Quer saber tudo acerca do calçado que está a comprar? O INESC TEC criou uma solução de rastreabilidade

No âmbito do projeto Bioshoes4All, o INESC TEC está na fase final de desenvolvimento de uma solução de rastreabilidade que permite acompanhar o ciclo de vida do calçado desde a matéria-prima até ao produto final. A grande vantagem deste sistema é que tira partido dos dados que já estão a ser registados nos sistemas das empresas, usando-os de forma automática para criar o registo completo de rastreabilidade.

 

Imagine que precisa de comprar um par de sapatos. Mesmo que procure um produto made in Portugal, alguma vez se perguntou de onde vem a matéria-prima? Em quantos pares de sapatos foi usada a mesma peça de couro? Como é que foi produzido? Os materiais usados são recicláveis?

A maioria das soluções de rastreabilidade hoje obriga as empresas a usar uma plataforma externa onde precisam inserir dados manualmente: “quando recebi este material”, “quando usei este lote”, “quando embalei este produto”. O INESC TEC está a construir uma arquitetura que promete transformar este processo. Como?  Tirando partido dos dados que já estão a ser registados nos sistemas da empresa.

“Já temos total integração com os sistemas de informação das empresas do consórcio e já alguns exemplos reais que serão apresentados dia 3 de julho. Isto poupa tempo, evita duplicação de tarefas e melhora a qualidade dos dados.”, explica Ricardo Ferreira, investigador do INESC TEC.

O desenvolvimento desta ferramenta enfrentou vários desafios que são comuns à realidade da indústria do calçado. Desde a necessidade de garantir a soberania dos dados – assegurando que cada empresa mantém o controlo total sobre as suas informações – até à dificuldade em normalizar a informação recolhida nos diversos sistemas. Há também obstáculos mais técnicos como evitar o aumento da carga de trabalho dos colaboradores com a integração com sistemas já existentes, assegurar que cada produto tenha um identificador único e que a informação seja acessível de forma simples e intuitiva ou garantir a existências de metodologias claras para a digitalização de processos como a receção de matérias-primas ou a gestão de lotes logísticos.

Para ultrapassar estes entraves, a solução proposta aposta em padrões de identificação que permitem aceder rapidamente a informações detalhadas sobre cada produto, uma arquitetura distribuída que garante segurança e controlo, e na interoperabilidade como princípio estrutural, reduzindo a necessidade de alterações profundas nas infraestruturas informáticas das empresas. “Ao mesmo tempo, a ferramenta está já a ser desenhada em conformidade com o futuro Passaporte Digital do Produto, respondendo às exigências crescentes de transparência e rastreabilidade ao longo do ciclo de vida dos produtos”, adianta o investigador.

Com um desenho assente na flexibilidade, esta solução mostra-se escalável e adaptável a empresas com diferentes níveis de digitalização. A grande vantagem é permitir que as empresas controlam a sua a sua própria informação sem comprometer a interoperabilidade do sistema.

“Empresas menos digitalizadas podem começar por usar QR Codes para identificar produtos e, à medida que avançam na sua transformação digital, evoluir para modelos mais completos de rastreabilidade. Esta arquitetura não só se antecipa às futuras regulamentações europeias como também reforça práticas ligadas à economia circular, promovendo a manutenção, reutilização e reciclagem dos produtos”, acrescenta Ricardo Ferreira.

Do laboratório para a fábrica, esta ferramenta pode vir a ser tão essencial no setor do calçado como o GPS é nos dias de hoje, dando-nos as indicações que precisamos.

 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.

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