Portugal é o quinto país da União Europeia (UE) em maior risco de pobreza energética, de acordo com estatísticas e estudos recentes a nível europeu, que apontam o nosso país como o pior da UE no que diz respeito à percentagem de crianças expostas a fenómenos como humidade, escuro, frio e/ou barulho. Respondendo a um desafio lançado pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, o INESC TEC juntou-se à CEVE – Cooperativa Eléctrica do Vale d’Este para apoiar esta entidade a desenvolver e implementar um conjunto de ações de sensibilização para a pobreza energética, nos municípios de Vila Nova de Famalicão e Barcelos.
O projeto EcoVale foi apresentado dia 23 de fevereiro, na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, debatendo as práticas de consumo de energia eficiente, nomeadamente a nível da digitalização e uso equipamentos.
“Edifícios e equipamentos pouco eficientes, custos elevados de energia e baixa literacia energética são alguns dos fatores que podem explicar estas estatísticas”, de acordo Zenaida Mourão, investigadora do Centro de Sistemas de Energia (CPES) do INESC TEC, que foi uma das oradoras no evento de lançamento do EcoVale. “Os impactos da pobreza energética vão além das condições de saúde e bem-estar dos indivíduos, como problemas respiratórios, cardíacos e de saúde mental. Há impactos a nível de aprendizagem e escolaridade, ou de integração social. Por isso é tão importante que sejam criados apoios sociais e políticas públicas direcionadas”, acrescenta.
As problemáticas não ficam por aqui, e há uma crescente necessidade de intervenções ativas na mudança do comportamento energético, nas escolas e habitações. Alexandre Lucas, também investigador do CPES, esclareceu os participantes acerca de soluções práticas para um consumo energético mais responsável. Na sua ótica, “não se consegue gerir eficazmente nada que não se possa medir”, justificando a oportunidade que a digitalização constitui para a mitigação da pobreza energética. “Há várias medidas passivas e ativas que nos podem ajudar a aumentar a eficiência no consumo de energia elétrica e de gás. Uma delas, passa pela utilização de equipamentos mais eficientes que traz vários benefícios associados, desde logo a nível das faturas a pagar”, adianta Alexandre Lucas.
Juntos somos mais energia!
O projeto vai desenvolver, em simultâneo, três tipos de atividades para diferentes públicos-alvo: formação e sensibilização para adultos, jovens e crianças, desenvolvimento e implementação de uma plataforma de inovação aberta e criação de clubes de eficiência energética nas escolas. Ao todo, estão envolvidos cerca de 2200 jovens e crianças (dos três aos 18 anos), de 23 escolas e creches, mas espera-se que a mensagem do projeto e os seus resultados possam ter uma disseminação mais abrangente. A par disso, está prevista a realização de quatro workshops abertos a toda a população que se espera que funcionem como fórum de ideias, bem como de vários outros eventos de divulgação.
Luís Macedo, presidente do Conselho de Administração da CEVE, acredita que o projeto EcoVale poderá ser um importante passo na mitigação da pobreza energética, lançando o apelo à participação ativa de toda a comunidade.
O projeto EcoVale é promovido pela CEVE – Cooperativa Eléctrica do Vale d’Este e financiado pela ERSE no âmbito do Plano de Promoção de Eficiência no Consumo de Energia (PPEC) e conta com o apoio científico do INESC TEC.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.