Como pode a transferência de tecnologia impulsionar a inovação e dar resposta aos desafios sociais?

O 15º Encontro do Círculo de Gabinetes de Transferência de Tecnologia europeu (TTO Circle) decorreu em Madrid, no final de setembro. O objetivo? Debater de que forma é que a transferência de tecnologia pode impulsionar a inovação e dar resposta aos desáfios sociais, com particular destaque para a colaboração entre stakeholders para juntos alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), assegurando, ao mesmo tempo, a competitividade da União Europeia. Também a necessidade de aumento no investimento privado em inovação e no apoio a start-ups, especialmente no setor digital, foi tema, assim como o caminho para atingir o equilíbrio na redução das disparidades regionais e na promoção de polos de excelência.

O INESC TEC continua a ser a única instituição portuguesa a pertencer a esta rede de excelência promovida pela Comissão Europeia, que reúne as 35 maiores instituições de I&D Europeias, incluindo o Joint Research Centre (JRC). Desde a sua conceção, o TTO Circle contribuiu para impulsionar a transferência de tecnologia e inovação na Europa, atuando como um centro de intercâmbio de boas práticas e de colaboração entre os seus membros.

O 15º Encontro do TTO Circle reuniu 80 especialistas em transferência de tecnologia, policy makers e diretores executivos de start-ups deep tech, pertencentes a 35 organizações de investigação e desenvolvimento (I&D) europeias. Daniel Vasconcelos, responsável pelo Serviço de Apoio ao Licenciamento do INESC TEC, representou a instituição neste evento na mesa-redonda do painel sobre “gestão das relações entre instituições de I&D e spinoffs/start-ups”.

“Os temas principais acabaram por centrar-se no relatório publicado em setembro por Mario Draghi, particularmente na ótica do diagnóstico do problema e no atraso de produtividade e inovação entre a Europa em relação aos EUA e, mais recentemente, à China. Resumidamente, a Europa está na “midle technology trap” – que é, no fundo, uma nova dimensão do já conhecido paradoxo europeu (incapacidade de transformar ciência em crescimento económico), pois continuou a investir em tecnologia do século passado (ex. motor de combustão) enquanto os EUA e a China investiram noutras frentes onde agora lideram, nomeadamente no automóvel, baterias, eletrónica, AI, computação quântica e outras áreas tecnológicas. A biotecnologia e as tecnologias verdes são áreas em que a Europa ainda é competitiva e podem constituir vantagens a alavancar no futuro próximo e, por isso, a discussão centrou-se também muitos nestes aspetos”, explica Daniel Vasconcelos.

Outro assunto que gerou alguma discussão teve que ver com a fragmentação da rede de colaboração europeia, onde Portugal continua a ocupar uma posição periférica. Alguns dos membros do TTO Circle sugeriram a existência de mais mobilidade para que a Europa se possa concentrar nos países com maior potencial de competição a nível mundial. No entanto, o assunto é, naturalmente, controverso e há quem defenda antes um envolvimento ainda maior do número de regiões europeias a contribuir para esta competitividade.

“A Europa tem de mobilizar melhor e mais rapidamente os seus ativos e aí a transferência de tecnologia, em especial a deep tech e as start-ups /spinoffs parecem ser, de facto, a melhor forma de mitigar esta perda de competitividade europeia. Na mesa-redonda em que participei, juntamente com representantes da TNO, Tecnalia, MaxPlank Innovation e ENEA discutimos incentivos e programas (como EIC, CONVERGE, entre outros), mas também experiências de promoção e relação com spin-offs deeptech”, acrescenta o responsável.

Outros dos pontos em análise esteve relacionado com assuntos de gestão de propriedade intelectual, comparação de práticas entre TTOs e algum destaque para os direitos de autor na era da Generative AI.

Durante o evento foi ainda apresentado um trabalho de benchmark que houve entre gabinetes de transferência de tecnologia e onde o Serviço de Apoio ao Licenciamento do INESC TEC, através da Ana Rita Lopes, foi bastante ativo.

O INESC TEC e o TTO Circle

Desde 2019 que o INESC TEC continua a ser a única instituição portuguesa a pertencer a esta iniciativa europeia. O 15º encontro do TTO Circle e, em particular, o convite feito ao INESC TEC para ser um dos oradores deste evento, serve, uma vez mais, para consolidar a instituição como membro de relevo da iniciativa, aumentando a capacidade de influência das agendas europeias e seguindo os objetivos estratégicos do INESC TEC no que às políticas públicas diz respeito.

Deste evento saiu já a manifestação de interesse de vários dos membros do TTO Circle em trabalharem com o INESC TEC numa área também em forte expansão na instituição, o software open source.

 

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