O atraso na geração de dados sintéticos para séries temporais, elementos fundamentais nos cenários de previsão energética, foi uma das motivações para o GENESIS – um projeto que pretende capacitar os mercados locais de energia elétrica de dados sintéticos contextuais e modelos de inteligência artificial expectável.
As limitações tecnológicas, falta de dados e ausência de ferramentas acessíveis são algumas das dificuldades enfrentadas pelos mercados locais de energia (LEM) – iniciativas promovidas pelo OMIE (operador do mercado ibérico de eletricidade) que visam empoderar o consumidor e integrar energias renováveis para, assim, aumentar a eficiência energética da rede. Todos estes elementos representam entraves à criação de dados sintéticos representativos e explicáveis, que culminam em cenários pouco fiáveis para os mercados em causa.
São estes os entraves que o projeto GENESIS pretende resolver, combinando modelos generativos contextuais e de inteligência artificial explicável para desenvolver soluções fiáveis, transparentes e acessíveis, mas, acima de tudo, com validação prática no domínio da energia. O projeto, que envolve as áreas de sistemas de energia e engenharia e sistemas humanos do INESC TEC, divide-se em duas fases de desenvolvimento.
A primeira foca-se na recolha de dados, elementos essenciais para alimentar os modelos de inteligência artificial, de consumo energético, produção renovável, preços de mercado e dados contextuais. A segunda fase, por sua vez, visa o desenvolvimento de modelos generativos capazes de criar dados sintéticos realistas e contextuais. Este passo é fundamental para a criação de modelos explicáveis de inteligência artificial adaptados a diferentes perfis de utilizadores.
De acordo com Tiago Campelos Pinto, investigador do INESC TEC, o projeto GENESIS pretende criar “novos conhecimentos científicos” aliados a “soluções tecnológicas inovadoras”. “Os resultados poderão ter uma aplicação direta na formação de consumidores e produtores, apoio à decisão por parte de reguladores e operadores de rede, e no desenvolvimento de novas soluções comerciais para empresas do setor energético”, aponta.
Entre os resultados esperados, incluem-se a criação de “dados sintéticos contextuais realistas que podem ser usados para simular cenários energéticos complexos sem comprometer a privacidade dos utilizadores”. Numa outra vertente, é possível também antecipar a implementação de “modelos de inteligência artificial explicativa ,capazes de adaptar as explicações às necessidades e perfis de diferentes utilizadores”. Tudo com o objetivo de “aumentar a transparência e confiança nas soluções”.
No que respeita aos mercados locais de energia, estes vão ainda beneficiar de um simulador que permitirá “testar, comparar e validar diferentes modelos de mercado num ambiente controlado”, e com a participação ativa de especialistas e utilizadores finais.
O projeto GENESIS, de tipologia IC&DT, é promovido no âmbito da Fundação para a Tecnologia, e conta também com a participação de investigadores da Universidade Estadual Paulista – uma parceria que veio reforçar “a vertente internacional do projeto e acrescentar competências em otimização, inteligência artificial aplicada e planeamento de sistemas energéticos”, conclui o investigador.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).