Em colaboração com a Carnegie Mellon University África (CMU África), o INESC TEC está a recolher dados cardíacos em Ruanda, com o objetivo de vir a desenvolver algoritmos, que permitam, através do uso de auscultação multimodal, fazer o rastreio de doenças cardiovasculares relacionadas com febre reumática.
Uma equipa de investigadores do INESC TEC está a trabalhar no desenvolvimento de uma solução que permitirá rastrear doenças cardiovasculares decorrentes de febre reumática, usando Inteligência Artificial. Como? Combinando de forma inovadora estetoscópios multimodais, que além da auscultação realizam eletrocardiogramas, e técnicas de deep learning para processamento e análise conjunta do som cardíaco e eletrocardiograma – por outras palavras, uma técnica de deep learning multimodal.
“A interpretação de dados de auscultação cardíaca é altamente desafiante e precisa de anos de treino. Métodos de Inteligência Artificial, em particular deep learning, têm o potencial de reconhecer padrões de doenças em sinais de som cardíaco e eletrocardiograma com grande precisão”, explica Francesco Renna. Além disso, explica o investigador do INESC TEC, “a vantagem de usar Inteligência Artificial neste âmbito é fundamentalmente o facto de se poder fazer um rastreio preciso, sem ser necessária a intervenção de um especialista em cardiologia para interpretar os dados recolhidos”.
Uma vez que a existência de informação é crucial para treinar as máquinas, a equipa está neste momento a recolher dados, que servirão de base para o desenvolvimento de algoritmos. Em colaboração com CMU África, estão a ser recolhidos dados preliminares e estão a ser feitas análises exploratórias sobre o potencial da tecnologia no contexto específico do continente africano, e do Ruanda em particular. “Para algoritmos de machine learning é fundamental poder treinar os modelos com dados que representem os diferentes fenótipos humanos. Isso permite, por um lado, lado evitar bias, e, por outro lado, aumentar o poder de representação do modelo”, refere o investigador.
A informação recolhida, além de analisada, será discutida conjuntamente com parceiros clínicos, para estudar a possibilidade de extrair dos dados de auscultação multimodal biomarcadores fortemente ligados a doenças cardiovasculares relacionadas com febre reumática.
Este trabalho enquadra-se numa linha de investigação do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do INESC TEC chamada Multiscope, liderada por Francesco Renna, e dá seguimento ao Projeto Multiscope, financiado ao abrigo de um programa de financiamento do INESC TEC que visa apoiar projetos internos, denominado Internal Seed Projects. O Multiscope visa o desenvolvimento de tecnologia para rastreio de doenças cardiovasculares, como estetoscópios multimodais. “A inovação tecnológica do Multiscope consiste no desenho e no desenvolvimento de algoritmos de Inteligência Artificial que automatizem o rastreio das doenças cardiovasculares a partir dos dados recolhidos pelo estetoscópio multimodal”, conclui Francesco Renna.
O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FCUP