Nas salas de aula de hoje estão os cientistas do futuro. O INESC TEC foi conhecê-los e inspirá-los

Foram mais de quatro iniciativas em três cidades que contaram com a participação de investigadoras e investigadores do INESC TEC num propósito comum: dar a conhecer aos mais jovens o admirável mundo da ciência e da tecnologia e inspirá-los a seguir estas áreas de aprendizagem. Somando todas as ações, foram mais de 2 mil os jovens que tiveram a oportunidade de interagir com ciência e tecnologia através do maior instituto de investigação em engenharia do país.  

“Estamos a plantar sementes e a ideia de que a ciência está ao alcance de todos”. É desta forma que Diana Guimarães, investigadora do INESC TEC, descreve o envolvimento da instituição em múltiplas e recentes ações de comunicação de ciência que tiveram como alvo os mais jovens. Apaixonada confessa por este tipo de iniciativas, as quais considera “absolutamente fundamentais para desenvolver não só hard skills, mas também soft skills”, a investigadora vê nelas uma ponte crucial entre os centros de investigação e a sociedade.  

Uma das iniciativas – o Encontro com Cientistas, promovido pelo projeto Escola Ciência Viva Gaia – permitiu-lhe constatar o fascínio dos mais pequenos, por exemplo, quando fez incidir uma luz UV sobre uma rocha e alguns minerais começaram a fluorescer. Os “uaus” e as palmas surgiram de imediato. “Conseguimos ver nas expressões deles as ‘engrenagens a rodar’ à medida que lhes transmitimos novo conhecimento”, destaca a investigadora. 

No entanto, estes contextos, defende Diana, permitem a valorização de competências que vão muito “para além do ensinar ciência”. “Estamos a criar ambientes onde a criança é valorizada, onde errar não é problema, e onde fazer perguntas é sinal de inteligência. Nestes momentos, as crianças praticam competências essenciais para o mundo que as espera: escuta ativa, resiliência, empatia e pensamento crítico”. 

A iniciativa, que decorreu no Parque Biológico de Gaia, é fruto de uma parceria entre a Agência Nacional Ciência Viva e a Câmara Municipal de Gaia. Organizada sob o modelo educativo STREAM (Ciência, Tecnologia, Robótica, Engenharia, Artes e Matemática), foi dirigida a alunos do 1.º ciclo do ensino básico. 

Trabalhar e adaptar a sua investigação para a comunicar a públicos mais jovens não é uma dificuldade, garante. Neste exercício, aponta a investigadora do domínio da Fotónica Aplicada, a chave é “explicar sem complicar demasiado e de forma apelativa”. “É importante dar muitos exemplos práticos, criar uma relação de empatia e oferecer-lhes algo com que se possam identificar”, aponta.  

Feira Hands-on Science 

Na 14.ª edição da Feira de Ciências “Hands-on Science”, Diana Guimarães teve oportunidade de ver e avaliar – juntamente com Susana Silva, João Mendes, Luís Coelho e Orlando Frazão, também investigadores do INESC TEC – diferentes experiências desenvolvidas por alunos do 2.º Ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Secundário. Segundo a investigadora, “houve uma variedade de competências em destaque, desde o método científico (observação, formulação de hipóteses, experimentação) até à capacidade de comunicar ciência de forma clara e criativa”.  

Nos projetos apresentados no Colégio do Minho, em Viana do Castelo, foram ainda aplicados princípios básicos de física, química, engenharia ou até fisiologia. Como tal, a investigadora vê nesta iniciativa – promovida pela iniciativa Hands-on Science Network (HSCI) e pela Sociedade Portuguesa de Ótica e Fotónica – a oportunidade ideal para que os jovens concretizem muitas das ideias e interesse que têm. “Com estas ações, os estudantes passam a ter um objetivo final, uma meta, um reconhecimento, daí serem essenciais”.  

F1 in Schools  

Para além da participação dos jovens na ciência e na tecnologia, algumas das atividades em que também Diana Guimarães está envolvida visam igualmente aumentar o interesse de alunas por estas áreas, tradicionalmente dominadas por rapazes. Uma colaboração do INESC TEC com o Colégio Horizonte – que já motivou palestras, estágios, demonstrações práticas no espaço escolar e visitas às instalações – permitiu também a participação de duas equipas de alunas na F1 in Schools, uma competição internacional que promove o envolvimento dos jovens nas áreas STEM – Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.  

