André Baltazar
“Gostaríamos de nomear o André Baltazar pelos resultados alcançados na área da mecatrónica, sobretudo no âmbito do TRIBE LAB, bem como pela organização exemplar do evento Synergy Day by INESC TEC 2025. O sucesso da edição deste ano – que envolveu múltiplos centros e mais de 100 participantes, com atividades nos auditórios e nas vinhas da UTAD – exigiu um elevado nível de planeamento, coordenação e execução. Todo este trabalho foi conduzido com profissionalismo, dedicação e qualidade, razões pelas quais esta nomeação é mais do que merecida”.
– coordenação do CRIIS
Foram referidos os resultados obtidos na área da mecatrónica do TRIBE LAB; poderia falar-nos um pouco mais das suas atividades em termos de desenvolvimento de projetos/soluções/inovações neste domínio? Há algum resultado ou tecnologia que gostaria de salientar?
A área de mecatrónica do TRIBE LAB é essencial para o projeto e desenvolvimento dos nossos protótipos, pois procuramos sempre criar soluções de raiz. Esta abordagem permite-nos controlar aspetos como custo e a complexidade, facilitando a futura transferência da tecnologia para o mercado. Entre os resultados, destaco o Modular-X, desenvolvido em apenas três meses no final do ano passado para ser apresentado na FIRA 2025. Atualmente, trabalhamos também no protótipo de uma vindimadora, iniciado através de sessões de design thinking com contributos de toda a equipa. O projeto encontra-se numa fase avançada, e prevemos a realização dos primeiros testes e validações ainda este ano.
O André esteve envolvido na organização do Synergy Day, um evento focado nos setores agrícola, vitivinícola e florestal; qual é o balanço que faz desta iniciativa?
E que importância atribui em termos de reforço do papel da instituição nestes domínios/setores?
O Synergy Day by INESC TEC 2025 foi um evento realizado com o objetivo de apresentar os mais recentes resultados da nossa atividade de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT), com foco na aplicação de robótica, Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) para o setor vitivinícola.
O evento teve a duração de um dia inteiro: de manhã, com uma sessão expositiva contando com diferentes oradores de destaque na área, e à tarde com uma sessão de exposição e demonstração de diversos protótipos de Robótica e IoT desenvolvidos pelo TRIBE para o setor. Este formato permite reunir, no mesmo espaço, instituições de investigação, empresas tecnológicas e utilizadores finais, criando uma excelente oportunidade para partilha de conhecimento. Contou ainda com a presença de colaboradores de outros centros do INESC TEC apresentando-se assim como um evento muito importante para marcar a posição do INESC TEC neste setor.
Do que mais gosta no seu trabalho?
De fazer as coisas acontecer em contextos bem diferentes, desde a gestão da área da mecatrónica, passando pela organização de eventos até tarefas mais práticas em laboratório ou no terreno.
Como comenta esta nomeação?
É um reconhecimento que deve ser partilhado com toda a equipa do TRIBE LAB. O nosso espírito de equipa é o que nos distingue e permite alcançar metas ambiciosas. Ninguém constrói um Modular-X em três meses ou organiza um evento com 100 participantes sem uma equipa fantástica ao lado.
Ricardo Sousa
“O Ricardo Sousa foi nomeado como reconhecimento pela sua dedicação e significativa contribuição para as atividades do CRIIS, e em particular na área da robótica móvel, onde tem contribuído significativamente para a melhoria das soluções de localização e navegação de robôs. Mesmo a realizar a sua tese de doutoramento, o Ricardo tem estado fortemente envolvido em atividades nos projetos, nomeadamente a nível de gestão do projeto GreenAuto, mas também do Produtech R3 (planeamento, preparação e realização de atividades de demonstração), e nunca deixa de ajudar os restantes colegas com contribuições significativas e bem fundamentadas em atividades e áreas para além daquelas em que se encontra a realizar a sua investigação”.
– coordenação do CRIIS
O Ricardo tem estado ativamente envolvido no desenvolvimento de soluções na área da robótica móvel; pode dar-nos algum exemplo do seu mais recente trabalho? Ou indicar algum projeto/tecnologia que considere relevante?
