Tornar as estações de tratamento de águas residuais (ETAR) ainda mais sustentáveis e eficientes? É possível! O INESC TEC está a desenvolver, no âmbito do projeto WOOSU, uma solução tecnológica avançada dedicada à otimização da operação destas infraestruturas. O futuro passa por materializar novas oportunidades de circularidade, envolvendo elementos do sistema como água, energia e materiais.
Embora a recolha e tratamento de águas residuais urbanas em Portugal esteja muito alargada, a proporção de ETAR com tratamentos mais avançados abre espaço para a inovação. É aqui que o projeto WOOSU pode ser uma reposta estratégica para o país. Para além de transformar estas infraestruturas em sistemas mais eficientes, ambientalmente responsáveis e integrados nos territórios onde se inserem, o projeto pretende valorizar excedentes tradicionalmente subaproveitados, como lamas, biogás e calor, reintegrando-os na cadeia produtiva. Para tal, o INESC TEC vai desenvolver novos modelos de simbiose industrial multi-aspeto. Mas que modelos são estes e como poderão promover a redução de custos de operação, a diminuição da pegada ecológica e a reutilização local da água tratada?
Os modelos de simbiose industrial multi-aspeto pressupõem uma partilha e valorização de excedentes dentro de uma organização e/ou troca de recursos entre empresas e infraestruturas distintas. Ou seja, vão permitir integrar diferentes recursos, diferentes setores e diferentes fluxos, como explica o investigador do INESC TEC, António Baptista: “Estes modelos vão permitir materializar novas oportunidades de circularidade dentro e fora da infraestrutura ETAR, envolvendo elementos do sistema como água, energia e materiais. Os desenvolvimentos previstos serão traduzidos em artefactos de software e integrados numa plataforma digital capaz de apoiar decisores na avaliação de simbioses multi-aspeto, permitir a interoperabilidade com sistemas já existentes e maximizar o potencial de utilização das soluções geradas no projeto.”
Espera-se depois aplicar estas soluções avançadas de suporte à decisão para planear, monitorizar e gerir a operação de diferentes tipos de ETAR e contextos territoriais, reforçando a sustentabilidade económica, ambiental e social das infraestruturas, e aumentando a eficiência global da operação.
“Esta plataforma permitirá envolver autarquias, associações empresariais e associações cívicas, entidades de gestão de recursos hídricos e outros atores regionais, na definição de novos modelos de circularidade inter-empresas e territoriais. Já na fase de operação, a tecnologia dará suporte contínuo a gestores empresariais ou municipais, reforçando o controlo e a resiliência das infraestruturas”, acrescenta o coordenador do projeto do lado INESC TEC, Paulo Sá Marques.
De forma mais ampla, os beneficiários incluem os ecossistemas naturais, que sofrerão menor carga poluente direta, e os cidadãos, que usufruirão de ambientes mais limpos, condições reforçadas de saúde pública e menos poluição geradora de gases de efeito de estufa que agravam o aquecimento global.
O impacto do projeto WOOSU estende-se ainda ao futuro da investigação no INESC TEC. “A abordagem adotada reforça e expande uma linha de trabalho dedicada aos modelos multi-simbiose suportada por plataformas digitais avançadas, que poderá ser combinada com tecnologias como inteligência artificial, otimização avançada ou plataformas digitais interoperáveis aplicadas a sistemas territoriais mais amplos, como zonas industriais, redes metropolitanas ou clusters empresariais”, esclarece Cristóvão Sousa investigador que irá coordenar as componentes de plataformas digitais e sua integração com tecnologias de inteligência artificial do projeto.
O projeto, com financiamento COMPETE 2030 superior a um milhão de euros, conta ainda com o envolvimento da ONCONTROL, da AGR e do CEMMPRE (uma unidade interdisciplinar de I&D da Universidade de Coimbra).
Os Investigadores mencionados no artigo têm vínculo com o INESC TEC e o IPP-ESTGF.

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