Aplicar IA para prever o comportamento de tumores? Investigadores portugueses e norte-americanos desenvolvem algoritmos para interpretar padrões

Investigadores do INESC TEC e do Athinoula A. Martinos Center for Biomedical Imaging – que pertence ao Departamento de Radiologia do Massachussetts General Hospital, nos EUA -, desenvolveram algoritmos que conseguem interpretar os padrões intrincados das imagens microscópicas dos tumores da mama. A investigação desenvolvida, que pode revolucionar o tratamento do cancro através de técnicas avançadas de imagem e inteligência artificial (IA), foi apresentada na 38ª Conferência Anual da AAAI sobre Inteligência Artificial. 

Prever o comportamento de tumores com Inteligência Artificial  

O cerne desta investigação reside na aplicação da IA para prever o comportamento dos tumores e a resposta imunitária a partir de amostras de tecidos. Tirando partido das capacidades das tecnologias de imagem de ponta, os investigadores do INESC TEC Tiago Filipe Gonçalves e Jaime Cardoso, em colaboração com o Athinoula A. Martinos Center for Biomedical Imaging, desenvolveram algoritmos sofisticados que conseguem interpretar os padrões das imagens microscópicas dos tumores da mama. Esta abordagem inovadora permite prever com precisão a agressividade de um tumor e a eficácia da resposta imunitária do organismo contra ele. 

O estudo utiliza técnicas avançadas de IA para analisar imagens histopatológicas – fotografias de alta resolução de amostras de tecido. Ao treinar algoritmos em vastos conjuntos de dados destas imagens, os investigadores permitiram que a IA identificasse características subtis, muitas vezes impercetíveis, que se correlacionam com o comportamento do tumor e com a capacidade do sistema imunitário do doente para o combater. Este nível de precisão era anteriormente inatingível através de métodos convencionais. 

Dos microscópios aos algoritmos: O futuro do diagnóstico do cancro 

As implicações destas descobertas são profundas e de longo alcance. Com a capacidade de prever com precisão o comportamento do tumor e a resposta imunitária, os oncologistas poderão, em breve, estar equipados com ferramentas poderosas para adaptar os tratamentos às características únicas do cancro de cada doente. Esta abordagem personalizada promete aumentar a eficácia das terapêuticas, minimizar os tratamentos desnecessários e melhorar significativamente os resultados dos doentes. 

Tradicionalmente, o tratamento do cancro da mama tem-se baseado fortemente em protocolos generalizados, que não têm em conta a variabilidade individual dos tumores. A introdução de diagnósticos baseados em IA marca uma mudança em direção a uma medicina mais personalizada. Ao compreender a dinâmica específica de cada tumor, a medicina pode conceber planos de tratamento mais direcionados e potencialmente mais bem-sucedidos”, explica Tiago Filipe Gonçalves, investigador do INESC TEC. 

Tiago Filipe Gonçalves, investigador INESC TEC, e um dos autores da investigação que pode revolucionar o tratamento do cancro através de técnicas avançadas de imagem e inteligência artificial.

Este estudo abre também novas vias de investigação sobre os mecanismos do cancro e da resposta imunitária. A capacidade de descodificar as interações complexas nos microambientes tumorais pode levar à descoberta de novos alvos e estratégias terapêuticas. Além disso, sublinha a importância da colaboração interdisciplinar nos avanços científicos, reunindo conhecimentos de ciências informáticas, oncologia e imagiologia biomédica. 

A apresentação destes resultados na prestigiada conferência anual da AAAI realça o papel significativo da IA nos cuidados de saúde modernos. À medida que a IA continua a evoluir, espera-se que a sua integração na investigação médica e na prática clínica aumente, anunciando uma nova era de inovação no tratamento do cancro e não só. 

Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP. 

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