INESC TEC participa em projeto que desenvolveu barco de transporte de passageiros elétrico mais eficiente

Portugal está a produzir um barco de transporte de passageiros elétrico, com zero emissões, e até 80% mais eficiente do que os atuais ferries a gasóleo; e já existe um protótipo: o MBFY10. A eficiência desta embarcação é conseguida através de um sistema de foiling – um dispositivo semelhante a uma asa, que é instalado na parte inferior do casco da embarcação e permite reduzir o arrasto hidrodinâmico – que permite atingir, flutuando, maiores velocidades com um menor consumo de energia. O modelo é resultado de quase dois anos de investigação e de uma parceria entre o INESC TEC, a Mobyfly, o Catana Group e a Corvus, no âmbito do Projeto Europeu FLYPASS.

 

O transporte marítimo é atualmente responsável por mais de 3% das emissões globais de CO2, e as emissões totais deste setor continuam a aumentar, prevendo-se que atinjam 5% em 2050. Foi este o mote para criação de uma embarcação hidrodinâmica mais sustentável para o transporte de passageiros, recorrendo a tecnologias de ponta, como um sistema automático de atracagem e carregamento, a combinação de motores elétricos, baterias e sistemas de controlo avançados para otimizar o desempenho e a eficiência energética, e a utilização de um hydrofoil. Portugal assume, assim, um papel dianteiro na produção de barcos elétricos de transporte de passageiros, oferecendo soluções únicas, eficazes e com zero emissões.

“O que torna este protótipo único é a integração e combinação de múltiplas tecnologias. A embarcação, dedicada ao transporte de passageiros, baseia-se numa estrutura robusta e segura com peso mínimo e, a par disso, utiliza um sistema de foiling projetado pela Mobyfly”, adianta Bruno Ferreira, investigador do INESC TEC, sublinhando que “a embarcação utiliza ainda um grupo motopropulsor elétrico aliado a tecnologia de gestão da energia, através de carregamento rápido das baterias e desenvolvimento de módulos de baterias exclusivos, para satisfazer todas as necessidades energéticas e operacionais do barco, em termos de velocidade e autonomia”.

“Reunimos o melhor das tecnologias marinhas, tornando-as mais competitivas e aplicando-as ao setor do transporte marítimo, de forma a introduzir embarcações de alto desempenho e de maior eficiência energética no mercado dos ferries”, refere Sue Putallaz, cofundadora e CEO da MobyFly.

“De momento, o nosso objetivo passa por produzir esta tecnologia a uma escala industrial, e disponibilizá-la aos principais operadores”, acrescenta Ricardo Bencatel, cofundador e CTO.

“Este projeto personifica a inovação no setor marítimo, combinando propulsão elétrica e tecnologia de foiling. Não só fomos capazes de ultrapassar os limites da eficiência energética, como também conseguimos estabelecer um novo padrão para os ferries de passageiros do futuro – criando uma embarcação sustentável e de alto desempenho, que produz zero emissões”, afirma Antoine Maillot, diretor-geral da Catana Group Portugal.

O primeiro protótipo da embarcação – o MBFY10 – foi construído ainda em 2022, e desenvolvido, no âmbito do projeto FLYPASS, para testar a integração do sistema de controlo do foiling, do sistema de atracagem automática e das baterias. Com todos os testes feitos, a nível da produção eficiente e de utilização pelas tripulações, tornou-se possível viabilizar uma solução comercial.

A versão mais recente da embarcação será produzida como uma linha de pré-série de produção em Portugal e já tem um cliente com um contrato assinado. O modelo de bateria atualizado já está a ser desenvolvido pela Corvus, um dos parceiros do projeto. “Tal só é possível com a criação e consolidação de equipas de investigação e design que constituem a base para novas inovações”, acrescenta Bruno Ferreira.

O projeto FLYPASS é financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega, através do EEA Grants.

 

Sobre o EEA Grants
Através do Acordo sobre o Espaço Económico Europeu (EEE), a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são parceiros no mercado interno com os Estados-Membros da União Europeia.
Como forma de promover um contínuo e equilibrado reforço das relações económicas e comerciais, as partes do Acordo do EEE estabeleceram um Mecanismo Financeiro plurianual, conhecido como EEA Grants.
Os EEA Grants têm como objetivos reduzir as disparidades sociais e económicas na Europa e reforçar as relações bilaterais entre estes três países e os países beneficiários.
Para o período 2014-2021, foi acordada uma contribuição total de 2,8 mil milhões de euros para 15 países beneficiários. Portugal beneficiará de uma verba de 102,7 milhões de euros.
Saiba mais em eeagrants.gov.pt

 

Veja a reportagem da SIC e TVI.

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC. 

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