Projeto vai desenvolver solução para diagnóstico precoce e personalizado do cancro da bexiga

Criar um dispositivo de diagnóstico clínico transportável, não invasivo e económico para isolar e concentrar células cancerígenas presentes na urina é um dos grandes objetivos do projeto CELLo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Liderado pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e com o envolvimento do INESC TEC, o projeto conta também com parceiros externos, nomeadamente uma empresa de biotecnologia, dois Hospitais, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto e a Universidade de Beihang. O CELLo pretende apresentar uma solução para facilitar o diagnóstico precoce e personalizado do cancro da bexiga.

O cancro da bexiga tem o risco de recorrência mais elevado comparativamente aos outros tipos de cancro (até 70%), sendo que, atualmente, tanto o diagnóstico como o acompanhamento dos doentes são feitos com recurso a cistoscopias invasivas regulares, acompanhadas por citologias, que requerem visitas hospitalares. Porém, mais de 60% das citologias resultam em diagnósticos indeterminados, obrigando à realização de análises complementares baseadas em biomarcadores presentes na urina. Estes fatores tornam o acompanhamento clínico de doentes com cancro da bexiga o mais caro de todos os cancros.

Neste contexto, o projeto CELLo – The sound of cells: An acoustic platform aiming towards biophysical cell fingerprints for label-free precision medicine – pretende desenvolver uma solução capaz de facilitar o diagnóstico precoce da doença e, ao mesmo tempo, fazê-lo de forma personalizada. “Esta é a era do tratamento personalizado de cancro. Ainda assim, a terapia personalizada não é possível sem um diagnóstico igualmente personalizado”, refere Raphaël Canadas, investigador da FMUP.

Desta forma, a equipa de investigação multidisciplinar envolvida no CELLo vai concentrar o seu plano de trabalhos na definição de um novo conjunto de biomarcadores – indicadores mensuráveis que permitem detetar e aferir o grau de uma determinada doença – para células cancerígenas isoladas a partir da urina de pessoas com cancro da bexiga – uma fonte não invasiva de informação de interesse para um diagnóstico precoce e personalizado.

“Para além disso, o projeto propõe o desenvolvimento de um dispositivo de diagnóstico clínico transportável, não invasivo e económico para isolar e concentrar células cancerígenas presentes na urina”, acrescenta o investigador. Neste sentido, “ter um procedimento não invasivo, com sensibilidade e especificidade comparáveis, ou superiores, ajudaria no acompanhamento dos pacientes”, concluem Raphaël Canadas e Hélder Oliveira, investigador do INESC TEC.

O Projeto CELLo, que arrancou em março de 2023, é financiado pela FCT, tendo um orçamento global de 250 mil euros.

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