O projeto no contexto do meu doutoramento, que está diretamente relacionado com um dos desenvolvimentos previstos no âmbito do PPS18 do projeto GreenAuto, está relacionado com a localização e navegação autónoma de robôs móveis a longo-termo. A forma tradicional segundo a qual os robôs móveis se localizam no chão de fábrica pressupõe uma representação estática do ambiente, pelo que se o ambiente for dinâmico – quer seja pessoas a moverem-se no ambiente ou objetos (e.g., caixas, paletes) que mudam de sítio – isso pode levar a que o robô fique inoperável, não se conseguindo localizar no meio em que se encontra; consequentemente, fica impossibilitada a navegação autónoma e a execução das tarefas que foram atribuídas a um dado robô. Com isto, o meu doutoramento é focado no desenvolvimento de metodologias que permitam tornar a navegação do robô mais robusta em contexto dinâmicos, quer seja pela perceção da dinâmica usando ray tracing, geração de mapas que representem o ambiente com menor influência da dinâmica, e a própria manutenção e atualização da representação do ambiente ao longo do tempo.
Participa, também, nos projetos GreenAuto e Produtech R3? Que tipo de atividades desempenha em cada uma das iniciativas? O que gostaria de salientar (resultados obtidos, potencial, fator diferenciador, etc.) em cada um dos projetos?
Sim, participo em ambos os projetos. No caso do GreenAuto, para além do tópico do doutoramento relacionado com localização e mapeamento a longo-termo, participo em conjunto com outros colegas do CRIIS na investigação em localização 3D, perceção multimodal e deteção de caixas metálicas em contexto da indústria automóvel. Um dos resultados interessantes deste projeto foi o estudo que realizamos para avaliação da performance de diferentes algoritmos de localização em mapeamento 3D (SLAM) baseados em 3D LiDAR (Light Detection And Ranging). Este estudo requereu a aquisição de um dataset - IILABS 3D: iilab Indoor LiDAR-based SLAM Dataset – para se efetuar um benchmark dos algoritmos nas mesmas condições, onde foi observado que algoritmos 3D LiDAR-based SLAM que incorporem dados de Inertial Measurement Unit (IMU) tendem a ter melhores resultados face a algoritmos que considerem somente 3D LiDAR. Quanto ao PRODUTECH R3, tenho colaborado com colegas do CRIIS no desenvolvimento de um algoritmo para deteção de paletes com câmaras RGBD e consequente automatização no transporte de paletes em operações intralogísticas com robôs móveis. Este algoritmo recorre a modelos de machine learning para segmentação de imagens RGB, sendo depois processada a nuvem de pontos do canal de profundidade para estimação da pose da palete em relação à câmara.
Um dos fatores que distinguem esta tecnologia de outras disponíveis no mercado e na literatura é o seu foco em somente ser usado uma câmara RGBD, possivelmente de baixo custo, e abstração da câmara em si, podendo ser compatível com outras câmaras RGBD disponíveis no mercado. Por último, também gostaria de salientar a minha participação num estudo inicial realizado no CRIIS, com a colaboração da NOS, para controlo remoto de robôs móveis usando a infraestrutura de rede 5G da NOS instalada no iiLab.
Do que mais gosta no seu trabalho?
É a parte de investigação científica aplicada em contexto real. Desde que estou no CRIIS, para além de haver incentivo a investigação fundamental, existe sempre o foco na aplicação da nossa investigação em casos práticos e em possível colaboração com parceiros industriais, seja no contexto de percurso académico (BSc, MSc, PhD) ou institucional (projetos de investigação). Apesar deste contexto de inovação e testes em ambientes reais trazer dificuldades, o desafio em si é uma das principais razões pelas quais decidi, após a dissertação de mestrado, realizar o meu doutoramento no INESC TEC.
Como comenta esta nomeação?
