Projeto com participação do INESC TEC arrecada Prémio Santa Casa Neurociências

Desenvolvido com o objetivo de melhorar a eficácia das terapias de estimulação cerebral profunda (ECP) em pessoas com doença de Parkinson, com recurso a biomarcadores eletrofisiológicos personalizados e estimulação baseada em avaliações quantitativas objetivas, o projeto conta com uma equipa do INESC TEC e conquistou o Prémio Mantero Belard, na 10ª edição dos Prémios Santa Casa Neurociências.

Juntando uma equipa de especialistas clínicos em ECP, neurocientistas e engenheiros biomédicos, o projeto arranca em janeiro de 2023 e irá analisar em detalhe os dados neurofisiológicos de pacientes com doença de Parkinson implantados com uma nova geração de neuroestimuladores que não só estimulam as zonas “profundas” do cérebro, mas também leem sinais neuronais, abrindo caminho para terapias de neuroestimulação mais eficazes.

O objetivo é estudar cada paciente individualmente para identificar atividade neuronal que possa refletir estados e sintomas específicos da doença. Neste projeto, esses “biomarcadores eletrofisiológicos” serão explorados para melhorar dois aspetos complementares da terapia ECP. Por um lado, essas medidas quantitativas serão utilizadas para propor protocolos mais objetivos e optimizados para a parametrização das configurações do neuroestimulador. Isso aumentará significativamente a probabilidade de o paciente receber as melhores configurações para as condições atuais da doença, tendo impacto direto na sua qualidade de vida. Em segundo lugar, também será avaliado o valor clínico dos biomarcadores de atividade neuronal identificados para monitorar a progressão da doença e a resposta ao tratamento.

Ao INESC TEC cabe o acompanhamento de todas as fases do processo, devido à elevada componente de engenharia transversal ao projeto. “Vamos aplicar os nossos conhecimento em diversas áreas da neuroengenharia, como por exemplo, o processamento avançado de biosinais e a aprendizagem computacional, o know-how acumulado em sistemas “wearable” de caracterização precisa do movimento humano ou as abordagens multi-canal de dados biomédicos sincronizados eletronicamente em tempo-real, ao serviço da equipa pluridisciplinar para atingirmos, em conjunto, a translação dos biomarcadores descobertos neste projeto para a melhoria da vida dos doentes”, explica João Paulo Cunha, o investigador responsável pela equipa INESC TEC e coordenador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) do INESC TEC.

O projeto galardoado é liderado pelo i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e, para além do INESC TEC, reúne, ainda, o Centro Hospitalar e Universitário de São João – Serviços de Neurocirurgia e Neurologia.

O Prémio Mantero Belard tem como objetivo a promoção e dinamização da investigação científica ou clínica, dentro do leque multidisciplinar das biociências no âmbito das doenças neurodegenerativas associadas ao envelhecimento, como a Doença de Parkinson e a Doença de Alzheimer, possibilitando novas estratégias no tratamento e restabelecimento das funções Neurológicas.

Recorde-se que o INESC TEC tem desenvolvido um conjunto de tecnologias inovadoras com impactos reais nesta área da saúde, nomeadamente o sistema iHandU, que pretende facilitar a monitorização dos sintomas de Parkinson, tanto a partir de casa como em ambiente clínico, e, consequentemente, permitir uma melhor gestão destes sintomas para um melhor o dia a dia dos doentes.

 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.

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