O estudo do Eurobarómetro sobre o conhecimento e atitude dos cidadãos europeus em relação à ciência e tecnologia recentemente publicado mostra que mais de 80% da população considera positiva a influência da ciência e da tecnologia. Enquanto instituição de ciência, tecnologia e inovação, estes resultados deixam-nos certamente otimistas.
No entanto, este mesmo estudo mostra que o conhecimento dos europeus sobre os diferentes tópicos de ciência e tecnologia é muito variável e também que perto de metade da população entende que os cientistas não passam tempo suficiente com o cidadão comum para explicar o seu trabalho.
Fazendo parte das nossas obrigações enquanto instituição de investigação e desenvolvimento também a promoção da cultura científica e tecnológica, não nos podemos alhear desta realidade e teremos de continuar a desenvolver ações de aproximação ao público em geral, e a alguns segmentos em particular.
De acordo com a Lei da Ciência, mas também em total sintonia com a nossa forma de atuação, compete-nos em particular desenvolver ações direcionadas para crianças e jovens, proporcionando-lhes um contacto direto com as nossas atividades e os projetos que temos em curso.
É algo que temos feito de uma forma muito regular, por iniciativa isolada dos nossos investigadores, por ações mais concertadas de algumas equipas de investigação, ou de uma forma mais centralizada, respondendo a solicitações externas, ou colaborando em iniciativas mais alargadas (estágios Ciência Viva ou Mostra da UP, por exemplo).
Percebendo que temos capacidade, vontade e interesse em organizar iniciativas de envolvimento de jovens antes do seu ingresso no ensino superior, importa sobretudo caracterizar o que pretendemos delas, ou seja, quais serão os grandes objetivos que pretendemos atingir.
Certamente que, por um lado, será despertar a curiosidade nos jovens, incentivar o seu espírito crítico e o gosto pela ciência, mas também fomentar a vinda para as áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) de mais raparigas. Precisamos, para isso, de continuar o caminho já trilhado de criar experiências cativantes e focadas em públicos-alvo a atingir, bem como estabelecer relações privilegiadas com escolas.
Por outro lado, estas iniciativas servirão também para ajudar a reconhecer, pelo público em geral, o INESC TEC como uma instituição de referência nas suas áreas de atuação. Este é sobretudo um efeito lateral da interação com jovens, mas não podemos ignorar o seu grande potencial.
Por último, e certamente não menos importante, estas iniciativas deverão contribuir para a atração de talento para as nossas atividades. Se nos dois primeiros objetivos, as relações causa-efeito são mais imediatas, a captação nestas camadas jovens é muito indireta e de longo prazo. Deste modo, para conseguirmos concretizar este objetivo, teremos de tornar claro para os jovens de que forma poderão vir a trabalhar connosco. Aqui, a nossa proximidade às IES e aos cursos aí lecionados terá um papel fundamental que teremos de melhor explorar.
Estes objetivos estão bem explícitos no nosso plano estratégico e coletivamente temos vindo a dar passos seguros para a sua concretização. A nossa capacidade de mobilização e conjugação de esforços individuais, impacto que pretendemos ter naquilo que fazemos e a eficiência com que conseguimos desenvolver as nossas atividades, serão certamente determinantes para o nosso sucesso em mais esta vertente da nossa atuação.
Por Aníbal Matos, Administrador Executivo