O INESC TEC apoiou a participação com a impressão 3D de várias peças essenciais para os protótipos, nomeadamente rodas, asas, capacetes, entre outros, recorrendo a equipamento da área de Fotónica Aplicada e contando com o contributo do investigador Luís Coelho. Desta forma, foi possível “concretizar ideias com qualidade e precisão técnica”.  

A participação de alunas – que lhes permitiu um primeiro contacto com noções de aerodinâmica, impressão 3D, desenho 3D, atrito, resistência de materiais e desenho técnico – nesta iniciativa, defende Diana, é um “passo importante para quebrar barreiras e estigmas”. “Ver uma equipa 100% feminina a competir e a inovar em áreas tradicionalmente dominadas por homens, mostra a toda a comunidade, e especialmente às mais novas, que o género não determina a competência nem paixão”.  

A competição F1 in Schools desafia estudantes, em equipas de três a seis elementos, a projetar, construir e testar modelos miniatura de carros de Fórmula 1. A fase regional da competição decorreu na base aérea de Maceda, com as duas equipas patrocinadas pelo INESC TEC a classificarem-se em 2.º e 3.º lugar, entre 15 equipas participantes. Com este resultado, as alunas garantiram a passagem à fase nacional da competição, onde conquistaram as 11.ª e 16.ª posições – dando por terminada a sua participação. 

Women in Tech 

Recentemente, Diana Guimarães teve ainda oportunidade de participar no painel “Capacitar a Humanidade: Tecnologia Inclusiva para um Futuro Sustentável” da iniciativa Women in Tech, para uma talk interativa intitulada “Pessoas e skills preparando para o mundo digital”. Ao longo da conversa, foi abordada a importância crescente das soft skills, num contexto de formação e preparação para profissões que, atualmente, podem não existir e com ferramentas em constante evolução. Este contexto de desenvolvimento coloca em destaque a importância de “formar mentes críticas, adaptáveis e emocionalmente resilientes”.  

Num painel composto exclusivamente por mulheres, foram ainda discutidos os “grandes desafios” associados ao combate de “estereótipos de género que estão muito presentes desde a infância. Muitas vezes, as meninas não se veem representadas nestas áreas e não recebem estímulos iguais ao dos rapazes. É essencial normalizar desde cedo que tanto meninas como meninos podem ser engenheiros, programadores ou cientistas.” 

Para a investigadora, “tem havido avanços importantes, como uma maior visibilidade de mulheres em cargos de liderança e uma atenção crescente à necessidade de criar ambientes de trabalho mais inclusivos”. No entanto, reconhece que há ainda “muito por fazer”. 

Mas não foi só de painéis que a Women in Tech Portugal foi feita – e é aqui que entra a famosa cientista-astronauta, Ana Pires, que tantos jovens tem inspirado. Foram mais de 1 300 as crianças que se juntaram nos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, para um conjunto de atividades nas quais as crianças se aventuraram no mundo da eletrónica, sob a orientação de investigadores. A interação possibilitou a criação de referências, mas também da exploração de novas áreas de interesse e curiosidade.  

Para Ana Pires, “são nestes momentos de partilha que começa a paixão pela engenharia”. “Mostrar que fazer Ciência pode ser tão divertido e que nos pode levar a locais fantásticos é algo que fascina as crianças”, aponta a também investigadora do INESC TEC.  

Segundo Ana Alves, Co-Leader Women in Tech Portugal, a parceria do INESC TEC com a Women in Tech, que conta já dois anos, tem sido “essencial na construção de um futuro mais igualitário”. “Juntos, através do Women In Tech Kids, semeamos conhecimento e inspiramos centenas de crianças, mostrando desde cedo que a tecnologia também é lugar para elas. É assim que transformamos propósito em impacto real — com ação, partilha e compromisso com a equidade de género nas STEM.”

Foto: Women In Tech Portugal

Iniciativa Missão Zero 

Também Ana Pires andou com agenda preenchida nas últimas semanas. Para além da presença na Women in Tech Portugal, participou numa ação promovida pela Agência Espacial Europeia (ESA) e pela Fundação Raspberry Pi, em colaboração com a TAGUSVALLEY. Os alunos do 7º ano dos Agrupamentos de Escolas de Abrantes participaram na Iniciativa Missão Zero e Ana Pires não faltou à chamada. A iniciativa, que pretendia promover o espírito científico e tecnológico entre os jovens, permitiu o contacto com tecnologias avançadas e com investigadores de diferentes áreas e experiências. 

Os investigadores mencionados na notícia têm ligação ao INESC TEC, à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e ao IPP-ISEP. 

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