Promover uma maior transparência municipal e incentivar a participação cívica dos cidadãos são os objetivos do projeto CitiLink, coordenado pelo INESC TEC, que recorre à inteligência artificial para simplificar o acesso à informação sobre decisões municipais.
O principal objetivo do Citilink é criar algoritmos de inteligência artificial (IA) com foco no Processamento de Linguagem Natural (NLP) para interpretar e resumir atas de reuniões camarárias. Como desenvolvimento desta tecnologia, será possível identificar os principais eventos discutidos, organizá-los por pelouros e destacar as posições assumidas por cada deputado municipal, tornando a informação pública mais acessível e transparente.
“Atualmente, as atas das reuniões das câmaras municipais são documentos extensos e técnicos, muitas vezes de difícil interpretação para os munícipes. Com a aplicação de IA, estas atas poderão ser interpretadas, resumidas e organizadas de forma mais clara, permitindo um acesso mais rápido à informação por parte dos cidadãos, jornalistas e decisores políticos”, explica Ricardo Campos, investigador do INESC TEC e docente da UBI.
O projeto conta com a colaboração das câmaras municipais de Alandroal, Campo Maior, Covilhã, Fundão, Guimarães e Porto, que fornecerão as atas camarárias para o desenvolvimento e teste do protótipo, que se prevê estar disponível no prazo de um ano. O projeto conta também com o apoio da Associação Porto Digital que se associa a esta iniciativa, contribuindo com a sua experiência em inovação tecnológica e transformação digital na administração pública.
Esta solução contribuirá para uma administração mais transparente, mas poderá, igualmente, estimular a participação cívica. “Os cidadãos, ao compreenderem melhor os processos políticos, estarão mais propensos a envolver-se em debates públicos, questionar medidas e acompanhar de maneira mais informada as decisões tomadas. Por outro lado, pode vir a ser uma ferramenta muito útil aos jornalistas, ajudando a destacar decisões relevantes que, de outra forma, poderiam passar despercebidas”, acrescenta o investigador.
A longo prazo, esta tecnologia poderá ter repercussões ainda mais amplas, servindo como um modelo para outras iniciativas de modernização da administração pública.
O projeto liderado INESC TEC, em parceria com a Universidade da Beira Interior (UBI) e a Universidade do Porto, é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com o objetivo de aplicar tecnologias avançadas de Cibersegurança, Inteligência Artificial e Ciência de Dados para acelerar a modernização da Administração Pública.
Os investigador mencionado nesta notícia tem vínculo à UBI.