Gerir uma comunidade de energia pode tornar-se até ainda mais eficiente graças a um conjunto de ferramentas digitais que o INESC TEC está a preparar no âmbito do projeto europeu EMPEDOFLEX. São pelo menos 10 as aplicações interoperáveis, que serão validadas em quatro , e que irão apoiar municípios, operadores de rede e gestores de comunidades energéticas a reduzir custos, integrar mais fontes de energia renovável e aumentar a resiliência das redes.
A grande inovação do EMPEDOFLEX está em integrar, numa única caixa de ferramentas (digital toolbox na versão anglo-saxónica), soluções interoperáveis e validadas em cenários reais para apoiar o desenho, planeamento e operação de Positive Energy Districts (PEDs) – áreas urbanas ou bairros que produzem mais energia renovável do que consomem ao longo do ano – e comunidades de energia locais. Atualmente, existem apenas aplicações isoladas, sem um modelo comum de dados.
“A ideia é criar soluções que integrem dados, prevejam consumos e produção, planeiem estratégias de médio e longo prazo e ajudem a gerir, em tempo real, os recursos energéticos distribuídos. Queremos, dessa forma, maximizar o uso de renováveis, promovendo uma maior capacidade de flexibilidade e integração de recursos energéticos distribuídos, ou seja, pequenas unidades de produção, armazenamento ou gestão de energia que estão ligadas diretamente às redes locais de distribuição e não a grandes centrais elétricas”, explica Tiago Soares, investigador do INESC TEC.
Os resultados esperados incluem a disponibilização de, pelo menos, 10 ferramentas interoperáveis, validadas em quatro casos de uso reais, que cobrem todo o ciclo de vida de um PED – do planeamento à operação. Segundo o investigador, estas ferramentas vão permitir “um aumento de até 40% na capacidade de prestação de flexibilidade face ao cenário atual, maior literacia energética e envolvimento dos cidadãos, redução de custos e emissões, e uma integração mais eficiente entre edifícios, distritos e vetores energéticos, incluindo a mobilidade elétrica”.
No projeto, o INESC TEC assume um papel ativo no desenvolvimento tecnológico, sobretudo nas áreas de gestão de curto prazo e interoperabilidade. Entre as contribuições destaca-se a orquestração entre as ferramentas de previsão e de gestão, garantindo que os sistemas respondem de forma coordenada a sinais de mercado e de operação em tempo real, bem como a criação do modelo de dados semântico comum do projeto, que assegura a interoperabilidade entre todas as ferramentas. “As ferramentas a desenvolver pelo INESC TEC terão como ponto de partida soluções e conhecimentos obtidos em projetos anteriores, o que permitirá evoluir e melhorar ferramentas já existentes, alavancando-as com novos desenvolvimentos para as tornar mais completas, robustas e adaptáveis. O exemplo disso é a ferramenta SEMAPTIC que será usada como base para o desenvolvimento do modelo de dados semântico”, acrescenta Tiago Soares.
Os principais beneficiários do EMPEDOFLEX serão os operadores de rede, que passam a dispor de ferramentas avançadas para gerir flexibilidade. Também municípios, gestores de PEDs e comunidades locais de energia terão acesso a soluções de planeamento e operação, enquanto empresas de serviços energéticos, fornecedores de tecnologia e cidadãos ganham novas oportunidades para reduzir custos, aumentar o autoconsumo e participar de forma mais informada na transição energética.
O projeto EMPEDOFLEX representa uma oportunidade para criar uma base tecnológica sólida que pode ser reutilizada em futuros desenvolvimentos nesta linha de investigação, acelerando a adoção de PED na Europa.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).