Um tema quase irrecusável, numa altura em que guerras, terrorismo e fenómenos naturais, nos confrontam todos os dias

O Fórum INESC TEC do Outono teve, este ano, a sua 9.ª realização.  

É sempre um desafio encontrar, ano após ano, um tópico atual e importante, de preferência não repetido, capaz de mobilizar uma boa assistência e para o qual encontremos instituições e sobretudo pessoas capazes de apresentar e discutir as questões, por forma a que, no final, possamos estar mais alerta, informados e conhecedores. 

O Fórum é essencialmente virado para o exterior, procurando atrair a sociedade para discutir temas relevantes em que a ciência e a tecnologia possam ter um papel na sua resolução ou mitigação. 

O tema deste ano foram as infraestruturas críticas, sua segurança e resiliência. Eu diria que era um tema quase irrecusável, numa altura em que guerras, terrorismo e fenómenos naturais, nomeadamente os provocados pelo aquecimento global, nos confrontam todos os dias com descrições e imagens verdadeiramente assustadoras. 

Neste canto da Europa temos estado razoavelmente imunes a estes fenómenos, mas isso não nos deve fazer descansar, deixando que infraestruturas de que dependem o abastecimento de energia, de água e de alimentação, as comunicações sejam tele sejam físicas, rodoviárias, ferroviárias ou aeronáuticas – e daí que as consideremos críticas – podem simplesmente colapsar. 

O que vemos em Gaza, na Ucrânia ou em Valência, a disrupção dos meios informáticos por hackers cada vez mais audazes e poderosos, podem não estar tão longe como pode parecer.  Recordo só que, no final de novembro de 1967, as chuvas que caíram sobre Lisboa mataram, segundo estimativas referidas pelo IPMA, cerca de 700 pessoas – que o regime salazarista escondeu, mas que mesmo assim reportou 250 mortes – e provocaram “milhares de desalojados, estradas destruídas, campos alagados e aldeias submersas, entre outros graves danos”. Os danos hoje não seriam provavelmente tão grandes, mas seriam com certeza muito graves e, sobretudo, não nos devemos esquecer de que pode voltar a acontecer. 

Pois bem, penso que no Fórum deste ano acertámos bem nas pessoas convidadas, desde os dois keynote speakers, aos participantes nos dois painéis e às respetivas moderadoras, e finalmente a um encerramento em que obtivemos uma boa súmula das várias horas do evento e um encerramento sempre estimulante e claro do nosso presidente (que faz jus ao nome que tem). 

Ao longo do dia, começámos por ouvir a descrição  da complexidade da rede energética do Reino Unido e o modo como as questões de segurança têm sido abordadas e, seguidamente, no panorama nacional, percebemos também que as instituições intervenientes, os seus representantes e dirigentes estão conscientes da importância do que está à sua guarda, que as medidas tomadas vão, em geral, no sentido de termos sistemas mais seguros e robustos, sem que contudo tenha sido totalmente dissipada a sensação de que necessitamos ainda de melhor coordenação e, evidentemente, de mais investimento. 

Agora, resta-nos começar a pensar no tema do próximo ano, até porque a 10.ª edição do Fórum coincidirá com o 40.º aniversário do INESC no Porto.  Deixo aqui, aos INESCTECianos, o desafio de nos enviarem sugestões. 

Por Pedro Guedes de Oliveira,
membro executivo do Conselho de Diretores do INESC

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