INESC TEC integra projeto para monitorizar condições de trabalho no setor Agroflorestal

Investigar e desenvolver um sistema de monitorização direcionado ao setor agroflorestal é o foco do projeto AgWearCare. O objetivo é a análise de métricas que apoiem a gestão dos recursos humanos, auxiliando a tomada de decisão quer ao nível do bem-estar quer da produtividade.

E se fosse possível recolher e digitalizar dados ligados à produção e rendimento agrícola? Quantificar os movimentos repetitivos de cada trabalhador e, em consequência, prevenir doenças músculo-esqueléticas? O Projeto AgWearCare vem trazer resposta a muitas destas questões, através da criação de wearables desenvolvidos com o intuito de recolher dados que apoiem a gestão dos recursos humanos no setor agroflorestal, auxiliando a tomada de decisão quer ao nível do bem-estar quer da produtividade.

“Desenvolvemos novos dispositivos wearable e algoritmos de processamento de sinal e machine learning com o objetivo de adquirir dados em tempo real, no terreno, e ser possível o seu processamento para extração de métricas de diferentes naturezas para apoiar o gestor agrícola tanto a nível individual, dos seus trabalhadores como coletivo, da sua produção”, explica Duarte Dias, responsável do INESC TEC pelo projeto.

Os testes já arrancaram em ambiente controlado no terreno, em vinhas e olivais. Através de dados recolhidos por dispositivos entregues aos trabalhadores é possível monitorizar um conjunto de dados que são, depois, disponibilizados numa plataforma online.

A análise dos dados recolhidos permite perceber quais as tarefas que, quando repetidas em excesso, têm consequências para a saúde do trabalhador; ajustar as tarefas às potencialidades das pessoas; perceber quais as parcelas de terreno com maior produtividade, etc.

Informações relevantes no sentido de ajustar a produção aos desafios naturais, desenvolver e potenciar as colheitas de forma mais sustentável, garantindo que não há risco para os trabalhadores na execução das atividades que envolvem, por exemplo, o processo de colheita.

Estão envolvidos dois grupos de investigação do INESC TEC, o Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do qual pertence Duarte Dias e o Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) onde conta com João Mendes Moreira.

Modernização do setor Agroflorestal

Para além do INESC TEC, o projeto reúne, ainda, o Instituto Superior de Agronomia, a APPITAD – Associação dos produtores em proteção integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro- e é liderado pela Wisecrop.

A modernização do setor agroflorestal é, para Francisco Pavão, presidente da APPITAD, essencial para o seu desenvolvimento, mas também para garantir a segurança no trabalho. “Cada vez mais, é necessário que tenhamos estes dados para podermos rentabilizar as colheitas e relocalizar a mão-de-obra”, explica, lembrando que: “se conhecermos a produtividade dos nossos funcionários e conhecermos a maneira como eles trabalham também podemos criar melhores condições de trabalho e rentabilizar a nossa própria exploração”.

Este sistema de monitorização enquadra-se na estratégia da Wisecrop e Tiago Sá, CEO da empresa, adianta que “as ferramentas de monitorização das condições de trabalho desenvolvidas no âmbito do AgWearCare vêm trazer um valor acrescentado significativo ao leque já extenso de soluções disponibilizadas pela Wisecrop”, algo que, acredita, “torna o contributo da Wisecrop para a missão de digitalizar a agricultura ainda mais real e abrangente”.

Gonçalo Rodrigues, responsável do Instituto Superior de Agronomia pelo Projeto, acrescenta que “a solução desenvolvida permitirá aumentar a produtividade da mão-de-obra agrícola, otimizando as operações culturais, e, ao mesmo tempo, garantir o bem-estar dos trabalhadores”. “É importante que se continue a contribuir para um sector mais inovador, tecnológico e eficiente, capacitando-o de ferramentas que garantam um uso mais eficiente dos recursos disponíveis”, conclui.

Projeto AgWearCare é financiado pelo programa nacional Portugal2020 num valor total de 289 mil euros.

O investigador do INESC TEC mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.

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