Em primeiro, agradeço à coordenação do CRIIS pela nomeação e reconhecimento do trabalho realizado, bem como pelo apoio que têm dado no meu desenvolvimento profissional desde que estou no INESC TEC. E, claro está, agradecer também em especial a todos os colegas do CRIIS com os quais tenho o prazer de trabalhar e colaborar no dia a dia – e por todo o seu apoio, também.
Rita Vieira
“O C-BER gostaria de nomear a Rita Vieira; desde a sua integração na nossa equipa em 2023, tendo começado como bolseira, seguindo-se a tese de mestrado e a sua integração na equipa no âmbito do projeto CARE-IN-HEALTH, a Rita tem demonstrado um desempenho exemplar e grande capacidade de adaptação a novos desafios, contribuindo de forma significativa para a melhoria da equipa e para diversos projetos. Destacamos, também, o seu papel nos projetos s2IO, SmartDBS e iHandU (sendo importante ressalvar o apoio técnico à start-up Insignals Neurotech), bem como em diversas atividades relacionadas com os projetos AI4LUNGS e a WeSENSS. Em todas estas iniciativas, a Rita tem-se destacado pelas suas competências em termos de I&D, pelo desenvolvimento e aplicação de tecnologias, e pelas ideias inovadoras que apresenta”.
– coordenação do C-BER
Foi referido o contributo da Rita em diferentes projetos; poderia falar-nos um pouco mais sobre cada um deles, bem como descrever, resumidamente, as atividades desenvolvidas em cada um?
Desde a minha integração na equipa, tive oportunidade de colaborar em vários projetos, alguns deles de naturezas muito diferentes. No projeto CARE-IN-HEALTH, estamos a desenvolver uma solução point-of-care para análise de biomarcadores, de forma a melhorar a eficiência dos cuidados primários. Nos projetos SmartDBS e iHandU, estive envolvida em tarefas de recolha de dados, desenvolvimento tecnológico, algoritmos de monitorização e sincronização dos dispositivos usados para doentes de Parkinson com neuroestimulação, em parceria com o Hospital de São João. Mais recentemente, participei mais a nível de suporte técnico às aplicações móveis dos projetos do AI4LUNGS e do WeSENSS.
Tratando-se de projetos/iniciativas distintos (com objetivos e resultados específicos), quais são os principais desafios encontrados no decorrer do seu trabalho? De que forma consegue equilibrar e desempenhar diferentes “papéis”?
Trabalhar com projetos diferentes – por vezes, bastante distintos – é muito desafiante. Conciliar projetos de áreas científicas distintas, com contextos bastante diferentes, cada um com os seus objetivos e prazos, exige bastante adaptação e resiliência. Para equilibrar estes papéis, tento organizar bem o trabalho, definir prioridades e, sobretudo, aprender a adaptar-me rapidamente a estes novos contextos e às necessidades técnicas exigidas. O apoio da equipa e a colaboração multidisciplinar têm sido fundamentais para conseguir desempenhar funções tão variadas.
Há algum projeto, tecnologia ou solução que considere ser importante realçar, pelo seu fator diferenciador, impacto, ou mesmo por alguma razão mais pessoal?
Gostaria de destacar o iHandU, pela sua relevância clínica e pelo potencial impacto direto na qualidade de vida dos doentes com Parkinson. É um exemplo de como a investigação pode ser transferida para uma solução prática, com valor acrescentado para a sociedade. Já tivemos também oportunidade de ter pacientes em contacto com a tecnologia e o feedback recebido foi bastante positivo, o que reforça a motivação para continuar a evoluir esta solução.
Do que mais gosta no seu trabalho?
O que mais me motiva é a possibilidade de trabalhar em tecnologias que podem ter impacto real na saúde das pessoas. Gosto também da diversidade de tarefas, que vão desde programar a ir recolher dados e estar com doentes no hospital, que, embora possa ser bastante desafiante, me permite crescer tanto a nível científico como pessoal.
Como comenta esta nomeação?
Gostaria de agradecer à equipa por esta nomeação, pela confiança e pelo apoio dado. Vejo esta distinção não apenas como um reconhecimento individual, mas como reflexo do trabalho coletivo da equipa, que tem sido essencial para o meu crescimento.