Catarina Marques e Marta Vranas

Catarina Marques

“A Catarina Marques desenvolveu, nos últimos meses (em particular, em setembro), um trabalho excecional na coordenação das propostas a chamadas de projetos europeus. Esta coordenação permitiu ao Centro articular-se e ser bastante mais produtivo na elaboração das propostas. Não menos excecional é que esta coordenação foi realizada sem abrandar nas tarefas dos projetos, particularmente num projeto complexo como é o Nexus. Por estes motivos, propomos sem dúvidas a Catarina para ‘Extraordinária’”.

– coordenação do CESE

A Catarina esteve envolvida na coordenação de propostas a diferentes calls de projetos europeus; poderia falar-nos um pouco mais sobre este processo? E também, se for possível, sobre o teor das candidaturas?

De facto, nos últimos meses, tivemos no CESE um esforço conjunto muito intenso na preparação de várias candidaturas a programas europeus. Um processo que culminou no mês de setembro com a submissão de várias propostas, mas que se iniciou muito antes disso com uma análise detalhada das calls, a identificação das mais alinhadas com as áreas estratégicas do Centro e a mobilização das equipas na prospecção de oportunidades dentro das suas redes de contacto. A preparação e submissão destes projetos exige um esforço muito grande, não só na fase mais visível de preparação da proposta, mas também numa fase preliminar de identificação das oportunidades, que implica estar permanentemente atento aos desenvolvimentos da agenda da Comissão Europeia e ser capaz de antecipar prioridades futuras.

De uma forma geral, as candidaturas em que tenho estado diretamente envolvida refletem algumas das principais linhas de investigação do Centro, nomeadamente na transição verde e digital em vários contextos industriais. Envolvem sobretudo o desenvolvimento de soluções inteligentes de apoio à decisão, que integram técnicas de IA, otimização, simulação e ainda ferramentas de rastreabilidade. O objetivo é aumentar a flexibilidade e eficiência operacional e, ao mesmo tempo, promover a adoção de estratégias de economia circular ao longo das cadeias de valor.

Além disso, foi referido o seu papel no projeto Nexus; o que nos pode dizer sobre esta iniciativa (fator diferenciador, principal objetivo, resultados até ao momento, etc.)?

O NEXUS é uma Agenda PRR que reúne um consórcio alargado de parceiros dedicados à transição verde e digital na logística portuária e redes multimodais. O CESE tem tido um papel bastante ativo nesta iniciativa, com intervenção em três PPSs, em particular no desenvolvimento de ferramentas de apoio à decisão baseadas em modelos de otimização, simulação e digital twin, aplicadas à gestão portuária e cadeias logísticas multimodais.

O projeto é particularmente desafiante pela complexidade e diversidade dos problemas de decisão que procura endereçar, não só dentro do porto, mas sobretudo nas suas interfaces com o mar e com o hinterland (i.e., as ligações terrestres que ligam o porto à rede logística envolvente). Por outro lado, o ecossistema portuário, que reúne várias entidades a operar sobre infraestruturas partilhadas, exige uma abordagem cuidada e colaborativa ao planeamento das operações. Penso que este contexto é precisamente um dos fatores que tornam o projeto distintivo. Como principais resultados até ao momento, destacaria um modelo de simulação que pretende avaliar estratégias de JIT (Just-in-Time) na aproximação dos navios ao porto por forma a tornar mais eficiente a utilização dos recursos do porto, um conjunto de abordagens de otimização que têm como objetivo tornar mais eficiente a movimentação de contentores na interação porto-hinterland e o desenvolvimento de uma “torre de controlo logística”, que integra digital twins e LLMs para reforçar a visibilidade e a capacidade preditiva em cadeias de abastecimento multimodais.

Quão desafiante é encontrar o equilíbrio entre estas diferentes tarefas e responsabilidades?

É, obviamente, muito desafiante. Há sempre a sensação de que o tempo não chega para tudo. Penso que a chave tem sido a procura constante por melhorar a gestão do tempo que passa não só pela capacidade de ir ajustando prioridades, mas também pelo trabalho em equipa e pelo apoio dos colegas.

Do que mais gosta no seu trabalho?

Gosto da diversidade dos temas e da natureza dinâmico dos projetos do CESE, que me permitem sair muitas vezes da zona de conforto e aprender continuamente.

Como comenta esta nomeação?

