Chama-se IFishCan e quer apoiar as pequenas e médias empresas (PME) do setor agroalimentar na redução do desperdício durante o processo de transformação dos alimentos e na otimização do consumo de água e de energia. De que forma? Com recurso a tecnologias digitais avançadas como a Internet das Coisas ou a Inteligência Artificial. O trabalho desenvolvido no âmbito deste projeto, que junta o INESC TEC, a Foodintech, a AI Talentum e o AZTI – Technology Center for Marine and Food Innovation, valeu à Foodintech o prémio de melhor Startup na 8ª edição dos Portugal Digital Awards.
A fábrica de conservas Pinhais & Cia, localizada em Matosinhos, foi um dos cenários de teste das soluções desenvolvidas no projeto IFishCan, que tinha como objetivo levar as tecnologias da Indústria 4.0 às PME do setor agroalimentar, contribuindo para maiores níveis de eficiência e sustentabilidade. A ideia passava pelo desenvolvimento de uma solução capaz de reduzir em 10% o desperdício de alimento; 5 a 10% o consumo de energia; e 5 a 20% o consumo de água.
Para tal, o consórcio aliou sensorização, Internet das Coisas, Inteligência Artificial e um sistema MES – Manufacturing Execution System. Graças a esta combinação, foi possível chegar a uma solução que permite, por um lado, a recolha, em tempo real, de indicadores relacionados com a utilização da matéria-prima, o consumo de água e de energia; e, por outro, o tratamento dessa informação para fins preditivos, facilitando a tomada de decisão.
Por outras palavras, a solução iFishCan consiste numa rede de sensores de baixo custo conectada através de um sistema de Internet das Coisas, que recolhe dados em tempo real. Integra ainda um mecanismo de Inteligência Artificial ligado a um sistema MES, que permite prever diferentes indicadores de processo. Desta forma, são aplicadas técnicas de machine learning, usando dados referentes ao processamento de alimentos e a parâmetros de qualidade, bem como a indicadores de impacto ambiental, para gerar informações prescritivas e preditivas sobre os pontos mais críticos da cadeia.
“Procuramos desenvolver uma solução que fosse facilmente adaptável, escalável e com um alto grau de personalização para diferentes tipos de indústria e produtos. Implementamos este ecossistema tecnológico nas Conservas Pinhais, mas queremos levar a solução a outras PME para que possam testar ferramentas digitais avançadas, de modo a reduzir o desperdício alimentar e o impacto ambiental das suas operações de produção”, explica Rafael Arrais. Segundo o investigador do INESC TEC, o ecossistema pode, desta forma, ser adaptado e dimensionado para diferentes tipos de transformação de pescado, por exemplo, e para outras indústrias.
A Foodintech, membro do consórcio promotor do projeto IFishcan, venceu o prémio “Best Startup” nos Portugal Digital Awards – uma distinção que visa destacar a melhor startup B2B (Business to Business) a potenciar a transformação de grandes organizações – no final de novembro. A startup foi escolhida, de entre 300 candidatos, pelo trabalho desenvolvido no âmbito do projeto IFishcan.
“O Projeto IFishCan foi um projeto que permitiu expor uma indústria tradicional, como é o caso da Conservas Pinhais, a um ecossistema tecnológico que geralmente só está disponível para grandes empresas. A implementação integrada de tecnologias IIoT; MES e AI neste projeto permitiu-nos explorar o papel de ecossistemas tecnológicos complexos ao serviço das PME”, refere Miguel Fernandes, Diretor Executivo da Foodintech.
O Projeto IFishCan foi cofinanciado pela União Europeia, ao abrigo dos programas EIT Digital, EIT Foods e EIT Manufacturing.