Que passos devem ser dados para termos, em Portugal, data centres sustentáveis e eficientes? E que papel pode ter a supercomputação neste processo? O INESC TEC marcou presença numa iniciativa da APDC – Digital Business Community, em colaboração com a VdA e a Portugal Data Centers, para discutir a instalação, a operação e o futuro destas infraestruturas no país.
O evento “O Futuro dos Data Centers em Portugal” contou com a presença de especialistas de associações setoriais, empresas e academia. Entre os temas em debate, destacou-se a reflexão sobre as questões de regulação, compliance e segurança jurídica; o investimento e o desenvolvimento do setor em Portugal; a sustentabilidade e eficiência energética dos data centers; e a inovação tecnológica e o futuro dos centros de dados e do ecossistema digital no nosso país.
Rui Oliveira, diretor do INESC TEC, participou na discussão sobre este último ponto. Em particular, e numa conversa que juntou, Sandra Almeida (APDC), Ângelo Monteiro (NVIDIA) e Cláudia Alves (Google), Rui Oliveira abordou o papel “absolutamente indispensável para o país” do Supercomputador Deucalion, lembrando que faz parte da Rede Europeia de Supercomputadores, a EuroHPC. Graças a esta infraestrutura de computação, foi possível “abrir caminho para um conjunto de iniciativas, quer do lado da educação, da academia, da investigação e do conhecimento, quer do lado da capacitação, do treino de profissionais – iniciativas que agora poderão ser capitalizadas pelos data centres e pelas fábricas de IA”, referiu.
Na opinião do Diretor do INESC TEC, o Deucalion, operado pelo Centro Nacional de Computação Avançada (CNCA), em parceria com o INESC TEC e a Universidade do Minho, vem dar resposta a uma componente que considera ser fundamental na soberania europeia a nível tecnológico: as competências humanas – sobretudo face à inexistência de competência técnica no desenho, acompanhamento tecnológico e operação da tecnologia que é necessária para implementar e gerir os centros de dados. “Existe uma lacuna enorme na nossa capacidade de criar valor em termos de aplicações, de serviços, em território nacional – sem fazer com que isso seja mais um investimento de importação. A grande peça do puzzle é a sustentabilidade das infraestruturas em termos de serviços, que nos distingam”, sublinhou.
E, para que isso aconteça, formar profissionais e garantir um mercado de trabalho que capitalize esse talento é essencial. A estratégia deve passar pelas pessoas e pelas competências, já que “a tecnologia instalada é investimento de importação e que não existe, em Portugal, produção de um único chip para um data centre”. “A questão da soberania não é termos um conjunto de caixas-fortes físicas onde guardamos dados. Se não começarmos pela soberania das competências humanas, que cobre toda a cadeia de valor – tudo o que acontece dentro das caixas-fortes -, corremos o risco de, em Portugal, termos caixas-fortes, com tecnologia, software, aplicações e gestão feitas «algures»”.
Além das competências, Rui Oliveira destacou ainda as questões de sustentabilidade relacionadas com o desenvolvimento da IA, e a importância das colaborações, seja a nível europeu – espaço onde defende que Portugal se deve “afirmar na sua complementaridade” em áreas que distinguem o país dos demais do velho continente – seja a nível global, dando como exemplo as parcerias com as universidades norte-americanas, em particular com a Universidade do Texas, em setores como a supercomputação e a energia.
O evento aconteceu no dia 5 de novembro e foi organizado pela APDC – Digital Business Community, em colaboração com a VdA e a Portugal Data Centers. Mais informação sobre a iniciativa, nomeadamente sobre os temas abordados em cada um dos painéis, pode ser consultada aqui. O vídeo do evento encontra-se igualmente disponível aqui.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à Universidade do Minho.

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