O INESC TEC desenvolveu um demonstrador que mostra como poderá ser a próxima geração de conectividade: paredes, janelas ou móveis capazes de ajudar dispositivos a comunicar melhor. Esta tecnologia faz parte do projeto europeu SUPERIOT e já foi testada com sucesso, abrindo, assim, novas possibilidades para edifícios inteligentes, automação industrial, logística e comunicações indoor de elevada fiabilidade.
O demonstrador “Large-area IoT node/repeater” integra uma superfície inteligente reconfigurável (Reconfigurable Intelligent Surface – RIS -, na versão anglo-saxónica), capaz de “moldar” ondas de rádio e direcioná-las para onde são necessárias, melhorando a cobertura de sensores e dispositivos num espaço interior.
O INESC TEC foi responsável por criar toda a solução desde a construção da superfície inteligente e o desenvolvimento da eletrónica que a controla até ao software que permite adaptar o sinal em tempo real. Além disso, criou ferramentas que permitam visualizar o funcionamento de todo o sistema, garantindo que que tudo comunica corretamente com os restantes sistemas do projeto.
“O INESC TEC contribuiu ainda para o trabalho exploratório do projeto sobre novas tecnologias de RIS escaláveis, incluindo superfícies transparentes com base em vidro e elementos reconfiguráveis baseados em memristores (ou seja, usa componentes que “guardam memória” sem consumo energético constante)”, adianta o investigador do INESC TEC Luís Pessoa.
O protótipo foi demostrado e testado no Vitality Hub, em Eindhoven na Holanda, e os resultados mostraram que a RIS consegue adaptar-se em frações de segundo ao movimento de um dispositivo, redirecionando o sinal para garantir comunicações mais estáveis e precisas. O sistema é modular, o que significa que várias unidades podem ser ligadas entre si para cobrir áreas maiores, algo especialmente útil em espaços onde muitas tecnologias IoT (ou Internet das Coisas) convivem, como indústrias, centros logísticos ou casas inteligentes. No futuro, será possível integrar estas superfícies em paredes, tetos, mobiliário ou até janelas.
“Integrar superfícies inteligentes nos próprios materiais dos edifícios evita a instalação de equipamentos adicionais e melhora a cobertura e fiabilidade das comunicações em espaços complexos. Ao mesmo tempo, apostar em soluções impressas e de baixo consumo torna possível produzir estas superfícies a baixo custo com menor impacto ambiental. Estes avanços permitem, no futuro, integrar RIS diretamente em materiais arquitetónicos ou objetos do quotidiano, com forte potencial de transferência tecnológica”, explica Luís Pessoa.
Ao contrário dos repetidores tradicionais, estas superfícies funcionam quase sem gastar energia e aproveitam o ambiente físico em vez de exigirem mais antenas ou cabos. Isto torna a tecnologia não só inovadora, mas também alinhada com a visão de sustentabilidade que orienta o projeto SUPERIOT.
“A RIS funciona de forma passiva, reconfigurável e com consumo muito inferior a qualquer repetidor ativo convencional e integra materiais sustentáveis. Abre-se, assim, caminho para nós IoT totalmente impressos, descartáveis ou recicláveis, com baixo impacto ambiental”, acrescenta o investigador.
Com este demonstrador concluído e validado, o INESC TEC garante que a tecnologia é fiável, escalável e fácil de adaptar a diferentes contextos. Uma abordagem que reduz riscos, acelera a transferência tecnológica e posiciona a investigação portuguesa na linha da frente do desenvolvimento de soluções que podem chegar mais rapidamente ao mercado.
O projeto SUPERIOT termina no final de 2025.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.
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