Os últimos anos trouxeram alterações sociais, económicas e ambientais que levaram a uma transformação das cadeias de abastecimento. É neste contexto que surge o ReSChape, um projeto europeu que está a analisar o impacto destas alterações e que vai propor estratégias e modelos de gestão, visando uma maior sustentabilidade e resiliência das cadeias de abastecimento. O projeto pretende ainda garantir que as pessoas passam a estar no centro dos negócios.
A pandemia de Covid-19 provocou uma transformação profunda nas cadeias de abastecimento, a nível global, levantando questões sobre as consequências desta mudança em termos sociais, económicos e ambientais. Neste contexto, nove entidades de cinco países europeus, nas quais se inclui o INESC TEC, uniram esforços para analisar o impacto das alterações na organização das cadeias de abastecimento, e propor estratégias e novos modelos de gestão, que possam beneficiar de forma positiva todas as pessoas envolvidas no processo.
“O projeto ReSChape tem como objetivo analisar o impacto das recentes alterações e perturbações nas cadeias de abastecimento. Vamos avaliar a adoção de novas tecnologias digitais e propor estratégias, modelos de gestão e novos processos, que visem, por um lado, uma maior sustentabilidade e resiliência das cadeias de abastecimento e, por outro, human-centricity, isto é, garantir que as pessoas passem a estar no centro dos negócios”, explica Ricardo Zimmermann.
De acordo com o investigador do INESC TEC, será também desenvolvido um modelo para avaliar o impacto destes novos modelos de gestão e proposto um conjunto de recomendações políticas, que possam apoiar organizações públicas e privadas na resposta às alterações verificadas nas cadeias de valor europeias. Conforme avança Ricardo Zimmermann, serão desenvolvidos cenários políticos inovadores e formuladas recomendações para assegurar transações justas, inclusivas e sustentáveis.
Para atingir estes objetivos, o consórcio já deu início a uma série de atividades, visando a recolha de informação, junto de empresas europeias de diferentes setores, que ajudará, quer no desenho dos modelos de gestão, quer na conceção das recomendações de políticas.
Entre as atividades, destacam-se workshops, que visam reunir especialistas, para refletir sobre os desafios que, atualmente, se colocam às cadeias de abastecimento e sobre a forma como se poderá construir as cadeias de abastecimento do futuro. “O primeiro workshop foi realizado em abril e promoveu uma discussão sobre os atuais desafios e riscos. Contamos com a participação de peritos, que contribuíram para a validação dos principais riscos previamente identificados pelo consórcio e para a identificação de novos desafios que se colocam às empresas”, recorda Ricardo Zimmermann.
No segundo workshop, organizado pelo INESC TEC e realizado em setembro, o consórcio promoveu um debate em torno das 100 ações identificadas para a construção de cadeias de abastecimento resilientes e sustentáveis. “Também apresentamos um modelo inovador e dinâmico que inclui estratégias para lidar com os desafios atuais”, conclui o investigador.
O Projeto ReSChape – REshaping Supply CHAins for Positive social impact – é financiado pelo programa Horizonte Europa da União Europeia e ficará concluído em outubro de 2025.