O INESC TEC desenvolveu um sistema robótico que permite a impressão em calçado com tintas de base biológica, no âmbito do projeto europeu Waste2BioComp. A partir de hoje, o método de produção de calçado sustentável torna-se, assim, mais fácil e cada vez mais eficiente.
Estávamos em 2022 quando o projeto Waste2BioComp arrancou com o objetivo de transformar resíduos orgânicos e industriais em novos materiais compósitos de base biológica, com aplicação nos setores do packaging, do têxtil e do calçado. O INESC TEC juntou-se a um consórcio de 13 parceiros para desenvolver um braço robótico de alta precisão, capaz de imprimir em superfícies 3D, como é o caso do calçado. Três anos volvidos, este é só um dos muito desenvolvimentos que vão permitir substituir materiais de origem fóssil por soluções mais sustentáveis e alinhadas com os princípios da economia circular.
O INESC TEC teve um papel central no desenvolvimento de um sistema de impressão por jato de tinta bio-based, capaz de posicionar com precisão o calçado sob a cabeça de impressão, garantindo a sincronização rigorosa entre o controlo de movimento e o motor de impressão.
“Conseguimos fazer uma demonstração da tecnologia, que decorreu na empresa MTEX NS. O resultado foi muito positivo uma vez que foi possível usar, com sucesso, tintas com base em pigmentos orgânicos na impressão de sapatilhas de couro. O uso de tintas de base biológica constitui um desafio acrescido face às diferentes características que apresentam em relação às tintas tradicionais em termos de tensão superficial e viscosidade”, explica Hélio Mendonça, investigador do INESC TEC.
Esta tecnologia representa um passo importante na redução da dependência de pigmentos fósseis, ainda amplamente utilizados nas tintas convencionais.
“A colaboração com diversos parceiros do projeto tornou-se essencial, como é o caso do CITEVE, responsável pela formulação das tintas, a NIXKA, fornecedora do motor de impressão, e a MTEX NS, que integrou e montou o protótipo final”, acrescenta Luís Rocha, investigador do INESC TEC.
Abre-se, assim, caminho para uma indústria mais sustentável, mostrando que é possível aliar a tecnologia a práticas mais ecológicas.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).