A iniciativa Tools4AgriEnergy, coordenada pelo INESC TEC, pretende explorar as complementaridades das atividades dos setores agrícola, agropecuário e agroalimentar, com especial foco nas PME, para a constituição de Comunidades de Energia Renovável (CER) e Autoconsumo Coletivo (ACC), através da criação de redes colaborativas e do desenvolvimento de uma plataforma digital para a gestão de CER/ACC. As várias atividades que serão desenvolvidas ao longo dos próximos dois anos são mais um passo no caminho para a descarbonização do sistema energético.
Empenhadas em valorizar as CER e explorar sinergias, as 11 as entidades, empresas e indústrias que fazem parte desta rede de inovação buscam um melhor aproveitamento da energia produzida localmente e redução dos custos energéticos e com fornecimento de água.
“Esta iniciativa tem duas grandes componentes. Por um lado, o desenho dos modelos de negócio e das estruturas organizativas para uma solução integral escalável e replicável a diferentes fileiras e setores agrícolas, agropecuários e agroalimentares. Isto vai permitir elaborar propostas de melhoria à atual regulamentação do autoconsumo e também democratizar o seu enquadramento legal a outros contextos setoriais. Por outro lado, está previsto o desenvolvimento de uma plataforma digital específica para a gestão de ACC/CER no setor agrícola, agropecuário e agroalimentar“, esclarece o investigador José Villar, do Centro de Sistemas de Energia (CPES) do INESC TEC.
O atual contexto europeu de descarbonização do sistema energético coloca desafios ao setor agroalimentar para o desenvolvimento sustentável, ao qual se associa, inevitavelmente, a adoção de processos produtivos energeticamente autossuficientes, que contribuam para uma efetiva transição energética e descarbonização do setor. As soluções de autoconsumo e partilha local de energia no âmbito das CER ou ACC são estratégias da União Europeia.
“Numa perspetiva de abordagem multissetorial, a integração de fontes de energia renovável no âmbito agrícola, agropecuário e agroalimentar apresentam importantes vantagens, desde a redução dos custos energéticos até ao fornecimento de energia a lugares remotos. A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, membro do consórcio, está a instalar painéis fotovoltaicos flutuantes que apresentam benefícios económicos e ambientais significativos, destacando-se a redução da fatura energética e a não ocupação de terrenos agrícolas úteis”, avança o investigador.
Atualmente, não existem soluções comerciais completas para a gestão de autoconsumos coletivos e comunidades de energia renovável. O projeto poderá ter um impacto económico relevante na redução dos custos energéticos das atividades agrícolas, potenciando a competitividade do sistema agroalimentar e contribuindo para a sustentabilidade deste setor.
Este projeto, inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência e integrado na Agenda de Inovação para a Agricultura 20|30 – Terra Futura, conta com um consórcio composto, para além do INESC TEC, pela EDIA, a FENAREG – Federação Nacional de Regantes de Portugal, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, o COTR – Centro Operativo e de Tecnologia Regadio, e as PME Fortune, Lia Orelha, Gravera, Queijaria Vasco e Pacheco, Risca Grande e Cooperativa Agrícola da Vidigueira, e com o apoio da consultora VALOR, que juntos serão chave no sucesso do projeto.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.