Trabalhar na área da robótica é, muitas vezes, sonhar com várias coisas ao mesmo tempo: criar robots que ajudam pessoas, participar em competições internacionais, obter reconhecimento dos pares. O leque é vasto, e, em muitos casos, inclui participar na Imperial Robotics Summer school, a escola de verão organizada pela Imperial College London.
Para os investigadores do INESC TEC Pedro Afonso Dias e Miguel Nakajima Marques a realidade mostrou-se bem mais surpreendente que o sonho e a dupla embarcou numa experiência de cinco dias pela prestigiada escola de verão. Conhecida por abrir portas e acelerar competências, a edição deste ano juntou 35 pessoas e oscilou entre momentos de aprendizagem prática e avançada, contacto com especialistas, e uma exposição constante a tecnologias de ponta.

“Tive a oportunidade de ver de perto diversas tecnologias ainda em desenvolvimento, mas também tecnologias que estão perfeitamente alinhadas com o meu plano de doutoramento, o que me fez perceber que estamos todos num caminho comum para um desenvolvimento consistente das tecnologias”, recorda Pedro Afonso Dias.
“Foi incrível poder conhecer e assistir a palestras de diversos nomes relevantes que se “materializaram” naquela Summer School, que para mim antes eram apenas nomes em artigos científicos”, confessa.
Experiência semelhante teve Miguel Nakajima Marques, para quem o contacto direto com os principais investigadores da área da robótica se destacou. “Poder ouvi-los e perceber qual é a abordagem deles para perguntas científicas que os tornaram tão relevantes nesse campo foi extraordinário”.
Rotinas entre a teoria e a prática
Foram cinco dias repletos de uma combinação intensa de teoria e prática. As manhãs eram dedicadas a assistir a aulas e palestras de professores e especialistas da Imperial College London, abordando os fundamentos da robótica e áreas complementares, como visão por computador, Reinforcement Learning (RL) e Learn from
Demonstration (LfD).
A tarde permitia que os participantes, divididos em grupos, trabalhassem em laboratórios, preparando os projetos que seriam, posteriormente, apresentados no último dia da escola de verão, combinando teoria e prática de forma intensiva e colaborativa.

Nesta fase, Pedro e Miguel ficaram em grupos distintos. “Eu fiquei no grupo responsável por programar um robô para estudo de indicadores linguísticos para deteção precoce de demência. O robô tinha uma forma amigável, e tinha o objetivo de manter uma conversa fluida com um utilizador. A tarefa do utilizador era descrever uma imagem, comumente utilizada neste tipo de exercícios (Cookie Theft exercise), enquanto o robô tinha a tarefa de ajudá-la a descrever, fornecer detalhes, motivar e manter o foco na tarefa. Para atingir isto, utilizamos Visual Language Models (VLM) assim como controlo de baixo nível para os movimentos do robô, e sistemas de sincronização para manter as interações fluídas e reais”, explica o investigador Pedro Afonso Dias.
De regresso a Portugal, o balanço é positivo e a experiência altamente valiosa. “A principal vantagem é a quantidade de informação e de visões diferentes com as quais contactamos num um curto espaço de tempo”, destaca Miguel, lembrando que os projetos práticos permitiram conhecer não só a estrutura de uma das melhores universidades do mundo, mas também as pessoas que a tornam possível.
Os investigadores mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC.

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