O INESC TEC, a CapWatt e o Fundo de Investimento Imobiliário Imosede viram recentemente reconhecido pela ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos – um projeto-piloto para testar regras de partilha dinâmica de energia no autoconsumo coletivo “Sonae Campus”.
Imagine que no prédio onde mora existe uma central fotovoltaica comum na cobertura, que no seu bairro existe uma ou várias centrais fotovoltaicas em terrenos vizinhos, ou que tendo um painel fotovoltaico em casa deseja gerir e repartir com os vizinhos os seus excedentes de produção. Estes são exemplos de autoconsumos coletivos ou de comunidades de energia renovável. Porém, ao funcionamento deste tipo de soluções colocam-se vários desafios, desde logo a definição de regras de funcionamento e dos protocolos de repartição local da eletricidade.
Foi neste contexto que o “Sonae Campus” viu atribuída pela ERSE a classificação de projeto-piloto, no âmbito dos projetos de autoconsumo e de comunidades de energia renovável previstos no Regulamento do Autoconsumo. “O objetivo do projeto-piloto é testar, em colaboração com a E-Redes, a CapWatt e a ERSE, o mecanismo da partilha dinâmica previsto no Decreto-Lei n.º 15/2022”, explica José Villar, Investigador no INESC TEC, acrescentando que o Decreto-lei define as bases, mas as regras específicas de funcionamento terão de ser estabelecidas pela ERSE. “Desta forma, o objetivo do projeto-piloto é testar esse mecanismo, para ajudar na sua regulação e operacionalização”, refere.
Segundo o investigador, está a ser desenvolvida uma plataforma de gestão de comunidades de energia, que inclui um serviço de transações e um serviço de settlement, para facilitar a partilha de energia entre os membros da comunidade e as correspondentes compensações financeiras. O projeto-piloto será instalado num parque empresarial, com edifícios destinados a escritórios, logística, indústria e parques de estacionamento. “As comunidades de energia renovável são uma forma de organização e agregação local que dá força e poder de gestão e decisão aos consumidores, uma vez que que passam a deter e a disponibilizar recursos energéticos, e a adotar um papel ativo no âmbito da energia”, remata.
O “Sonae Campus” passa, desta forma, a integrar o projeto-piloto desenvolvido pela E-Redes para teste das novas regras de partilha de energia no autoconsumo, baseadas em algoritmos hierárquicos e na fixação dinâmica da partilha de energia, complementares às atualmente definidas no Regulamento do Autoconsumo.