Fico, obviamente, muito grata à coordenação do CESE por este reconhecimento, que sinto também no dia a dia, através da confiança e das oportunidades que me têm sido dadas. Não posso deixar de estender este reconhecimento a todos os colegas do CESE que proporcionam um ambiente de trabalho e de entreajuda excelente.

Marta Vranas

“Gostaria de nomear a Marta Vranas (SAL) como ‘Extraordinária’. A Marta liderou a candidatura ao prémio da EARTO, atribuído publicamente há alguns dias. O desfecho feliz desta candidatura deve-se, em grande medida, à capacidade demonstrada pela Marta em levantar informação escassa, combinando-a e comunicando-a de forma eficaz para ilustrar o impacto atual e potencial da inovação KEPSoft. É um contributo direto para o prestígio do INESC TEC e de Portugal entre líderes em termos de inovação europeia”. 

– Daniel Vasconcelos, responsável do SAL

A Marta liderou a candidatura ao prémio EARTO – neste caso, envolvendo a solução KEPSoft; poderia falar-nos um pouco mais sobre todo este processo, desde a génese até ao “desfecho feliz”, e a atribuição de um lugar no pódio na categoria Impact Expected?

A solução KEPsoft foi um dos primeiros processos que abracei quando entrei para o INESC TEC. O caminho percorrido desde os primeiros alinhamentos com os parceiros, até ao licenciamento e, mais tarde, à candidatura ao prémio EARTO foi exigente, mas extremamente enriquecedor.

O principal desafio foi transformar informação, por vezes limitada ou dispersa, numa candidatura sólida que espelhasse o verdadeiro potencial da solução e o seu impacto estratégico e social. A colaboração próxima com a equipa de investigação do INESC TEC foi essencial para construir esta visão transversal da inovação.

O lugar no pódio na categoria Impact Expected, validou não só a proposta submetida, mas também a relevância transformadora da tecnologia – e posicionou o INESC TEC como uma instituição capaz de inovar com propósito e reconhecimento a nível europeu.

Para si, quão importante é a atribuição de prémios desta natureza a inovações made in INESC TEC – a nível mais geral, no que toca ao Instituto em si, mas também mais específico, como profissional e membro da equipa do SAL?

Estes prémios são muito mais do que símbolos de prestígio. Para o INESC TEC, são uma prova concreta de que o nosso modelo de inovação – que cruza ciência, tecnologia e impacto – é reconhecido ao mais alto nível europeu.

Para quem trabalha na gestão de ciência e tecnologia, estas distinções representam também o reconhecimento de um trabalho essencial, mas muitas vezes invisível: identificar, proteger e valorizar conhecimento. São, acima de tudo, um incentivo para continuarmos a apoiar os nossos investigadores e promover o caminho das ideias até à sociedade.

Do que mais gosta no seu trabalho?

O que mais gosto no meu trabalho é, talvez, aquilo que mais o aproxima da investigação científica: “obriga-me a pensar, a questionar e a encontrar soluções”. Com mais de uma década de trabalho laboratorial, entusiasma-me hoje contribuir para o processo de ir além da bancada e ver a ciência sair do laboratório e ganhar forma no mundo real.

No SAL, esse trabalho é especialmente desafiante porque cada caso exige uma abordagem personalizada e nenhuma solução é igual à anterior. A área da transferência de tecnologia desafia-nos a construir pontes, desenhar estratégias e traduzir ideias complexas em valor acionável. Aprendemos a cada passo – com cada tecnologia, com cada parceiro e com cada setor com que interagimos. E esta aprendizagem constante é o que mais me motiva!

Como comenta esta nomeação?

Trabalhar na área da inovação é, por natureza, um esforço colaborativo – e esta nomeação reflete isso mesmo: o resultado de um trabalho conjunto entre investigadores, gestores e parceiros, com foco na valorização do conhecimento.

Enquanto membro da equipa do SAL, encaro esta nomeação como um sinal de confiança e também uma responsabilidade acrescida – de continuar a apoiar com rigor e entusiasmo o ecossistema de inovação do INESC TEC.

Pessoalmente, é mesmo muito gratificante ver este trabalho reconhecido. Saber que um processo longo e exigente, quando bem trabalhado e bem comunicado, nos pode levar a um resultado tão positivo é, sem dúvida, uma motivação para continuar a fazer mais e melhor.

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