Trata-se de um sistema wearable que demora entre 10 e 15 segundos a ser colocado numa pessoa e que permite monitorizar os seus sinais vitais e calcular o seu estado de severidade. Esta nova solução, desenvolvida pelo INESC TEC em colaboração com a Xenia Reply e o Institute of Entrepreneurship Development (iED), vai permitir que os profissionais de emergência médica, no futuro, realizem triagens em tempo real, em cenários de catástrofe – e não só – monitorizando as vítimas desde o incidente até à sua chegada ao hospital.
A tecnologia está a ser trabalhada no âmbito do projeto europeu iProcureSecurity PCP que visa financiar o desenvolvimento de soluções para melhorar a resposta a vítimas durante situações de catástrofe (projeto liderado pelo SYNEO GmbH e com a participação do KEMEA, Center for Security Studies, e de um Buyers Group). O INESC TEC, juntamente com a empresa italiana Xenia Reply e o instituto grego iED, apresentou uma candidatura que já passou à segunda fase (fase de desenvolvimento) para a criação de uma solução que visa apoiar profissionais de emergência médica na triagem em tempo real de pessoas em contexto de desastre.
“A componente do INESC TEC foca-se na monitorização da vítima durante todo o processo de triagem, desde o incidente até ao hospital. Estamos a utilizar dispositivos wearable desenvolvidos pelo INESC TEC em combinação com um sistema de IoT, que integra uma aplicação móvel e uma base de dados em servidor do Instituto”, avança Duarte Dias, acrescentando que esta solução permite uma monotorização contínua, assim como uma partilha de dados para uma plataforma central, criada pela Xenia Reply.
De acordo com o investigador do INESC TEC, o sistema wearable, em formato de banda têxtil, pode ser colocado na perna ou no braço da vítima – um processo que demora entre 10 e 15 segundos – e integra um oxímetro, um dispositivo ECG e um telemóvel, que regista e partilha os sinais vitais e calcula biomarcadores, através de uma aplicação móvel igualmente desenvolvida pelo INESC TEC. Depois, o profissional de emergência médica pode, através de uma aplicação própria do consórcio, monitorizar os sinais vitais de diferentes pessoas, em simultâneo. Caso se verifique uma alteração no estado de saúde de uma das vítimas, o sistema gera um alerta, permitindo que os profissionais possam rapidamente dar resposta e alterar níveis de prioridade no processo de triagem.
“Normalmente, os profissionais realizam uma triagem baseada numa análise visual e, algumas vezes, com medição pontual de alguns sinais vitais. A solução do INESC TEC vem permitir que esta monitorização não seja pontual, mas contínua, e que permita automaticamente aferir sobre o estado de saúde das pessoas e rapidamente informar caso se verifique alguma mudança no estado de saúde”, explica Duarte Dias, acrescentando que o acesso aos dados vitais de forma continuada poderá levar a que se perceba qual poderá ser o melhor tratamento no local ou no hospital – já que há também o intuito de se fazer uma partilha dos dados em tempo real com hospitais e centros de saúde.
A solução encontra-se, atualmente, em fase final de desenvolvimento e espera-se que dentro de alguns meses possa ser testada por várias equipas de primeiros socorros, nomeadamente equipas de emergência médica, bombeiros ou proteção civil. “Nesta fase iremos fazer demonstrações do trabalho realizado até ao momento junto do consórcio do iProcureSecurity, cujos utilizadores participantes se encontram distribuídos por 5 países – Espanha, Itália, Grécia, Turquia e Áustria. Já com uma solução robusta e quase finalizada, demonstramos durante o mês de julho a utilizadores finais, ou seja, a profissionais de emergência médica para avaliação e sugestões de melhorias.”
Duarte Dias avança ainda que a tecnologia integra uma peça têxtil desenvolvida pelo INESC TEC com o apoio da empresa Petratex Confecções S.A. “Este projeto está a permitir combinar diversas tecnologias que temos vindo a desenvolver e colocá-las à prova num conceito inovador e desafiante, sendo que ao mesmo tempo está a ser integrada com parceiros europeus no âmbito de um projeto de pré-comercialização”, diz o investigador, lembrando que o trabalho em curso dá seguimento a uma das linhas de investigação do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do INESC TEC – Advanced Human Sensing – que visa o desenvolvimento de novos sistemas de sensorização.
“Um dos sistemas mais recentes é o VitalSticker que realiza monitorização de sinais vitais, que foi apresentado recentemente na 7th IEEE Portuguese Meeting on Bioengineering e já publicado”, conclui. A equipa multidisciplinar do INESC TEC é liderada pelo Investigador Duarte Dias e composta por vários investigadores, nomeadamente Adriana Arrais, Francisco Vieira, João Mendes, Lara Santos, Rojan Aslani, Vítor Minhoto e Prof. João Paulo Cunha.
O projeto iProcureSecurity PCP é financiado pelo Programa Horizonte 2020 da União Europeia.