Inteligência artificial e robótica dão nova vida às matérias-primas críticas – e o INESC TEC faz parte do processo

Chama-se iBot4CRMs, é o novo projeto europeu no qual o INESC TEC participa e tem um objetivo: recuperar matérias-primas críticas, como cobre e alumínio, a partir do lixo. Para isso, o consórcio, que reúne 18 parceiros de 8 países europeus, vai desenvolver soluções de robótica, com uma abordagem centrada no ser humano, para, por um lado, tornar a triagem e a recuperação destes metais mais eficiente, e, por outro, melhorar o bem-estar dos trabalhadores.

Para alavancar a circularidade e aumentar a resiliência da Europa, diminuindo a dependência do velho continente quanto a matérias-primas críticas (em inglês, Critical Raw Materials – CRMs) surge o iBot4CRMs. O projeto quer recuperar estas matérias-primas, como por exemplo níquel, cobre, cobalto ou alumínio – que são essenciais para a produção de uma vasta gama de produtos avançados, nomeadamente nas indústrias eletrónica e automóvel – a partir de um conjunto de resíduos, com recurso a tecnologias inteligentes.

“Ao longo dos próximos quatro anos, vamos desenvolver e validar ferramentas digitais centradas no ser humano para potenciar a recuperação e a reciclagem de matérias-primas críticas provenientes de resíduos. Acreditamos que a inteligência artificial e a robótica podem contribuir para a circularidade e para a disponibilidade de CRMs na Europa, o que terá impacto na competitividade e na capacidade de fornecer produtos tecnológicos sustentáveis”, refere Marcelo Petry.

Além disso, explica o investigador do INESC TEC, estas soluções poderão fazer a diferença numa indústria ainda muito dependente de trabalho manual e com impacto no bem-estar das pessoas. “As soluções que vamos desenvolver ajudarão a maximizar a recuperação de CRMs, sendo que a utilização de robôs e IA tornará não só  este processo mais eficiente, como também melhorará o bem-estar dos trabalhadores, uma vez que as operações de triagem e recuperação podem, em alguns casos, acarretar questões relacionadas com a saúde e a segurança das pessoas”, refere, acrescentando que o INESC TEC é a entidade responsável por coordenador as atividades relativas ao desenvolvimento de soluções robotizadas para o desmantelamento, manipulação e separação dos CRMs.

Para acelerar a utilização destas soluções, o projeto tem prevista a execução de quatro pilotos, contando, para isso, com o envolvimento de quatro utilizadores finais dos principais setores de gestão de resíduos – eliminação e reciclagem de automóveis, resíduos urbanos e reciclagem de motores elétricos. “Estes utilizadores vão participar ativamente no projeto e utilizar as novas tecnologias em cenários reais, para demonstrar a eficácia das soluções”, avança Marcelo Petry. Um dos projetos piloto vai decorrer na empresa portuguesa Valorsul, onde será feita a recuperação de cobre e alumínio de streams de lixo urbano e das cinzas de lixo incinerado.

Os outros pilotos incluem a empresa Volt Eletric Motors, na Turquia, onde será feita a recuperação de neodímio de motores elétricos; o centro de reciclagem E.K.AN., na Grécia, onde será testada a recuperação de cobre, alumínio, metais preciosos e ímanes de neodímio provenientes de waste electrical and electronic equipment (WEEE); e a empresa espanhola Ferimet, com a recuperação de cobre e metais preciosos a partir de sucatas de metal.

O IBot4CRMs, financiado pelo Programa Horizonte Europa da Comissão Europeia, reúne 18 parceiros de 8 países europeus, tendo um orçamento de 9,5 milhões de euros. A reunião de arranque do projeto decorreu nos dias 21 e 22 de janeiro em Kristiansand, Noruega.

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