o seu compromisso na liderança científica e tecnológica europeia no domínio das futuras redes de comunicações”, esclarece o investigador.

A participação noutros workshops durante a EuCNC & 6G Summit 2025

Para além dos workshops que organizou, o INESC TEC participou ainda em mais dois ao longo da conferência.

6G experimentation methodologies, pitfalls and best practices” foi o nome do workshop onde o INESC TEC se fez representar, desta vez através do investigador Filipe B. Teixeira. Dedicado à partilha de boas práticas e metodologias de experimentação desenvolvidas por projetos do SNS JU, com o objetivo de melhorar a qualidade e a fiabilidade dos resultados experimentais no contexto das redes 6G, o investigador do INESC TEC fez, neste workshop, uma apresentação denominada “How to ensure multi-modal data synchronisation and annotation”.

“Nesta apresentação partilhei o trabalho em curso no âmbito do projeto CONVERGE relacionado com a aquisição de dados multimodais com sincronismo de alta precisão, bem como a criação e publicação dos respetivos datasets”, explica Filipe B. Teixeira.

Por último, o Instituto fez-se representar no workshop denominado “Integrated Sensing and Communications (ISAC) – European Research Framework”. Este workshop reuniu mais de 15 projetos europeus financiados pelo programa SNS JU, com o objetivo de discutir os avanços e desafios na integração de capacidades de comunicação e sensorização nas futuras redes 6G. Luís Pessoa participou como orador no painel dedicado à investigação no nível físico (PHY), onde referiu os desenvolvimentos do projeto TERRAMETA de superfícies inteligentes reconfiguráveis sub-THz e a sua importância para aplicações de ISAC. A sessão abordou temas como inovações na camada física, melhorias a nível de sistema, experiências reais de implementação e esforços de normalização, destacando a importância da colaboração europeia para a evolução das tecnologias ISAC no contexto do 6G.

Sobre a EuCNC & 6G Summit 2025

A EuCNC & 6G Summit junta duas conferências de sucesso na área das telecomunicações: a EuCNC (European Conference on Networks and Communications), apoiada pela Comissão Europeia, e a 6G Summit, que teve origem no programa 6G Flagship, na Finlândia.

“A conferência é patrocinada pela IEEE Communications Society (ComSoc), pela European Association for Signal Processing (EURASIP) e pela European Association on Antennas and Propagation (EurAAP), e centra-se em todos os aspectos das telecomunicações, desde a implantação do 5G e da IoT móvel até à exploração do 6G e dos futuros sistemas e redes de comunicações, incluindo a experimentação e os bancos de ensaio, bem como as aplicações e os serviços”, como se pode ler no website da organização.

Investigação de ponta e indústrias e empresas de renome mundial reúnem-se neste fórum, que se traduz numa presença de mais de 40 países e numa exposição com mais de 50 expositores e que tem como objetivo apresentar, discutir e demonstrar as últimas tecnologias e resultados atingidos nestas áreas.

 

Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

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